A VIDA DO
NOVO CONVERTIDO
2 Coríntios 5.17; Tito 2.11-13; 3.3-8.
2 Coríntios 5
17 - Assim que, se alguém está em
Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram: eis que tudo se fez
novo.
Tito 2
11 - Porque a graça de Deus se há
manifestado, trazendo salvação a todos os homens,
12 - ensinando-nos que,
renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente
século sóbria, justa e piamente,
13 - aguardando a bem-aventurada
esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus
Cristo,
Tito 3
3 - Porque também nós éramos, noutro tempo,
insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias concupiscências e
deleites, vivendo em malícia e inveja, odiosos, odiando-nos uns aos outros.
4 - Mas, quando apareceu a benignidade e o
amor de Deus, nosso Salvador, para com os homens,
5 - não pelas obras de justiça que houvéssemos
feito, mas, segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração
e da renovação do Espírito Santo,
6 - que abundantemente ele derramou sobre nós
por Jesus Cristo, nosso Salvador,
7 - para que, sendo justificados pela sua
graça, sejamos feitos herdeiros, segundo a esperança da vida eterna.
8 - Fiel é a palavra, e isto quero que deveras
afirmes, para que os que crêem em Deus procurem aplicar-se às boas obras; estas
coisas são boas e proveitosas aos homens.
Palavra Chave
Novo Nascimento: Transformação interior
operada pelo Espírito Santo na vida daquele que crê em Jesus Cristo e o aceita
como Salvador.
Jesus foi categórico: “Aquele que não
nascer de novo não pode ver o Reino de Deus” (Jo 3.3). As Escrituras também
afirmam: “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas
antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2 Co 5.17).
Por conseguinte, a mudança de caráter
do homem, outrora sem Deus, em um novo homem à semelhança de Cristo, é a
comprovação objetiva da nova vida em Cristo Jesus (Ef 4.25-32).
Você já experimentou o novo
nascimento? Saiba que a regeneração é uma nova dimensão de vida produzida pelo
Espírito Santo.
I. O NOVO CONVERTIDO É UMA NOVA CRIATURA
1. Uma nova criação. “Assim
que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram;
eis que tudo se fez novo” (2 Co 5.17). Note que o texto bíblico não diz “será”,
mas, sim, “é”. Isto significa que o novo convertido sofreu uma mudança radical
de vida. Agora, ele tem outro coração (Ez 36.26); outra mente — a de Cristo —
(1 Co 2.16); outro pensamento (Fp 4.8); outro alvo — Cristo Jesus — (Fp 1.21).
Quando pela fé, aceitamos o
sacrifício de Cristo, damos o primeiro passo na vida cristã e imediatamente
inicia-se um processo de transformação, em nosso interior, para experimentarmos
“a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2).
2. Transformação radical. Ser
uma nova criatura em Deus não implica numa mera reforma exterior. Apesar de o
cristão ser distinto do mundo em sua maneira de ser e de agir, sua nova vida
não está assentada apenas em regras comportamentais, sociais e religiosas. Mas
na pedra de esquina que é Cristo Jesus, nosso Senhor e Rei (Ef 2.20).
Na verdade, aquele que “nasce de
novo” sofre uma transformação radical de vida, começando pelo seu interior,
abrangendo todo seu coração, desejo e vontade (At 2.37; Rm 5.5; 2 Co 7.2). Tal
transformação é refletida nas esferas espiritual e social da vida do novo
convertido (Mt 5.13.14).
3. Uma nova dimensão de vida. Escreveu
Paulo a Tito: “Ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências
mundanas, vivamos neste presente século sóbria, justa e piamente” (Tt 2.12).
Este versículo evidencia a nossa luta diária em um mundo marcado pela
impiedade. Mas Deus nos convida a cultivar uma vida de sobriedade (bom senso),
justiça (retidão) e piedade (espiritualidade) “neste presente século”. Se assim
agirmos, causaremos um impacto singular na sociedade na qual estamos inseridos,
levando-a a transformar-se pelo poder do Evangelho de Cristo.
II. O PASSADO SE FOI E EIS QUE TUDO É NOVO
1. O passado ficou para trás. Quando
alguém confessa seus pecados e os abandona é sinal de que foi regenerado,
alcançando plenamente, no Senhor, a cura de sua alma (1 Pe 1.3; Is 43.25; Pv
28.13; 2 Cr 7.14). O que era impróprio, indigno e pecaminoso é sepultado e para
sempre esquecido. Eis o que nos garante o próprio Senhor: “Pois perdoarei as
suas iniquidades e dos seus pecados jamais me lembrarei” (Jr 31.34). De fato,
“as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”. Esqueça, pois, o que
ficou para trás (Fp 3.13,14). Viva, doravante, em novidade de vida com a bênção
de Deus e na consolação do Espírito Santo (Hb 8.12; Mq 7.19).
2. “Eis que tudo se fez novo”. Esta
é uma expressão abrangente e profunda. Tudo o que Deus faz é perfeito e bom.
Por isso, a nossa vida é sempre renovada (2 Co 4.16; Ap 21.5). Podemos
desfrutar diariamente da presença de Deus, pois as suas misericórdias são novas
a cada manhã (Lm 3.23) e a sua graça nos basta (2 Co 12.9). O Senhor não nos
deixa nem nos desampara (Hb 13.5,6). Ele nos toma pela “mão direita” e diz:
“Não temas que eu te ajudo” (Is 41.10,13).
3. É tempo de avançar. Confessa
Paulo aos filipenses: “Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas
uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para
as que diante de mim estão” (Fp 3.13). O passado ficou para trás; tudo agora se
fez novo. Louvado seja Deus!
Avancemos, “olhando para Jesus, o
autor e consumador da fé” (Hb 12.2). Enquanto o apóstolo Pedro olhava para o
Senhor, caminhava por sobre águas. Porém, ao desviar os seus olhos de Cristo,
começou a ser envolvido pelas ondas daquelas águas (Mt 14.22-33). Portanto,
avancemos para grandes vitórias em Deus, olhando somente para Cristo, a nossa
eterna e sublime esperança (Cl 1.27; 1 Tm 1.1).
III. QUANDO ESTAMOS EM CRISTO
1. Temos um novo olhar. A
fé em Jesus Cristo muda o nosso interior, abrindo-nos novos horizontes e
perspectivas. Já não atentamos mais aos nossos interesses, mas para os de Deus,
porque pertencemos única e exclusivamente ao Pai: “Estou crucificado com
Cristo” (Cl 2.20). E doravante a nossa a luta não é mais contra a “carne e
sangue”, mas contra os “principados” e “potestades” nos “lugares celestiais”
(Ef 6.12). Este deve ser o nosso alvo: um amoroso serviço em prol do Reino de
Deus (Mc 12.31; Rm 14.1; 1 Co 12.4-7).
2. Temos uma nova atitude. Quando
Cristo torna-se o centro de nossas vidas, nossas atitudes passam a ser pautadas
segundo a Palavra de Deus. Em vez de contenda, confusão ou gritaria (Ef 4.31),
buscamos a paz de Deus, a direção do Senhor e o refrigério do Espírito Santo para
conduzir-nos por um novo e vivo caminho (Rm 6.4; Hb 12.14).
3. Temos uma nova vida abençoada. A
verdadeira felicidade consiste em viver de acordo com os princípios eternos do
Reino de Deus. Não há felicidade sem Cristo! Porque em Jesus, o Pai concede-nos
bênçãos especiais: a vida (1 Jo 5.12), a luz (Jo 8.12), a liberdade (2 Co
3.17), o amor (Rm 5.5), a alegria (Jo 16.22), o perdão (1 Jo 1.7), a paz (Rm
5.1), o propósito de vida (Fp 1.21), a provisão (Fp 4.19), o futuro com Cristo
(Jo 14.2,3). Testemunhemos, pois, de Jesus Cristo até aos confins da terra (At
1.8).
A verdadeira alegria é o resultado do
novo nascimento. Muitos buscam ser felizes pela aquisição de bens materiais,
mas a real felicidade é o resultado de uma mudança radical em nosso ser. Esta
mudança é perfeitamente possível. Basta crer e permitir que o Senhor Jesus o
faça. Deixe o seu passado para trás e avance para o alvo que é Cristo, o autor
e consumador de nossa fé.
“Quando correspondemos ao chamado
divino e ao convite do Espírito e da Palavra, Deus realiza atos soberanos que
nos introduzem na família de seu Reino: regenera os que estão mortos nos seus
delitos e pecados; justifica os que estão condenados diante de um Deus santo e
adota os filhos do inimigo. Embora estes atos ocorram simultaneamente naquele
que crê, é possível examiná-los separadamente.
A regeneração é a ação decisiva e
instantânea do Espírito Santo, mediante a qual Ele cria de novo a natureza
interior. O substantivo grego (palingenesia) traduzido por ‘regeneração’ aparece apenas duas
vezes no Novo Testamento. Mateus 19.28 emprega-o com referência aos tempos do
fim. Somente em Tito 3.5 se refere à renovação espiritual do indivíduo. Embora
o Antigo Testamento tenha em vista a nação de Israel, a Bíblia emprega várias
figuras de linguagem para descrever o que acontece.
O Novo Testamento apresenta a figura
do ser criado de novo (2 Co 5.1 7) e da renovação (Tt 3.5), porém a mais comum
é a de ‘nascer’ (gr. gennaō, ‘gerar’ ou ‘dar à luz’). Nascer de
novo diz respeito a uma transformação radical. Mas ainda se faz mister um
processo de amadurecimento. A regeneração é o início do nosso crescimento no
conhecimento de Deus, na nossa experiência de Cristo e do Espírito e no nosso
caráter moral” (HORTON, S. M. Teologia Sistemática: Uma perspectiva Pentecostal. 1.ed.,
RJ: CPAD, 1996, pp.371-2).
“O
novo nascimento no Evangelho de João
Encontramos a única menção explícita
ao novo nascimento na conversa de Jesus com Nicodemos (3.1-21). Jesus fala a
Nicodemos: ‘Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo
não pode ver o Reino de Deus’ (v.3). A réplica de Nicodemos: ‘Como pode um
homem nascer, sendo velho? Porventura, pode tornar a entrar no ventre de sua
mãe e nascer?’ (v.4), indica que ele entendeu o comentário de Jesus na esfera
humana, física. A interpretação errônea de Nicodemos fornece a Jesus a
oportunidade de esclarecer o que queria dizer. Ele fala da necessidade de um
novo nascimento espiritual, não de um segundo nascimento físico (vv.6-8). A
interpretação errônea e o esclarecimento resultante dela são refletidos em um
jogo de palavras no versículo 3 (repetidas no v.7). A palavra grega aōthen, traduzida por ‘novo’, na NVI, pode
querer dizer ‘de novo’ ou ‘de cima’. Contudo, o fato de Nicodemos entendê-la
com o sentido de ‘de novo’ leva-o a concluir que Jesus fala de um segundo
nascimento físico, mas a resposta de Jesus, registrada nos versículos 6-8,
mostra que Ele se refere à necessidade de um nascimento espiritual, um
nascimento ‘de cima’. Esse novo nascimento não é resultado de nenhum ato humano
(cf. v.6), é obra do Espírito Santo (v.8). É necessária a atividade
sobrenatural do Espírito de Deus para realizar esse novo nascimento espiritual
no indivíduo. Ele não consiste apenas em percepção ou compreensão mais
excelente, mas na completa transformação do indivíduo (cf. 2 Co 5.17)” [ZUCK,
R. B. (Ed.) Teologia do Novo Testamento. 1.ed.,
RJ: CPAD, 2008, pp.245-6].
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