sábado, 17 de janeiro de 2015

DISCIPULADO 'A IMPORTANCIA DA ESCATOLOGIA'

      
            A IMPORTANCIA DA ESCATOLOGIA

M1 João 2.18-25,28.

18 - Filhinhos, é já a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também agora muitos se têm feito anticristos; por onde conhecemos que é já a última hora.
19 - Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós.
20 - E vós tendes a unção do Santo e sabeis tudo.
21 - Não vos escrevi porque não soubésseis a verdade, mas porque a sabeis, e porque nenhuma mentira vem da verdade.
22 - Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? E o anticristo esse mesmo que nega o Pai e o Filho.
23 - Qualquer que nega o Filho também não tem o Pai; e aquele que confessa o Filho tem também o Pai.
24 - Portanto, o que desde o princípio ouvistes permaneça em vós. Se em vós permanecer o que desde o princípio ouvistes, também permanecereis no Filho e no Pai.
25 - E esta é a promessa que ele nos fez: a vida eterna.
28 - E agora, filhinhos, permanecei nele, para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança e não sejamos confundidos por ele na sua vinda.


Escatologia é um termo constituído de duas palavras gregas: escathos e logos, que se traduzem por “últimas coisas” e “tratado” ou “estudo”. É o estudo acerca de coisas e eventos futuros profetizados na Bíblia. Nas primeiras palavras do texto de Ap 1.1 podemos entender o sentido da escatologia para a Igreja: “Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu, para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer”. Em resumo, significa para os cristãos “o estudo ou a doutrina das últimas coisas”.

I. O CAMPO DA ESCATOLOGIA BÍBLICA

1. A escatologia tem sua base na revelação divina. A Bíblia é a revelação da vontade de Deus à humanidade. Inicialmente, Deus escolheu a semente de Abraão, ou seja, o povo de Israel, para revelar a sua vontade. Mais tarde, Deus ampliou o campo da sua revelação e formou um novo povo, a Igreja, constituída de judeus e gentios (Ef 2.11-19). A partir de então, a Igreja é o alvo da revelação divina. Toda a revelação aponta para o futuro e a Igreja caminha neste mundo com uma esperança, pois é identificada como “peregrina e forasteira”, 1 Pe 2.11. Ela existe por causa da esperança (Rm 5.2; 8.24; Ef 4.4; 1 Ts 4.13). A esperança indica uma meta; traça planos para um futuro. O mundo pagão se fecha dentro de um fatalismo histórico, sem expectativas, sem futuro, mas a Bíblia revela o futuro.
2. A escatologia pertence ao campo da profecia. A preocupação principal do estudo da escatologia é interpretar os textos proféticos das Escrituras. As verdades proféticas se tornam claras e definidas quando se tem o cuidado de interpretá-las seguindo os princípios de interpretação, observando o seu contexto histórico e doutrinário. O apóstolo Pedro teve o cuidado de explicar essa questão quando escreveu: “E temos mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia esclareça, e a estrela da alva apareça em vosso coração”, 2 Pe 1.19. Na verdade, o apóstolo procura contrastar as idéias humanas com a palavra da profecia escrita na Bíblia. Ele fortalece a origem divina das Escrituras e da sua profecia. Não podemos duvidar nem admitir falha na Palavra de Deus. Ela é inspirada pelo Espírito Santo (2 Tm 3.16). A inerrância das Escrituras tem sua base na infalibilidade da Palavra de Deus. Outrossim, o mesmo autor declara que “nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação; porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo”, 2 Pe 1.20,21.

II. MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO DA ESCATOLOGIA

Na história da Igreja têm sido adotados vários métodos de interpretação no que concerne às escrituras proféticas. Eles têm produzido explicações e posições que obrigam os cristãos a serem cautelosos. Há idéias divergentes, por exemplo, com respeito ao arrebatamento da Igreja. Alguns o admitem antes e outros crêem que se dará no meio da Grande Tribulação. As teorias são várias, mas precisamos ser definidos sobre o assunto. Para isso, dois métodos de interpretação devem merecer a nossa atenção.
1. O método alegórico ou figurado. Alguns teólogos definem a alegoria “como qualquer declaração de fatos supostos que admite a interpretação literal, mas que requer, também, uma interpretação moral ou figurada”. Quando interpretamos uma profecia bíblica, sem atentarmos para o seu sentido real, figurado ou literal, negamos o seu valor histórico, dando uma interpretação de somenos importância. Corremos o risco de anular a revelação de Deus naquela profecia. Daí, as palavras e os eventos proféticos perderem o significado para alguns cristãos.
Quando o sentido de uma profecia é literal e se interpreta alegoricamente, se está, de fato, pervertendo o verdadeiro sentido da Escrituras, com o pretexto de se buscar um sentido mais profundo ou espiritual. Por exemplo, há os que interpretam o Milênio alegoricamente. Não acreditam num Milênio literal. Por esse modo, além de mutilarem o sentido real e literal da profecia, anulam a esperança da Igreja.
Tenhamos cuidado com interpretações feitas superficialmente ao bel-prazer das especulações do intérprete, com idéias próprias ou ao que lhe parece razoável. Declarações como: “eu penso que é isso”, “eu sinto que é isso”, são típicas de interpretações vaidosas, irresponsáveis e vazias de temor a Deus. Portanto, o método alegórico deve ser utilizado corretamente. Paulo utilizou-o em Gálatas 4.21-31. Ele tomou as figuras ilustradas no texto com fatos literais da antiga dispensação, mas apresentou-os como sombras de eventos futuros.
2. O método literal e textual. Esse é o método gramático-histórico. Isto é: se preocupa em dar um sentido literal às palavras da profecia, interpretando-as conforme o significado ordinário, de uso normal. A preocupação básica é interpretar o texto sagrado consoante a natureza da inspiração da profecia. Uma vez que cremos na inspiração plena das Escrituras através do Espírito Santo, devemos atentar para o fato de que há textos que têm apenas um sentido espiritual, sem que exija, obrigatoriamente, uma interpretação literal ou figurada.
Ambos os métodos são válidos, mas devem ser utilizados com cuidado e precisão. Há uma perfeita relação entre as verdades literais e a linguagem figurada. Temos o exemplo bíblico da apresentação de João Batista no texto de João 1.6, que diz: “Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João”. Notemos que o texto está falando literalmente de um homem, cujo nome, de fato, era João. Os termos empregados referem-se literalmente a alguém fisicamente. Mais tarde, João Batista, ao identificar Jesus, usou uma linguagem figurada, quando diz: “Eis aí o Cordeiro de Deus”, Jo 1.29. Na verdade, Jesus era um homem real e literal, mas João usou a forma figurada para denotar o sentido literal da pessoa de Jesus.

III. A PROFECIA NA PERSPECTIVA ESCATOLÓGICA

Não entenderemos a profecia bíblica se a confundirmos com “o dom da profecia”. A profecia bíblica tem um caráter inerrável, porque ela está nas Escrituras inspiradas pelo Espírito Santo. A profecia, como dom do Espírito, tem a sua importância no contexto da Igreja de Cristo na Terra, pois depende de quem a transmite e, por isso, sujeita a erro e julgamento (1 Co 14.29), e não pode ter validade se a mesma choca-se com o ensino geral das Escrituras.
1. A profecia cumprida e a futura. Para que a profecia bíblica tenha o crédito que merece, devemos estudá-la no que concerne ao que já foi cumprido e, também, referente ao futuro. Uma grande parte dos livros da Bíblia contém predições. Quando estudamos as profecias cumpridas podemos enxergar o seu caráter divino, e fazer distinção com as profecias não cumpridas. Jesus, em seu discurso aos discípulos no aposento alto, falou do ministério do Espírito Santo após sua ascensão aos céus, e disse: “Ele vos ensinará e vos anunciará as coisas que hão de vir”, Jo 16.13.
2. A profecia e o ministério da Palavra. Toda declaração bíblica sobre profecia é tão crível quanto àquelas declarações históricas. Certo autor de teologia declarou que “a história da raça humana é a história da comunicação de Deus com o homem”. Deus mesmo recorre à sua Palavra, não como uma simples evidência da verdade declarada, mas como a única forma pela qual nós podemos obter uma perfeita e completa visão do propósito divino em relação à salvação. Por isso, precisamos observar a história do passado, presente e futuro. Devemos ter confiança de que assim como teve cumprimento a Palavra de Deus no passado e o tem no presente, o mesmo acontecerá com as profecias relacionadas ao futuro.

CONCLUSÃO

As Escrituras Sagradas apresentam um só sistema de verdade. Não importa o que dizem as várias escolas de interpretação. Suas interpretações podem variar e até estar equivocadas. E, nem a Bíblia se presta a dar apoio a qualquer sistema de interpretação. O futuro é uma parte do plano de Deus, e só Ele conhece tudo o que encerra a profecia. As opiniões humanas têm valor enquanto estiverem em conformidade com as Escrituras. 

Além de ser um dos capítulos da dogmática cristã, ou seja, o estudo sistemático e lógico das doutrinas concernentes às últimas coisas, há quatro outros tipos de escatologia, segundo nos apresenta o Dicionário Teológico (CPAD):
Escatologia consistente. Termo nascido com Albert Schweitzer, segundo o qual as ações e a doutrina de Cristo tinham um caráter essencialmente escatológico. Não resta dúvida, pois, de que o Senhor Jesus haja se preocupado em ensinar aos discípulos as doutrinas das últimas coisas. Todavia, sua preocupação básica era a salvação do ser humano. Ele também jamais deixou de se referir à vida prática e sofrida do homem.
Seus ensinos, por conseguinte, não foram deformados por qualquer ênfase exagerada. Nele, cada conselho de Deus teve o seu devido lugar”.
Escatologia idealista. Corrente doutrinária que relaciona a escatologia bíblica à verdades infinitas. Os que defendem tal posicionamento, alegam que a doutrina das últimas coisas não terá qualquer efeito prático sobre a história da humanidade. Relegam-na, pois, à condição de mera utopia.
Mas, o que dirão eles, por exemplo, acerca das profecias já cumpridas? Será que estas não referendam as que estão por se cumprirem? Não nos esqueçamos, pois, ser a profecia a essência da Bíblia. Se descrermos daquela, não poderemos crer nesta”.
Escatologia individual. Estudo das últimas coisas que dizem respeito exclusivamente ao indivíduo, tratando de sua morte, estado intermediário, ressurreição e destino eterno. Neste contexto, nenhuma abordagem é feita, quer a Israel, quer a Igreja”.
Escatologia realizada. Ponto de vista defendido por C. H. Dodd, segundo o qual as previsões escatológicas das Sagradas Escrituras foram todas cumpridas nos tempos bíblicos. Atualmente, portanto, já não nos resta nenhuma expectativa profética, de acordo com o que ensina Dodd.
Gostaríamos, porém, que ele nos respondesse as seguintes perguntas:
       A Segunda vinda de Cristo já foi realizada?
       A grande tribulação já é história?
       O julgamento final já foi consumado?”.


A escatologia tem profunda relação com a profecia. Não podemos evitar nem negligenciar a profecia. Se trouxermos o estudo da Bíblia apenas para a esfera presente, como trataremos das profecias que nos estimulam a vigiar acerca da vinda de Cristo? Há um outro fator importante nessa relação entre a escatologia e a profecia que é o seu cumprimento passado. São profecias que foram faladas ou registradas bem antes dos eventos profetizados, principalmente, aquelas relativas a Cristo. As profecias quanto à sua primeira vinda se tomaram históricas pelo seu cumprimento literal (Is 7.14; Mq 5.2; Is 11.2; Zc 9.9; Sl 41.9; Zc 11.12; Sl 50.6; Sl 34.20; Is 53.4-6). Portanto, a relação da escatologia com a profecia não é teórica, porque tem o testemunho das Escrituras.



Compreender a linguagem da mensagem profética no estudo da escatologia é de fundamental importância. Toda e qualquer declaração profética depende da linguagem. Expressões simples do conhecimento humano foram usadas e inspiradas pelo Espírito Santo aos profetas, para que, na apresentação da mensagem profética, não houvesse confusão na sua compreensão. A linguagem da profecia bíblica é singela e clara, mesmo quando ela vem em forma alegórica. Seu objetivo primordial é apresentar as verdades divinas. Todo aquele que ministra a Bíblia é chamado por Deus para declarar “todo o conselho de Deus” (At 20.27). Não há como escapar da responsabilidade de conhecer e interpretar corretamente os textos bíblicos proféticos.

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