AS VIAGENS DO APOSTOLO PAULO
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Atos 13.1-5; 46-49.
ATOS 13.1 - Na igreja que estava em Antioquia havia
alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé, e Simeão, chamado Níger, e Lúcio,
cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes, o tetrarca, e Saulo. 2 - E, servindo
eles ao Senhor e jejuando, disse o ESPÍRITO SANTO: Apartai-me a Barnabé e a
Sau10 para a obra a que os tenho chamado.
3 - Então, jejuando, e orando, e pondo sobre eles as
mãos, os despediram. 4 - E assim estes, enviados pelo ESPÍRITO SANTO, desceram
a Selêucia e dali navegaram para Chipre. 5 - E, chegados a Salamina, anunciavam
a palavra de DEUS nas sinagogas dos judeus; e tinham também a João como
cooperador.
ATOS 13.46 - Mas Paulo e Barnabé, usando de ousadia,
disseram: Era mister que a vós se vos pregasse primeiro a palavra de DEUS; mas,
visto que a rejeitais, e vos não julgais dignos da vida eterna, eis que nos
voltamos para os gentios. 47- Porque o Senhor assim no.lo mandou: Eu te pus
para luz dos gentios, para que sejas. de salvação até aos confins da terra. 48
- E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se e glorificavam a palavra do Senhor,
e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna. 49 - E a palavra
do Senhor se divulgava por toda aquela província.
PALAVRA CHAVE - Missão Transmissão consciente e
planejada das Boas Novas de CRISTO além fronteiras nacionais e culturais.
Comentários da Revista CPAD - 3º Trimestre de 1996 -
Atos - O padrão para a Igreja da Última Hora - LIÇÃO 12 - AS VIAGENS
MISSIONÁRIAS DE PAULO - 1996 - Pr. Ezequias Soares - CPAD.
"E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o
ESPÍRITO SANTO: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho
chamado" (At 13.2).
A obra de missões está no coração de DEUS.
ÉPOCA DO EVENTO: 46 a 68 d.C.
LOCAL: Palestina, Ásia Menor e Europa Oriental
OBJETIVOS - Ao término da aula o aluno deverá ser
capaz de:
Descrever o alcance missiológico das viagens de Paulo.
Identificar os pontos geográficos principais de cada
viagem missionária.
SUGESTÕES PRÁTICAS
1. Explique aos alunos que Paulo é considerado o maior
missionário do Cristianismo, pelo muito que realizou em pouco tempo. Por falar
as principais línguas da época e possuir uma cultura invejável, tinha o livre
acesso à sociedade gentílica de qualquer nação. Por isso, pregou no Areópago,
em Atenas, lugar sagrado dos filósofos gregos.
2. Informe aos alunos que Paulo realizou, ao todo,
quatro viagens missionárias, levando-se em conta que, ao ser enviado preso para
Roma, aproveitou a oportunidade, em todos os lugares em que o navio aportava,
para pregar o Evangelho. A prova disso está na grande obra que realizou na ilha
de Malta, onde ganhou todos os seus moradores para JESUS.
3. Esclareça-Ihes que o apóstolo Paulo realizou todas
estas viagens, sob a égide do ESPÍRITO SANTO, pois, quando desejava ir para
Bitínia, a terceira Pessoa da Trindade o constrangeu a seguir para a Macedônia,
momento em que se iniciou a evangelização da Europa. Como resultado disso, o
Evangelho chegou a Atenas.
ORIENTAÇÃO AO PROFESSOR
Conhecer a DEUS e a sua Palavra são necessidades
prementes do professor da Escola Dominical. Como ele poderá ser bem-sucedido,
se não souber a respeito de quem fala e sobre a sua obra? Por isso, precisa ter
uma experiência pessoal com o autor das Sagradas Escrituras, para ser um bom
educador cristão.
COMENTÁRIO - INTRODUÇÃO
Disse Henrietta C. Mears: "O maior empreendimento
do mundo são as missões estrangeiras, e aqui temos o início dessa grande obra.
A idéia originou-se exatamente como devia: numa reunião de oração". A
lição de hoje é um estudo das missões transculturais, realizadas por Paulo.
I. PRIMEIRA VIAGEM
1. A partida (13.4). O ponto de partida da primeira
viagem de Paulo foi Antioquia da Síria (At 13.1-4). Barnabé e Marcos o
acompanharam. Selêucia era uma cidade portuária, onde Paulo e seus companheiros
embarcaram.
2. A campanha de Chipre. Chipre era a terra natal de
Barnabé (At 4.36), região das primeiras atividades missionárias de Paulo. Em
Salamina, anunciaram a Palavra de DEUS nas sinagogas (At 13.4,5). Depois,
atravessaram a ilha até o outro extremo dela, chegando a Pafos (13.6-12), onde
o apóstolo dos gentios pregou para o procônsul Sérgio Paulo e enfrentou Elimas,
o mágico, que se opôs à pregação do Evangelho. Mas a mensagem divina triunfou e
o encantador ficou cego por um determinado tempo.
3. Galácia do Sul (Pisídia e Licaônia). Depois, Paulo
deixou a ilha e seguiu para o continente, passando por Perge, cidade da
Panfilia. Marcos se assombrou com a hostilidade daquela sociedade pagã e voltou
para a casa de sua mãe, em Jerusalém (13.13,14; 12.12). Na sinagoga de
Antioquia da Pisídia, o apóstolo dos gentios pregou aos judeus.
Expulso de Antioquia da Pisídia, Paulo foi para Icônio
(At 13.50; 14.1-5). Como as hostilidades era.m as mesmas da cidade anterior,
havendo motim tanto dos judeus como dos gentios, foram para a região da
Licaônia, e fundaram igrejas em Listra e Derbe.
A atividade missionária de Paulo em Listra resultou na
cura de um coxo (14.8-10). Isso chamou a atenção das multidões, onde o apóstolo
dos gentios aproveitou para anunciar a Palavra de DEUS. Os judeus de Antioquia
da Pisídia e de Icônio o. atacaram, e ele foi arrastado da cidade, quase morto
(At 14.19).
4. Fim da primeira viagem. Depois disso, Paulo e
Barnabé foram para Derbe (14.20). De lá, retomaram ao ponto de partida,
confirmando as igrejas em Listra, Icônio e Antioquia da Pisídia (14.22) e
estabelecendo pastores nativos em cada uma delas (14.23). Essa primeira viagem
começou em 46 e terminou em 48 d.C. e ocupa os capítulos 13 e 14 de Atos.
ll. SEGUNDA VIAGEM
1. Paulo e Barnabé se separam. Depois do Concílio de
Jerusalém, Paulo resolveu empreender outra viagem. Era a segunda, com dois
objetivos: visitar as igrejas que ele fundara durante a sua primeira missão e
abrir novos campos de trabalho. Barnabé queria levar seu sobrinho Marcos, mas o
apóstolo dos gentios não concordou com a idéia, pois aquele jovem havia voltado
do meio do caminho, na vez anterior. Isso foi motivo para se separarem, apesar
de terem continuado amigos.
2. Visitando as igrejas. Paulo e Silas partiram de
Antioquia da Síria, de onde havia uma estrada que ia até Tarso e Ásia Menor.
Portanto, nessa segunda viagem, o apóstolo dos gentios viajou por terra,
atravessou a Cilícia, região onde se situava Tarso, sua terra natal, (não há
registro de que ele tenha realizado trabalhos missionários em sua cidade), e
seguiu direto para Derbe, Listra, Icônio e Antioquia da Pisídia, a fim de
fortalecer as igrejas.
Em Listra, encontrou Timóteo e levou-o também. Os três
atravessam a região frígio-gálata (região norte da Galácia). onde são
"impedidos pelo ESPÍRITO SANTO de anunciar a palavra na Ásia" (At
16.6). Seguiram para Mísia e tentaram ir a Bitínia, "mas o ESPÍRITO de
JESUS não lho permitiu" (At 16.7). Então, partiram para Trôade (At J 6.8).
3. Trôade e Neápolis. Antiga Tróia da Ilíada de
Homero. Nessa
cidade, Paulo teve uma visão em que alguém lhe dizia:
"Passa à Macedônia e ajuda-nos!" (16.9). Nessa localidade, Lucas se
juntou à comitiva (16.10). Navegaram para Neápolis, durante dois dias de
viagem, e chegaram a Filipos.
4. Filipos. Colônia romana e uma das principais
cidades da Macedônia. Com essa visita, Paulo fundou a primeira igreja européia.
Ao entrar, assim, neste continente, ele se deparou com outra realidade. Os
romanos seriam uma nova experiência para o seu apostolado.
Nessa cidade, ele organizou uma igreja na casa de
Lídia, vendedora de púrpura (16.14, 15). Nessa ocasião, libertou uma adivinha
da opressão maligna e foi, por isso, para a cadeia, juntamente com Silas. O
resultado foi a conversão do carcereiro (16.33, 34). Os direitos dos dois, como
cidadãos romanos, foram desrespeitados. De lá, partiram para Tessalônica,
passando por Anfípolis e Apolônia (At 17.1).
5. Tessalônica e Beréia. Tessalônica era a principal
cidade da Macedônia. Sua população era constituída de gregos, romanos e judeus.
Como de costume, o apóstolo procurou uma sinagoga, para iniciar seu trabalho.
Paulo só ficou três semanas nessa localidade. por causa da perseguição
(17,2,5). De lá, partiram para Beréia (v.10).
Os bereanos foram mais receptivos que os
tessalonicenses e Paulo. na sinagoga, anunciou o Evangelho do Senhor JESUS.
Como Beréia estava próxima de Tessalônica, não demorou muito, para que os
mesmos judeus, os quais perseguiram o apóstolo, viessem também para aquela
cidade. Assim, ele saiu às pressas e sozinho, indo para Atenas, deixando Silas
e Timóteo naquela localidade (At 17.13-15).
6. Atenas. Paulo navegou para Atenas, o centro
cultural do mundo grego. Lá, pregou para os filósofos estóicos e epicureus
(duas escolas filosóficas muito em voga nos dias do apóstolo), e fundou uma
igreja, como resultado dessa pregação, mas com um grupo muito pequeno.
De Atenas, partiu para Corinto (At 18.1). A maneira
como Paulo descreveu o estado psicológico em que se encontrava, ao chegar
naquela cidade (1 Co 2.1-5), mostra que a sua emoção ia muito além das palavras
de Lucas, em Atos 17.32,33.
7. Corinto. Era a capital da Grécia, naqueles dias,
com uma população de, aproximadamente, 500 mil habitantes. Paulo permaneceu
ali. durante um ano e meio, onde ensinou a Palavra de DEUS (At 18.11). Morou na
casa de Áquila (judeu do Ponto e expulso de Roma, por determinação de Cláudio)
e Priscila, sua mulher.
De Corinto, em 52 d.C., ele escreveu 1 Tessalonicenses
(1 Ts 3.6). Em menos de um ano, ele enviou. a segunda carta para a mesma
igreja.
De lá, foi para Cencréia, cidade portuária, de onde
partiu para sua base(18.18), com breve parada em Éfeso, navegando, em seguida,
rumo a Cesaréia, de onde seguiu para Jerusalém e depois Antioquia da Síria
(18.22). É o fim de sua segunda viagem.
III. TERCEIRA VIAGEM
1. Éfeso. Paulo começou a terceira viagem a partir de
Antioquia da Síria, como fez nas duas primeiras (At 13.2-4; 15.35-40; 18.23).
Lucas omitiu detalhes dessa trajetória, até chegar a Éfeso.
a) Localização. CapitaI da Ásia Menor, era a cidade.
mais importante da região, pois localizava-se no cruzamento das rotas
comerciais. Nela, encontrava-se o templo da deusa Diana, chamada pelos romanos
de Ártemis, uma das sete maravilhas do mundo antigo.
b) Primeiros discípulos em.Éfeso. Por essa cidade
havia passado Apolo (18.24) que foi instruído.por Áquila (18.26). Paulo
encontrou nela um grupo de 12 novos convertidos, que conheciam apenas o batismo
de João (19.1-7).
2. Regresso de Paulo. Novamente, Paulo viaja para
Corinto, onde passou três meses (20.3), Aos coríntios ele escreveu duas cartas.
De Éfeso, a primeira; e da Macedônia, a segunda, Nessa última visita a Corinto,
escreveu a carta aos Romanos, em 58 d.C., à irmã Febe, de Cencréia; foi a
portadora (Rm 16.1).
Na volta para Antioquia da Frígia, por terra, visitou
as igrejas da Macedônia (20.1,2), até chegar a Mileto, depois de passar cinco
dias em Filipos.
De Mileto, mandou chamar os anciãos da igreja em
Éfeso, pois tinha pressa, e queria chegar o mais rápido possível a Jerusalém,
para a festa de Pentecoste (20.16). Na praia local, fez o célebre discurso de
despedida (20.17-38). Depois, segue para Cesaréia, passando pela Fenícia, e, em
seguida, chega à Cidade Santa, onde é preso pelos judeus (At 21.1-8,27-36).
IV. QUARTA VIAGEM
1. Paulo é preso em Jerusalém. Isso aconteceu no
Templo (21.27). Ele se defendeu diante do povo (21.40-22.2]) e do Sinédrio
(22.3023.10). É enviado para Cesaréia, onde se apresenta diante de Félix
(23.23-24.1-27), Festo e Agripa 11 (25.22-26-32).
2. Viagem para Roma. Como Paulo apelou para César
(25.11; 26.32), na condição de prisioneiro romano, partiu de Cesaréia com
destino a Roma (27.1-2). Foi uma viagem muito difícil. Era inverno, e o navio
naufragou em Malta, onde esteve três meses (28.1-11). Até que chegou à capital
do Império em 62 d.C.
3. Epístolas de Roma. Da capital do Império, escreveu
as seguintes cartas: Efésios, Colossenses e Filemom, em 62 d.C.; Filipenses, em
63 d.C. Entre 67 e 68: 2 Timóteo, após o incêndio de Roma, quando estava preso
pela segunda vez, durante a sua condicional. Em 64 d.C., escreveu da Macedônia:
1 Timóteo e a epístola a Tito.
CONCLUSÃO
Se Paulo vivesse em nossos dias, teria passaporte
turco, pois Tarso situa-se hoje na Turquia. Será que, como cidadão deste país,
ele permitiria que fosse uma das nações menos evangelizadas do mundo? A sua
população é de 61 milhões de habitantes (1995), com 99,8% de muçulmanos. Os
evangélicos não chegam aos 0,02%. Eis aí o desafio para as igrejas que querem
imitar o apóstolo dos gentios! (1 Co 11.1).
ENSINAMENTOS PRÁTICOS
1. Paulo não possuía os recursos de que dispomos na
atualidade e fez muito mais do que todos nós juntos. Ele andava, na maioria das
vezes,a pé, ou em velhas embarcações marítimas, ocasião em que enfrentou
diversos perigos, tanto dos salteadores, nas estradas, como nos mares, por
causa das tempestades e dos piratas.
2. Em todas as viagens que empreendeu, Paulo
defrontou-se com muitas perseguições. Uma vez, foi apedrejado até
considerarem-no morto. Em Filipos, apesar de ser um cidadão romano, foi despido
e apanhou publicamente. No entanto, em vez de reclamar, na prisão daquela
localidade, glorificou a DEUS e ganhou o carcereiro para JESUS.
3. Paulo, por tudo o que sofreu, durante o exercício
do seu ministério como apóstolo dos gentios, tornou-se o modelo para todos nós.
Basta, agora, descruzarmos os braços, orarmos, buscarmos a direção divina e
realizarmos a obra que o Senhor JESUS nos confiou, desde o momento em que o
aceitamos como nosso Salvador.
GLOSSÁRIO
Apaziguar: pôr em paz. Apologia: discurso para
justificar, defender ou louvar.
Assombro: admiração, estranhamento; espanto, maravilha.
Aventureiro: aquele que vive dos acasos da sorte;
incerto, indivíduo que ama a aventura.
Comitiva: conjunto de pessoas que acompanham outra por
cortezia.
Concílio: reunião de uma igreja cristã pela convocação
de uma representação determinada. para definir e deliberar sobre pontos
atinentes à missão que lhe é própria.
Hostilidade: agressividade, provocação
Mágico: extraordinário, sobrenatural;encantador,
fascinante, ilusionista.
Motim: tumulto, barulho, desordem.
Espada Cortante 2 - Orlando S. Boyer - CPAD - Rio de
Janeiro - RJ
A primeira viagem missionária
A ocasião impressionante na obra de missões, quando
Paulo e Barnabé se despediram da igreja em Antioquia. Houvera missionários ao
estrangeiro antes disso, por exemplo, Abraão (Gn 12.3) e Jonas. Mas essa viagem
missionária de Barnabé e Saulo era a primeira de nossa época. Outra ocasião
emocionante foi quando o Senhor da seara enviou Paulo à Macedônia, isso é, para
levar o Evangelho ao grande continente da Europa, capo 16. Durante longos
séculos a Igreja se esqueceu dessa paixão, que dominava a vida de Paulo - até a
hora palpitante, em 1792, quando Guilherme Carey pregou sobre Is 54.2,3, com o
desafio à Igreja de CRISTO: "Esperai grandes coisas de DEUS... Esforçai-vos
em fazer grandes coisas para DEUS" Carey foi à Índia... Nascera a obra
atual das missões ao estrangeiro. Jamais houve oportunidade mais palpitante do
que agora para levar a Mensagem aos milhões de almas que nunca a ouviram.
A CHAMADA DE BARNABÉ E SAULO, 13.1-3.
A igreja em Antioquia não desprezou a chamada de
Barnabé e Saulo, pelo ESPÍRITO SANTO, a pregar o Evangelho ao estrangeiro.
Havia meio milhão de almas perdidas na própria cidade de Antioquia, mas a
igreja nem por isso, queria desculpar-se da ordem divina de pregar o Evangelho
a todas as nações.
13.1 "Na igreja que estava em Antioquia havia
alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé, e Simeão, chamado Níger, e Lúcio,
cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes, o tetrarca, e Saulo.2 "E,
servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o ESPÍRITO SANTO: Apartai-me a
Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado.3 "Então, jejuando, e
orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram.
E na igreja que estava em Antioquia (v.1): Encontra-se
a história da auspiciosa fundação desta, a primeira igreja gentílica, no
capítulo 11.19-26.
Antioquia da Síria, conhecida como A rainha do
oriente, era a terceira cidade do mundo de então, sendo Roma a primeira e
Alexandria a segunda. Antioquia tinha 500 mil habitantes de tantas
nacionalidades que se dizia ser possível conhecer os costumes do mundo inteiro
pela mistura de povos que freqüentavam sua praças. Nunca houve cidade que
precisasse mais de reforma moral do que Antioquia da Síria. Contudo, tomou-se a
segunda capital do cristianismo e sede das missões da Igreja. Estranho como
pareça, a fundação de igreja em Antioquia foi o resultado direto do plano de
destruir totalmente o cristianismo. (Vede capo 8.1). As autoridades tinham
falhado em acabar com esta "seita", porque era um povo batizado com o
ESPÍRITO SANTO e com fogo, e essa sorte de fogo não se apaga, mas se alastra
cada vez mais.
Havia alguns profetas e doutores (v. 1 ): Pusera DEUS
na nova igreja gentílica profetas e doutores. (Vede 1 Co 12.28; Ef 4.11). Os
"doutores" da Igreja Primitiva não eram homens orgulhosos e cheios da
sabedoria humana, mas "mestres" (Revisão Autorizada), cheios do
ESPÍRITO SANTO, que ensinavam a Palavra de DEUS.
Manaém, que fora criado com Herodes (v.1): Manaém era
"colaço de Herodes" (Revisão Autorizada). Isso é, o fervoroso Manaém
e o monstro Herodes eram irmãos de leite! Somos enviados a toda a criatura, não
sabendo a quem a Mensagem pode atingir!
E, servindo eles ao Senhor (v.2): Qual a maneira de os
discípulos em Antioquia servirem, ou ministrarem perante o Senhor? Oravam e
suplicavam? Cantavam? Louvavam e adoravam ao Senhor? "Bombardeavam"
(Rm 15.30; Hb 10.19) os céus, lutando em oração? Ou esperavam diante de DEUS,
humilhando-se até ouvir a voz divina? É muito provável que faziam tudo isso.
Mas certamente sem formalismo; tudo era a expressão de corações sinceros e
transbordantes. Como os sacerdotes ministravam no templo, assim na igreja os
discípulos oravam, liam as Escrituras,jejuavam, etc. As igrejas hoje que seguem
esse exemplo dos crentes em Antioquia, podem testificar que CRISTO é o mesmo em
todos os séculos.
Alguns têm de ficar trabalhando na cidade; outros têm
de sair para a obra no estrangeiro. Mas é o ESPÍRITO SANTO que faz a escolha.
Convém que o crente ore e se esforce quanto à chamada
de DEUS, mas não deve andar cuidadoso quanto à sua honra e posição na igreja. O
ESPÍRITO coloca todos nos seus próprios lugares. "Espera no
Senhor..." (SI 27.14), passando o dia em oração e jejum.
A reunião na igreja em Antioquia não é exemplo de uma
igreja discutir as qualificações dos homens para a evangelização, mas sim, de
deixar o Senhor separar os Seus servos que Ele havia escolhido. A igreja sempre
erra quando não pede conselho à boca de Jeová. (Vede Josué 9, notando
especialmente v.14).
Os seminários não podem "fabricar" ministros
da Palavra; esses são chamados pelo ESPÍRITO SANTO.
E jejuando (v.2): Porque é tão raro uma igreja
convocar seus membros para jejuarem? Vede Juízes 20.26;Joel1.14; 2.15,16;Jonas
3.5; Atos 13.2; etc. Foi depois de Moisés jejuar e orar quarenta dias e noites
que seu rosto brilhava até precisar cobri-lo com véu, Êx 34.28-35. Foi depois
de Daniel jejuar e orar que, foi honrado com a preciosa visão das setenta
semanas, Dn 9.3,20-27. Foi, também, depois de jejuar e orar que teve a visão do
grande anjo, Dn 10.2,3,12. Foi quando Ana jejuava que a sua oração por um filho
foi ouvida, 1 Sm 1.17,18. Foi quando Cornélio jejuava e orava que DEUS lhe
enviou o anjo, Atos 10.30.
O jejum formal pouco ou nada vale. O jejum, porém, com
o alvo de evitar as coisas que nos impedem de buscar a presença de DEUS, em
oração, é indispensável. Carlos Fumey, que durante o seu ministério conduziu
centenas de milhares de almas para receberem salvação aos pés de CRISTO,
reconhecia o grande valor do jejum. Era a convicção dele que todos os crentes
podiam assim receber o poder de gravar na mente dos homens o desejo de serem
salvos. Ele diz: "Às vezes este poder é transmitido só por uma frase, uma
palavra, um gesto, ou por um olhar, de uma maneira para vencer. Para a honra de
DEUS somente, quero relatar um pouco da minha experiência nisso. Fui
profundamente convertido na manhã do dia 10 de outubro de 1821. Na tarde do
mesmo dia fui batizado tão grandemente no ESPÍRITO SANTO que parecia passarem grandes
ondas pelo corpo e pela alma. Imediatamente me achei revestido com tal poder do
alto que poucas palavras proferidas a uma pessoa, resultavam imediatamente na
sua conversão. As palavras pareciam segurar, como flechas farpadas, as almas
dos homens. Feriam como uma espada. Quebravam-lhes o coração como martelo.
Multidões podiam testificar disso. Às vezes me encontrava quase inteiramente
sem esse poder. Se visitava o próximo, não podia influenciá-lo para a salvação.
Se exortava ou orava era sem resultado. Então, receoso de que o poder se
tivesse afastado de mim, consagrava um dia para jejuar e orar em secreto,
procurando saber por que parecia tão vazio. Depois de me humilhar e clamar
pedindo a DEUS, o poder voltava sobre mim com o mesmo vigor. Isso é a experiência
da minha vida.
Disse o ESPÍRITO (v.2): Como falou? Não sabemos se foi
por uma voz que encheu o recinto, ou se foi por um crente movido pelo ESPÍRITO
SANTO, que se levantou e falou e todos ficaram convencidos de que ele dizia a
vontade do ESPÍRITO, ou se foi por meio de profecia, ou se foi por meio de
mensagem em línguas com interpretação, 1 Co 14.5, ou se foi por meio de uma voz
(Vede 1 Reis 19.12) que falou definitivamente a sua alma. A igreja, certamente,
sabia discernir se o espírito que falou era o ESPÍRITO SANTO de DEUS ou se era
um espírito mentiroso de Satanás. (Vede 1 Reis 22.21-23 e 1 Co 12.10).
Antes da Sua retirada do mundo, CRISTO prometeu mandar
o ESPÍRITO SANTO para ocupar o Seu lugar aqui na terra. Em Atos dos apóstolos
encontra-se o cumprimento da promessa: capo 8.29; 10.19; 15.28; 16.6,7; 20.23;
etc. É certo que estamos agora na dispensação da terceira Pessoa da Trindade, o
ESPÍRITO SANTO. Portanto estamos tanto sob a direção dEle como os apóstolos
estavam da segunda Pessoa, JESUS.
Para a obra que os tenho chamado (v.2): Paulo e
Barnabé já estavam cientes da chamada; nesta ocasião a chamada foi-Ihes
confirmada. Quando o crente é chamado pelo ESPÍRITO, o mesmo ESPÍRITO revela à
igreja.
É provável que a igreja estivesse ministrando perante
o Senhor, anelando por saber a vontade dEle em dar o passo para evangelizar os
milhões de gentios do mundo afora, na Síria, na Ásia e na Europa. (Vede Atos
1.8). As igrejas têm muita razão de imitar o mesmo exemplo, lutando juntas em
oração pelos dois bilhões de habitantes do mundo, dos quais ao menos oitocentos
milhões nunca foram evangelizados, e os que são, precisam de mais pastores.
Um dos assuntos mais importantes de as igrejas enviar
missionários hoje é o seu sustento. Em Antioquia, parece que nem foi mencionado
porque estavam tão certos de que o Senhor ia suprir.
Então jejuando e orando, e pondo eles as mãos (v.3): A
igreja não despediu seus missionários com festa e banquete, mas com oração e
jejum. Foi com culto de consagração, no qual a igreja reconheceu oficialmente e
com solenidade a chamada dos dois por DEUS. Não é bom que o crente, chamado,
saia sem a igreja o enviar. O obreiro não pode ser livre no sentido de ele não
precisar das orações, conselho e sustento dos irmãos em CRISTO. Notemos as palavras:
"os despediram" e "enviados pelo ESPÍRITO SANTO", v.4. Eram
enviados, sim, pelo ESPÍRITO, mas não sem a igreja, também enviá-Ios. (Compare
Rm 10.15).
ELIMAS, O MÁGICO, 13.4-12.
Quando Barnabé e Saulo iniciaram sua viagem, deram um
passo que mudou todo o curso da história do mundo até agora e que terá grande
influência sobre as gerações que ainda não nasceram.
Foi um judeu que levou o Evangelho a Roma, um romano
que o levou à França, um francês que o levou à Escandinávia, um escandinavo que
o levou à Escócia, um escocês que o levou à Irlanda. Não há povo que recebesse
o Evangelho a não ser por intermédio de estrangeiro.
Insultos, blasfêmias, para convencer Sérgio Paulo do
absurdo da nova fé. Elimas era:
1) Um mágico, isto é, pessoa que pretendia exercer o
poder do mundo invisível.
2) Um falso profeta, ostentava-se como porta-voz e
mensageiro de DEUS. Vede o castigo de DEUS para os falsos profetas, Dt 13.
3) Seu nome "Elimas" é arábico e quer dizer
"mágico", como aparece no v.6.
4) Menciona-se o fato de ele ser judeu, parece para
dar ênfase de ele ser um homem que conhecia o verdadeiro DEUS na Lei e nos
Profetas, assim com mais culpa ainda.
Saulo) que também se chama Paulo (v.9): Saulo, depois
da conversão de Sérgio Paulo, assumiu o nome de "Paulo"
("pequeno"). Não era conhecido mais pelo nome judaico
"Saulo" ("pedido"), mas pelo nome gentílico,
"Paulo". Gloriava-se da sua origem judaica. (Fp 3.4-6), e
naturalmente do seu nome hebraico. Mas rejeitou tudo (Fp 3.7,8), inclusive seu
nome, reputando perda por CRISTO. Fez-se tudo para com todos, com fim de, por
todos os modos, salvar alguns, 1Co 9.22.
Até esta altura menciona-se Barnabé e Saulo, sempre
dando a Barnabé o primeiro lugar. Mas entravam em um empreendimento ao qual
DEUS chamara especialmente a Saulo, o de levar Seu nome diante dos gentios, e
dos reis, capo 9.15. Não é mais "Barnabé e Saulo", mas sim,
"Paulo e Barnabé". Felizmente Barnabé "era homem de bem e cheio
do espírito SANTO...", capo 11.24. Assim, reconhecia que Paulo, instruído,
experiente e chamado por DEUS, tinha todas as qualificações para passar a
frente na obra entre os gentios. As Escrituras não indicam que Barnabé sentia
inveja, ocupando o segundo lugar na gloriosa obra.
Cheio do ESPÍRITO SANTO (v.9): Paulo foi cheio
novamente. Tomou a frente de Barnabé porque foi cheio do ESPÍRITO SANTO. É um
dos inumeráveis exemplos do fato de CRISTO ficar à destra do Pai (Atos 2.33)
para derramar novamente o ESPÍRITO SANTO em qualquer emergência.
Como no caso de Sérgio Paulo, milhares de almas estão
atraídas atualmente pelo encanto e fascinação do sobrenatural das seitas sem
CRISTO. Elimas amava a sórdida ganância, mas o ESPÍRITO SANTO agia por amor ao
homem. O que Elimas tinha de sobrenatural era falso; o do ESPÍRITO SANTO,
verdadeiro. O alvo de Elimas era desviar da fé; o do ESPÍRITO SANTO, de
estabelecer o homem na fé. O sobrenatural na magia do ocultismo, do
espiritismo, etc..., é uma das maiores ameaças à fé em cristo. Há vitória certa
para a Igreja de CRISTO, mas somente seguindo o exemplo de Paulo, isto é,
somente no poder de crentes cheios do ESPÍRITO SANTO. Note-se que Paulo não
falava, nesta ocasião, com sabedoria humana adquirida nos seus estudos. A
sabedoria humana, nem o fervor humano, não são suficientes para desempenhar a
obra de DEUS. O Senhor quer, em todas as emergências, enchermos novamente de
Seu ESPÍRITO.
Ó filho do diabo (v.10): amava-se Elimas,
"Barjesus" (v.6), isto é, "Filho do senhor que salva". Mas
Paulo desmascarou o mágico, chamando-o "filho do diabo". Como
porta-voz de DEUS, Paulo descobriu a verdade acerca desse judeu apóstata. Mas,
note-se bem; Paulo não falava precipitadamente na paixão da carne, mas cheio do
espírito SANTO. Vede o que diz acerca de maldizentes, 1 Co 6.9,10; 1 Pe 3.9.
Compare Judas 9.
Ficarás cego (v.U): O apóstolo, inspirado pelo
ESPÍRITO, pronunciou a sentença. (Compare capo 5.3-5).
Sem ver o sol por algum tempo (v.U): A cegueira não
devia ser permanente, apenas "por algum tempo". DEUS desejava que
Elimas se arrependesse.
A escuridão e as trevas caíram sobre ele (v.11): O
mesmo acontecera aos sodomitas quando perseguiram Ló (Gn 19.11), e aos sírios
quando perseguiram Eliseu, 2 Reis 6.18.
Então o procônsul, vendo o que havia acontecido, creu,
maravilhado... (v.12): Sérgio Paulo estava estupefato; a palavra indica grande
emoção. Note-se que foi a doutrina que o comoveu profundamente, não apenas o
milagre. Prodígios sem a Palavra, nada valem. Mas não há coisa alguma que
esclarece e reveste a Palavra de poder como a operação milagrosa do ESPÍRITO
SANTO.
PAULO E BARNABÉ VÃO PARA OS GENTIOS, 13.44-52.
Ajuntou-se quase toda a cidade a ouvir a palavra de
DEUS (v.44): Grandemente abençoado é o culto em que há verdadeira fome da
Palavra de DEUS. Grandemente abençoada é a cidade cujo povo procura a casa de
DEUS, em vez dos lugares de divertimentos. Grandemente abençoado é o pregador
que pode dirigir-se a "quase toda a cidade", em vez de a alguns
bancos desocupados. Grandemente abençoada é a obra que deixa os
recém-convertidos cheios do ESPÍRITO SANTO, v.52. A súmula é: Grandemente
abençoado é o filho de DEUS que faz a sua obra no poder do ESPÍRITO SANTO, como
fizeram Paulo e Barnabé. Os pregadores foram expulsos da cidade, mas o
Consolador ficava nos novos convertidos, os quais transbordavam de gozo. (Vede
Fp 4.4; Atos 16.25; Mt 5.11,12).
(S) soldado cristão ama ardentemente o grande General
e a Pátria Celestial. Ele é fiel até a morte, isto é, é fiel mesmo se lhe custe
a vida, Ap 2.5. Não vacila, mesmo se o inimigo da humanidade lhe bombardeie com
"bombas de quatro toneladas" de censura, de calúnia e de perseguição.
Foi depois de Paulo ser apedrejado e deixado como morto em Listra (v.19), que
escreveu: "Sofre pois, comigo, as aflições como bom soldado de JESUS
CRISTO", 2 Tm 2.3. Depois do apedrejamento, o invencível apóstolo se
levantou do chão e continuou "o bom combate" (2 Tm 4.6) sem perder um
dia.
Atos - Introdução e Comentário - I. Howard Marshall -
Série Cultura Bíblica - edições 1985,1988, 1991, 1999 e 2001 - Sociedade
Religiosa Edições Vida Nova - SP
A MISSÃO A ÁSIA MENOR E SUAS CONSEQÜÊNCIAS
(13:1-15:35)
a. A vocação à missão (13:1-3)
Atos caps. 13-14 contém o relato do primeiro período
de atividade missionária de Paulo, levado a efeito juntamente com Barnabé. De
toda a obra missionária de Paulo, este período tem mais direito de ser chamado
uma ''viagem missionária", conforme é o costume em mapas bíblicos. Os
períodos posteriores foram muito mais dedicados às extensas atividades nas cidades-chaves
importantes do mundo antigo, e recebemos um quadro falso da estratégia de Paulo
se imaginamos que ele corria rapidamente em viagens missionárias de um lugar
para outro, deixando por detrás dele pequenos grupos de convertidos
semi-instruídos; era sua política geral permanecer numa só localidade até que
tivesse estabelecido os alicerces firmes de uma comunidade cristã, ou até que
fosse forçado a ir embora por circunstâncias além do seu controle. A mesma
estratégia básica foi, na realidade, seguida nesta campanha missionária em Ásia
Menor (cf. 13:50; 14:3, 5-7,20).
A importância da presente narrativa é que descreve o
primeiro ato planejado de "missão estrangeira" levado a efeito por
representantes de uma igreja específica, e não por indivíduos isolados, e
iniciado por uma decisão deliberada da igreja, inspirada pelo ESPÍRITO, mais do
que casualmente como resultado da perseguição.138 Lucas, portanto, descreve com
pormenores solenes como os missionários foram nomeados. numa reunião da igreja
sob a orientação do ESPÍRITO SANTO. Está bem consciente que sua descrição diz
respeito a um evento crucial na história da igreja.
1. A narrativa começa com uma descrição de como a
igreja em Antioquia era servida por um grupo de profetas e mestres. Alistam-se
cinco nomes. Em primeiro lugar vem Barnabé que, como líder cristão de Jerusalém
talvez seja considerado o mais importante do grupo, ou talvez o cristão de mais
tempo na fé (quanto aos primeiros convertidos poderem tonar-se líderes da
igreja, ver 1 Co 16:15-16). Em segundo lugar, há Simeão, homem este com um nome
judaico e, portanto, um judeu, com toda a probabilidade; seu outro nome, Níger,
é latino, e significa "de compleição escura"; tendo em vista ser ele
mencionado precisamente antes de um cireniano, tem-se pensado ser ele também um
cireniano e, portanto, identificável com o Simão que carregou a cruz de CRISTO
(Lc 23:36), mas, se for este o caso, é surpreendente que Lucas tenha dado
ortografia diferente a cada um dos dois nomes. Em terceiro lugar, há Lúcio de
Cirene, que, segundo se presume, era um dos membros 'fundadores da igreja
(11:20). Já foi feita a conjectura no sentido de que Lúcio deva ser
identificado com o próprio Lucas, identificação esta que foi feita por pelo
menos um dos escribas primitivos, mas é improvável.11:39 Em quarto lugar, temos
Manaém, um nome judaico que significa "consolador", um associado de
Herodes Antipas; o termo colaço, ou "membro da corte" talvez se
refira a um menino da mesma idade, criado como companheiro de um príncipe ou,
de modo mais geral, a um cortesão ou amigo de um soberano; seja qual for o
significado preciso, é possível que Manaém fosse a fonte informativa de Lucas,
para a matéria a respeito de Herodes Antipas que não se acha nos demais
Evangelhos. Finalmente, há Paulo, que aqui recebe seu nome judaico de Saulo,
conforme tem sido a praxe usual de Lucas até este ponto (ver v. 9). Lucas não
nos conta quais destes homens eram profetas e quais eram mestres. A
probabilidade é que não era muito nítida a linha divisória, sendo que os dois
grupos se dedicavam à exposição do significado das Escrituras proféticas e à
exortação; os profetas, porém, também tinham o dom de pronunciamentos
carismáticos. Podemos contrastar a atividade magisterial de Barnabé e Paulo
(11:36) com as mensagens inspiradas de profetas tais como Ágabo (11:27-28).
2. Não fica claro se o sujeito da frase, eles, diz
respeito aos profetas e mestres, ou se inclui os membros da igreja, de modo
geral. Visto que a lista de nomes no v. 1 visa primariamente demonstrar quem
estava disponível para o serviço missionário, e visto que as mudanças de
sujeito não são incomuns em Grego, é preferível supor que Lucas está pensando
numa atividade que inclui os membros da igreja na sua totalidade. Esta
interpretação se harmoniza com o fato de que, noutros trechos, decisões
semelhantes são feitas pela igreja na sua totalidade (1:15; 6:2,5; cf. 14:27;
15:22).
Segundo este ponto de vista, os membros da igreja
estavam reunidos para servir ao Senhor e jejuar. Servir ao Senhor é um ato de
adoração, e a palavra grega originalmente se empregava para o serviço público
que as pessoas realizavam às suas próprias custas, e depois, no Antigo
Testamento Grego, aplicava-se ao serviço ritual dos sacerdotes e levitas no
templo (cf. Lc 1 :23). O pensamento aqui é que a igreja serve a DEUS quando se
reúne, e, sendo que noutros trechos o jejum se associa com a oração, é provável
que a oração seja considerada a atividade religiosa da igreja. O jejum, ou
abstinência voluntária do alimento, também se associa com a oração em 14:23,
quando foram nomeados os líderes da igreja local, mas fora disto, não é
atestado como praxe da igreja primitiva (ver, porém, 2 Co 6:5; 11:27 para a
experiência pessoal de Paulo). Aqui, demarca a importância da ocasião, quando a
igreja sentiu a necessidade de deixar de lado até mesmo as exigências da fome a
fim de concentrar-se no culto a DEUS e no recebimento da orientação da parte
dEle.
Para uma igreja que esperava no Senhor, veio a Sua
palavra. O ESPÍRITO é nomeado como sendo o autor, pois é Ele quem nomeia os
líderes da igreja (20:28) e guia a igreja em pontos cruciais. O ESPÍRITO, no
entanto, fala por intermédio de homens (4:25), e deve-se supor que um dos
profetas na igreja recebeu a mensagem que conclamou a igreja a separar dois dos
seus líderes para uma tarefa à qual DEUS os chamava. Muitas vezes tem sido
notado como a igreja tinha que se dispor a abrir mão dos serviços de dois dos
seus mestres mais destacados, por amor à obra de DEUS noutros locais. A
natureza da tarefa140 não é mencionada neste ponto, possivelmente por causa do
efeito literário, mas fica claro que a obra missionária deve ter sido indicada;
não se declara se os missionários receberam nesta ocasião, ou mais tarde (13:4)
instruções quanto ao roteiro. A lição principal que Lucas inculca é que a
missão é inaugurada pelo próprio DEUS.
3. A despedida dos missionários foi precedida por mais
uma sessão de oração e jejum, tratando-se desta vez, sem dúvida, de um período
de intercessão em prol da sua obra futura. Depois, os missionários foram
comissionados pela igreja pela imposição das mãos (6:6), um ato de bênção
mediante o qual a igreja se associava com eles e os recomendava à graça de DEUS
(14:26), e não uma ordenação para um serviço vitalício, e muito menos uma
nomeação ao apostolado.
Já tinha havido algum trabalho de evangelização em
Chipre anteriormente (11:19) e alguns membros da igreja em Antioquia tinham
laços familiares com a ilha, inclusive o próprio Barnabé (4:36). Do ponto de
vista humano, no entanto, era natural que a missão começasse ali, mas foi pelo
ESPÍRITO que os missionários se sentiram guindados para irem para lá. Seguiu-se
um padrão de estabelecer contatos com as sinagogas, mas o interesse principal
da história centraliza-se na audiência que Paulo teve com o governador romano e
sua confrontação com um mágico que se opôs à pregação do evangelho. A história
mostra como a classe governante romana tinha interesse simpático pelo
evangelho, e como o poder do evangelho era superior àquele da magia pagã. Ao
mesmo tempo, Lucas demonstra como Paulo veio a assumir a posição de liderança
na missão; sejam quais tenham sido as qualidades excelentes de Barnabé noutros
aspectos (especialmente como ensinador cristão), tinha que reconhecer que Paulo
possuía, em medida fora do comum, os dons de um evangelista.
4-5. Lucas ressalta, mais uma vez, que foi o ESPÍRITO
SANTO quem dirigiu a partida dos missionários, e os colocou em uma situação de
conflito com a força do mal (v. 9). Podemos ver um paralelo com a unção de
JESUS com o ESPÍRITO ao começar Seu ministério, seguida por um conflito com
Satanás (Lc 3:22; 4:1-2, 14)? Visto que Antioquia ficava cerca de 26 km longe
do mar, Barnabé e Paulo começaram a viagem marítima do porto mais próximo,
Selêucia. Foi uma viagem de cerca de 96 km para Chipre, uma ilha grande, de 223
km de comprimento e 96 km de largura. Tinha importância econômica por causa das
suas minas de cobre, e fora anexada pelos romanos; já a esta altura tinha se
tornada em província senatorial. Antes, tinha sido colonizada por gregos, e
Salamina, no litoral oriental, era uma cidade grega. Havia também uma população
judaica substancial, conforme indica o comentário no sentido de haver mais de
uma sinagoga. Barnabé e Paulo começaram sua obra missionária mediante pregações
nas sinagogas; este padrão haveria de ser seguido freqüentemente (13:14,46;
14:1; 16:13 (ver); 17:1, 10; 18:4, 19; 19:8; 28:17). Não somente seguia o
princípio de "primeiro ao judeu", mas também fazia sentido prático ao
estabelecer um ponto de contato para o evangelho.141
Não se nos informa se a pregação foi eficaz neste
caso. Ao invés disto, temos a informação de que João os ajudava. Trata-se de
João Marcos (12:12; 13:13; 15:37-39). A referência parece estranha neste ponto.
É claro que Lucas a incluiu para explicar as referências posteriores ã sua
separação do grupo, mas o problema é por que não o fez no começo da história.
Há, talvez, uma sugestão de que não foi enviado pelo ESPÍRITO, e de que foi por
isso que não completou a sua missão? Ou será que Lucas evita dizer diretamente
que Marcos fora enviado pelo ESPÍRITO, a fim de evitar a sugestão de que, mais
tarde, resistiu a orientação do ESPÍRITO? João Marcos, porém, era mero
auxiliar, e não fazia parte do grupo de profetas e mestres alistados em 13:1-3,
e, portanto, não era necessário mencioná-Io ali. Além disto, era praxe de Paulo
levar consigo jovens para serem seus assistentes na obra, e não há boa razão
para duvidar que esta nomeação tivesse sido feita com boa fé. Visto que Barnabé
pertencia a Chipre, e mais tarde levou João Marcos com ele de volta para lá, é
possível que o próprio jovem tivesse vínculos familiares com a ilha, e que por
isso é que foi escolhido para acompanhar os demais missionários. Talvez seja
este vínculo familiar com Chipre que levou ã menção do seu nome neste ponto
específico da história. É incerto o papel de João Marcos como auxiliar. Os
comentaristas diferem entre si quanto ao seu papel de ajudar os missionários no
nível prático (cf. o emprego do verbo equivalente em 20:34; 24:23) ou na obra
do evangelho, mas talvez tivesse as duas funções; é improvável que Lucas aqui
queira designá-lo como "servo da palavra" (Lc 1 :2).
aqui como sendo a palavra de DEUS (4:31; 13:5,7,
etc.). Lucas escreve com exagero perdoável, e não precisamos ficar com dor de
cabeça, como alguns literalistas céticos, que ficam querendo saber como as
multidões poderiam acomodar-se na sinagoga. O efeito das multidões, porém, foi
levar os judeus a ter inveja dos missionários; decerto, os esforços
missionários dos judeus tinham tido muito menos sucesso. Ao mesmo tempo,
provavelmente discordavam com a mensagem que estava sendo pregada, e, destarte,
argumentavam contra os missionários, e os difamavam (ARA blasfemando).
Sem dúvida, foi apenas uma seção dos judeus que adotou
esta atitude, conforme demonstra v. 43. Mesmo assim, ficou claro que o judaísmo
oficial, representado pela sinagoga, estava rejeitando o evangelho. Paulo e
Barnabé acharam necessário falar aberta e ousadamente, para declarar a sua
intenção de levar aos gentios o evangelho. Já cumpriram seu dever de irem
"primeiramente aos judeus"; o fundamento deste dever nunca é totalmente
esclarecido no Novo Testamento, mas supõe-se que se fundamenta na natureza de
Israel, o povo do DEUS da aliança, ao qual continuou a oferecer as promessas da
salvação. Agora, depois de os judeus, como um grupo, dizerem "Não" ao
evangelho, sendo desqualificados para receber a vida eterna, os missionários
ficaram desobrigados quanto a eles, e podiam dedicar aos gentios a totalidade
da sua atenção. Esta ação, no entanto, não deve ser considerada um tipo
derivado à rejeição do evangelho da parte dos judeus. Desde o início, os
missionários perceberam que a sua tarefa incluía os gentios, pois o Antigo
Testamento claramente declarara que a tarefa do Servo de DEUS era ser uma luz
para as nações e ser um meio de salvação em toda parte do mundo. Esta citação
de Isaías 49:6 faz parte de uma das passagens que descrevem a obra do Servo de
DEUS que, em Isaías 44:1, claramente se identifica como sendo Israel. Em Isaías
49:5-6, porém, o Servo tem uma missão para Israel, e, portanto, deve ser
identificado como sendo uma pessoa ou grupo de pessoas dentro de Israel. Os
cristãos primitivos viam em JESUS o cumprimento da profecia (cf. a citação de
Is 42:14 em Mt 12:17-21, e de Is 53:7-8 em At 8:32-35); a passagem aqui citada,
porém, assevera que a missão do Servo, também é a tarefa dos seguidores de
JESUS. Assim, a tarefa que Israel não cumpriu, passou para JESUS, e, depois,
para Seu povo como o novo Israel; é a tarefa de trazer a todos os povos da
terra a luz da revelação e da salvação (cf. a alusão clara a Is 49:6 em Lc
2(29-32).
48-52. A resposta dos gentios que ouviram a mensagem
foi imediata e de todo o coração. Regozijavam-se com as boas novas e louvavam a
palavra do Senhor. Esta frase tem paralelo em 2 Tessalonicenses 3:1 e significa
que glória é dada ao Senhor quando as pessoas aceitam a Sua palavra e crêem
nela. Aqueles que creram s[o descritos como os que haviam sido destinados para
a vida eterna. A frase significa que nem todos na cidade creram no evangelho.
Pode ser entendida no sentido de que DEUS predestinara alguns dentre eles para
crerem (cf. 16:14; 18:10). Pode referir-se, outrossim, àqueles que já confiavam
em DEUS de conformidade com a revelação da Sua graça no Antigo Testamento, e já
foram arrolados entre Seu povo ou talvez signifique que os gentios acreditaram
em virtude do fato de o plano divino da salvação também incluir a eles. Seja
qual for a nuança exata das palavras, não há sugestão alguma de que receberam a
vida eterna independentemente do seu próprio ato de fé consciente. Como
resultado da conversão deles, a mensagem do evangelho foi espalhada por toda a
região: os convertidos devem ser evangelistas. O resultado disto, no entanto,
foi exasperar os sentimentos dos judeus contra os missionários. Havia certo
número de mulheres da classe superior que adoravam na sinagoga, conforme não
era raro noutras cidades naqueles tempos, e é óbvio que os judeus lançaram mão
da influência que elas tinham sobre os maridos para instigar algum tipo de ação
contra os missionários, como resultado da qual foram submetidos a pressões para
deixarem a cidade. Não o fizeram, no entanto, antes de demonstrarem que sabiam
que os judeus estavam por detrás da ação e de fazerem um gesto simbólico como
testemunho diante deles. Era costume entre os judeus sacudir o pó da cidade
pagã de seus pés quando voltavam à sua própria cidade, como símbolo da sua
purificação da impureza dos pecadores que não adoravam a DEUS. Quando judeus
faziam assim contra outros judeus, era a mesma coisa que considerar estes
últimos como gentios pagãos. Os cristãos demonstravam de modo especialmente
vigoroso que os judeus que rejeitavam o evangelho e expulsavam os missionários
já não faziam parte, na realidade, de Israel, e não eram melhores do que
descrentes (cf. Lc 9:5; 10:11; At 18:6; 22:22-23). Destarte, os missionários avançaram
para .a cidade seguinte, mas, a despeito deste revés (conforme parecia) o grupo
de novos discípulos experimentava a alegria que vem da presença do ESPÍRITO
SANTO entre os crentes (Gl 5 :22; 1 Ts 1 :6).
Na lição de hoje, "acompanharemos" o
apóstolo Paulo em suas emocionantes viagens missionárias. A Igreja Primitiva
cumpriu a Grande Comissão enviando Paulo e Barnabé para a obra que o Senhor os
chamara. Assim, Paulo alcançou as nações de sua época. Nós, como Igreja do
Senhor, também devemos fazer a nossa parte, pois ainda existem
muitas nações e povos que precisam ser I alcançados
com o Evangelho de CRISTO.
Atualmente na "Janela 10x40" existem
milhares de pessoas que se encontram em trevas espirituais. Como elas ouvirão o
Evangelho se não há quem pregue? (Rm 10.14). E como pregarão, se a Igreja do
Senhor não enviar e sustentar os missionários? (Rm 10.15). Ouçamos a voz do
ESPÍRITO SANTO, pois Ele continua a falar à sua Igreja: "Separa meus
servos para a obra que os tenho chamado".
OBJETIVOS - Após esta aula, o aluno deverá estar apto
a:
Explicar como foi o chamado e a separação de Paulo e
Barnabé para a obra missionária.
Relatar os principais acontecimentos da segunda viagem
missionária de Paulo.
Conscientizar-se de que a obra missionária não deve
ser negligenciada pela Igreja.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor, para a lição de hoje será necessário
providenciar os mapas das viagens paulinas. É quase impossível falar das
viagens missionárias sem o auxílio de mapas. Ao falar das cidades, localize-as
no mapa mostrando aos alunos. Sugerimos também a reprodução do quadro abaixo.
Utilize-o fazendo um resumo dos principais acontecimentos das viagens
missionárias de Paulo.
RESUMO DA LIÇÃO 12- LIÇÃO 12 - AS VIAGENS MISSIONÁRIAS
DE PAULO
I- A PRIMEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA (AT 13 - 14)
1. De Antioquia a Chipre (At 13.1-12).
e povoados.
2. De Chipre a Antioquia da Pisídia (At 13.13-52).
3. De Icônio ao regresso a Antioquia (At 14.1-28).
II- A SEGUNDA VIAGEM MISSIONÁRIA (At 15.36 - 18.28).
1. Em direção à Ásia (15.36-16.8).
2. Em direção à Europa (16.12-18.18).
3. Regresso (18.18-22).
III- TERCEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA (At 18.23 - 28.31).
1. De Antioquia a Macedônia (18.23 - 20.3).
2. De Filipos a Jerusalém (20.6 - 21.1 7).
3. Paulo em Jerusalém.
SINOPSE DO TÓPICO (1 )
Logo depois de serem comissionados pelo ESPÍRITO
SANTO, a igreja de Antioquia enviou Paulo e Barnabé em sua primeira viagem
missionária.
SINOPSE DO TÓPICO (2)
O ESPÍRITO SANTO conduz o apóstolo Paulo a realizar
sua segunda viagem missionária.
SINOPSE DO TÓPICO (3)
O ESPÍRITO SANTO conduzia Paulo de cidade em cidade,
fortalecendo-o para que realizasse sua terceira viagem missionária.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I - Subsidio Bibliográfico
A Primeira Viagem Missionária
"[u.] como pôde o apóstolo Paulo, em tão pouco
tempo, evangelizar os principais centros do Império Romano e, finalmente,
instalar-se em Roma com a irresistível mensagem do Evangelho? Ou melhor: como
pôde um único homem revolucionar toda a sua época? A resposta não exige muita
abstração. Em primeiro lugar, era Paulo um mensageiro extraordinário do Senhor,
através do qual foi o evangelho universalizado. Além disso, utilizou-se ele da
infra-estrutura do império para viajar I de cidade em cidade, de província 'r
em província e de reino em reino.
Providencialmente, não precisava I de nenhum
passaporte especial: era um cidadão romano. Somente um DEUS, que é a mesma
sabedoria, haveria de predispor todas as coisas a fim de que a mensagem da cruz
chegasse aos confins da terra. [ou] Em Antioquia, o apóstolo Paulo desempenhou
uma importante etapa de seu ministério. E daqui, partiu ele para a sua primeira
viagem missionária. Após o Concílio de Jerusalém, retornou à cidade com as
resoluções tomadas pelos apóstolos e anciãos (At 15.23). Sua segunda viagem
missionária também teria Antioquia como ponto de partida. Atualmente, Antioquia
não passa de uma modesta povoação. Para nós, no entanto, será conhecida sempre
como a igreja missionária por excelência" (ANDRADE, I Claudionor de.
Geografia Bíblica. II.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2001,
pp.227
SAIBA MAIS
fonte Revista Ensinador Cristão, CPAD,/apazdosenhor.org
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