segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

AS VIAGENS DO MISSIONARIO E EVANGELISMO


             AS VIAGENS DO APOSTOLO PAULO

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE - Atos 13.1-5; 46-49.
ATOS 13.1 - Na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé, e Simeão, chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes, o tetrarca, e Saulo. 2 - E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o ESPÍRITO SANTO: Apartai-me a Barnabé e a Sau10 para a obra a que os tenho chamado.
3 - Então, jejuando, e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram. 4 - E assim estes, enviados pelo ESPÍRITO SANTO, desceram a Selêucia e dali navegaram para Chipre. 5 - E, chegados a Salamina, anunciavam a palavra de DEUS nas sinagogas dos judeus; e tinham também a João como cooperador.

ATOS 13.46 - Mas Paulo e Barnabé, usando de ousadia, disseram: Era mister que a vós se vos pregasse primeiro a palavra de DEUS; mas, visto que a rejeitais, e vos não julgais dignos da vida eterna, eis que nos voltamos para os gentios. 47- Porque o Senhor assim no.lo mandou: Eu te pus para luz dos gentios, para que sejas. de salvação até aos confins da terra. 48 - E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se e glorificavam a palavra do Senhor, e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna. 49 - E a palavra do Senhor se divulgava por toda aquela província.

PALAVRA CHAVE - Missão Transmissão consciente e planejada das Boas Novas de CRISTO além fronteiras nacionais e culturais.




Comentários da Revista CPAD - 3º Trimestre de 1996 - Atos - O padrão para a Igreja da Última Hora - LIÇÃO 12 - AS VIAGENS MISSIONÁRIAS DE PAULO - 1996 - Pr. Ezequias Soares - CPAD.

"E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o ESPÍRITO SANTO: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado" (At 13.2).
A obra de missões está no coração de DEUS.

ÉPOCA DO EVENTO: 46 a 68 d.C.

LOCAL: Palestina, Ásia Menor e Europa Oriental

OBJETIVOS - Ao término da aula o aluno deverá ser capaz de:
Descrever o alcance missiológico das viagens de Paulo.
Identificar os pontos geográficos principais de cada viagem missionária.

SUGESTÕES PRÁTICAS
1. Explique aos alunos que Paulo é considerado o maior missionário do Cristianismo, pelo muito que realizou em pouco tempo. Por falar as principais línguas da época e possuir uma cultura invejável, tinha o livre acesso à sociedade gentílica de qualquer nação. Por isso, pregou no Areópago, em Atenas, lugar sagrado dos filósofos gregos.
2. Informe aos alunos que Paulo realizou, ao todo, quatro viagens missionárias, levando-se em conta que, ao ser enviado preso para Roma, aproveitou a oportunidade, em todos os lugares em que o navio aportava, para pregar o Evangelho. A prova disso está na grande obra que realizou na ilha de Malta, onde ganhou todos os seus moradores para JESUS.
3. Esclareça-Ihes que o apóstolo Paulo realizou todas estas viagens, sob a égide do ESPÍRITO SANTO, pois, quando desejava ir para Bitínia, a terceira Pessoa da Trindade o constrangeu a seguir para a Macedônia, momento em que se iniciou a evangelização da Europa. Como resultado disso, o Evangelho chegou a Atenas.

ORIENTAÇÃO AO PROFESSOR
Conhecer a DEUS e a sua Palavra são necessidades prementes do professor da Escola Dominical. Como ele poderá ser bem-sucedido, se não souber a respeito de quem fala e sobre a sua obra? Por isso, precisa ter uma experiência pessoal com o autor das Sagradas Escrituras, para ser um bom educador cristão.

COMENTÁRIO - INTRODUÇÃO
Disse Henrietta C. Mears: "O maior empreendimento do mundo são as missões estrangeiras, e aqui temos o início dessa grande obra. A idéia originou-se exatamente como devia: numa reunião de oração". A lição de hoje é um estudo das missões transculturais, realizadas por Paulo.
I. PRIMEIRA VIAGEM
1. A partida (13.4). O ponto de partida da primeira viagem de Paulo foi Antioquia da Síria (At 13.1-4). Barnabé e Marcos o acompanharam. Selêucia era uma cidade portuária, onde Paulo e seus companheiros embarcaram.
2. A campanha de Chipre. Chipre era a terra natal de Barnabé (At 4.36), região das primeiras atividades missionárias de Paulo. Em Salamina, anunciaram a Palavra de DEUS nas sinagogas (At 13.4,5). Depois, atravessaram a ilha até o outro extremo dela, chegando a Pafos (13.6-12), onde o apóstolo dos gentios pregou para o procônsul Sérgio Paulo e enfrentou Elimas, o mágico, que se opôs à pregação do Evangelho. Mas a mensagem divina triunfou e o encantador ficou cego por um determinado tempo.
3. Galácia do Sul (Pisídia e Licaônia). Depois, Paulo deixou a ilha e seguiu para o continente, passando por Perge, cidade da Panfilia. Marcos se assombrou com a hostilidade daquela sociedade pagã e voltou para a casa de sua mãe, em Jerusalém (13.13,14; 12.12). Na sinagoga de Antioquia da Pisídia, o apóstolo dos gentios pregou aos judeus.
Expulso de Antioquia da Pisídia, Paulo foi para Icônio (At 13.50; 14.1-5). Como as hostilidades era.m as mesmas da cidade anterior, havendo motim tanto dos judeus como dos gentios, foram para a região da Licaônia, e fundaram igrejas em Listra e Derbe.
A atividade missionária de Paulo em Listra resultou na cura de um coxo (14.8-10). Isso chamou a atenção das multidões, onde o apóstolo dos gentios aproveitou para anunciar a Palavra de DEUS. Os judeus de Antioquia da Pisídia e de Icônio o. atacaram, e ele foi arrastado da cidade, quase morto (At 14.19).
4. Fim da primeira viagem. Depois disso, Paulo e Barnabé foram para Derbe (14.20). De lá, retomaram ao ponto de partida, confirmando as igrejas em Listra, Icônio e Antioquia da Pisídia (14.22) e estabelecendo pastores nativos em cada uma delas (14.23). Essa primeira viagem começou em 46 e terminou em 48 d.C. e ocupa os capítulos 13 e 14 de Atos.
ll. SEGUNDA VIAGEM
1. Paulo e Barnabé se separam. Depois do Concílio de Jerusalém, Paulo resolveu empreender outra viagem. Era a segunda, com dois objetivos: visitar as igrejas que ele fundara durante a sua primeira missão e abrir novos campos de trabalho. Barnabé queria levar seu sobrinho Marcos, mas o apóstolo dos gentios não concordou com a idéia, pois aquele jovem havia voltado do meio do caminho, na vez anterior. Isso foi motivo para se separarem, apesar de terem continuado amigos.
2. Visitando as igrejas. Paulo e Silas partiram de Antioquia da Síria, de onde havia uma estrada que ia até Tarso e Ásia Menor. Portanto, nessa segunda viagem, o apóstolo dos gentios viajou por terra, atravessou a Cilícia, região onde se situava Tarso, sua terra natal, (não há registro de que ele tenha realizado trabalhos missionários em sua cidade), e seguiu direto para Derbe, Listra, Icônio e Antioquia da Pisídia, a fim de fortalecer as igrejas.
Em Listra, encontrou Timóteo e levou-o também. Os três atravessam a região frígio-gálata (região norte da Galácia). onde são "impedidos pelo ESPÍRITO SANTO de anunciar a palavra na Ásia" (At 16.6). Seguiram para Mísia e tentaram ir a Bitínia, "mas o ESPÍRITO de JESUS não lho permitiu" (At 16.7). Então, partiram para Trôade (At J 6.8).
3. Trôade e Neápolis. Antiga Tróia da Ilíada de Homero. Nessa
cidade, Paulo teve uma visão em que alguém lhe dizia: "Passa à Macedônia e ajuda-nos!" (16.9). Nessa localidade, Lucas se juntou à comitiva (16.10). Navegaram para Neápolis, durante dois dias de viagem, e chegaram a Filipos.
4. Filipos. Colônia romana e uma das principais cidades da Macedônia. Com essa visita, Paulo fundou a primeira igreja européia. Ao entrar, assim, neste continente, ele se deparou com outra realidade. Os romanos seriam uma nova experiência para o seu apostolado.
Nessa cidade, ele organizou uma igreja na casa de Lídia, vendedora de púrpura (16.14, 15). Nessa ocasião, libertou uma adivinha da opressão maligna e foi, por isso, para a cadeia, juntamente com Silas. O resultado foi a conversão do carcereiro (16.33, 34). Os direitos dos dois, como cidadãos romanos, foram desrespeitados. De lá, partiram para Tessalônica, passando por Anfípolis e Apolônia (At 17.1).
5. Tessalônica e Beréia. Tessalônica era a principal cidade da Macedônia. Sua população era constituída de gregos, romanos e judeus. Como de costume, o apóstolo procurou uma sinagoga, para iniciar seu trabalho. Paulo só ficou três semanas nessa localidade. por causa da perseguição (17,2,5). De lá, partiram para Beréia (v.10).
Os bereanos foram mais receptivos que os tessalonicenses e Paulo. na sinagoga, anunciou o Evangelho do Senhor JESUS. Como Beréia estava próxima de Tessalônica, não demorou muito, para que os mesmos judeus, os quais perseguiram o apóstolo, viessem também para aquela cidade. Assim, ele saiu às pressas e sozinho, indo para Atenas, deixando Silas e Timóteo naquela localidade (At 17.13-15).
6. Atenas. Paulo navegou para Atenas, o centro cultural do mundo grego. Lá, pregou para os filósofos estóicos e epicureus (duas escolas filosóficas muito em voga nos dias do apóstolo), e fundou uma igreja, como resultado dessa pregação, mas com um grupo muito pequeno.
De Atenas, partiu para Corinto (At 18.1). A maneira como Paulo descreveu o estado psicológico em que se encontrava, ao chegar naquela cidade (1 Co 2.1-5), mostra que a sua emoção ia muito além das palavras de Lucas, em Atos 17.32,33.
7. Corinto. Era a capital da Grécia, naqueles dias, com uma população de, aproximadamente, 500 mil habitantes. Paulo permaneceu ali. durante um ano e meio, onde ensinou a Palavra de DEUS (At 18.11). Morou na casa de Áquila (judeu do Ponto e expulso de Roma, por determinação de Cláudio) e Priscila, sua mulher.
De Corinto, em 52 d.C., ele escreveu 1 Tessalonicenses (1 Ts 3.6). Em menos de um ano, ele enviou. a segunda carta para a mesma igreja.
De lá, foi para Cencréia, cidade portuária, de onde partiu para sua base(18.18), com breve parada em Éfeso, navegando, em seguida, rumo a Cesaréia, de onde seguiu para Jerusalém e depois Antioquia da Síria (18.22). É o fim de sua segunda viagem.
III. TERCEIRA VIAGEM
1. Éfeso. Paulo começou a terceira viagem a partir de Antioquia da Síria, como fez nas duas primeiras (At 13.2-4; 15.35-40; 18.23). Lucas omitiu detalhes dessa trajetória, até chegar a Éfeso.
a) Localização. CapitaI da Ásia Menor, era a cidade. mais importante da região, pois localizava-se no cruzamento das rotas comerciais. Nela, encontrava-se o templo da deusa Diana, chamada pelos romanos de Ártemis, uma das sete maravilhas do mundo antigo.
b) Primeiros discípulos em.Éfeso. Por essa cidade havia passado Apolo (18.24) que foi instruído.por Áquila (18.26). Paulo encontrou nela um grupo de 12 novos convertidos, que conheciam apenas o batismo de João (19.1-7).
2. Regresso de Paulo. Novamente, Paulo viaja para Corinto, onde passou três meses (20.3), Aos coríntios ele escreveu duas cartas. De Éfeso, a primeira; e da Macedônia, a segunda, Nessa última visita a Corinto, escreveu a carta aos Romanos, em 58 d.C., à irmã Febe, de Cencréia; foi a portadora (Rm 16.1).
Na volta para Antioquia da Frígia, por terra, visitou as igrejas da Macedônia (20.1,2), até chegar a Mileto, depois de passar cinco dias em Filipos.
De Mileto, mandou chamar os anciãos da igreja em Éfeso, pois tinha pressa, e queria chegar o mais rápido possível a Jerusalém, para a festa de Pentecoste (20.16). Na praia local, fez o célebre discurso de despedida (20.17-38). Depois, segue para Cesaréia, passando pela Fenícia, e, em seguida, chega à Cidade Santa, onde é preso pelos judeus (At 21.1-8,27-36).
IV. QUARTA VIAGEM
1. Paulo é preso em Jerusalém. Isso aconteceu no Templo (21.27). Ele se defendeu diante do povo (21.40-22.2]) e do Sinédrio (22.3023.10). É enviado para Cesaréia, onde se apresenta diante de Félix (23.23-24.1-27), Festo e Agripa 11 (25.22-26-32).
2. Viagem para Roma. Como Paulo apelou para César (25.11; 26.32), na condição de prisioneiro romano, partiu de Cesaréia com destino a Roma (27.1-2). Foi uma viagem muito difícil. Era inverno, e o navio naufragou em Malta, onde esteve três meses (28.1-11). Até que chegou à capital do Império em 62 d.C.
3. Epístolas de Roma. Da capital do Império, escreveu as seguintes cartas: Efésios, Colossenses e Filemom, em 62 d.C.; Filipenses, em 63 d.C. Entre 67 e 68: 2 Timóteo, após o incêndio de Roma, quando estava preso pela segunda vez, durante a sua condicional. Em 64 d.C., escreveu da Macedônia: 1 Timóteo e a epístola a Tito.
CONCLUSÃO
Se Paulo vivesse em nossos dias, teria passaporte turco, pois Tarso situa-se hoje na Turquia. Será que, como cidadão deste país, ele permitiria que fosse uma das nações menos evangelizadas do mundo? A sua população é de 61 milhões de habitantes (1995), com 99,8% de muçulmanos. Os evangélicos não chegam aos 0,02%. Eis aí o desafio para as igrejas que querem imitar o apóstolo dos gentios! (1 Co 11.1).

ENSINAMENTOS PRÁTICOS
1. Paulo não possuía os recursos de que dispomos na atualidade e fez muito mais do que todos nós juntos. Ele andava, na maioria das vezes,a pé, ou em velhas embarcações marítimas, ocasião em que enfrentou diversos perigos, tanto dos salteadores, nas estradas, como nos mares, por causa das tempestades e dos piratas.
2. Em todas as viagens que empreendeu, Paulo defrontou-se com muitas perseguições. Uma vez, foi apedrejado até considerarem-no morto. Em Filipos, apesar de ser um cidadão romano, foi despido e apanhou publicamente. No entanto, em vez de reclamar, na prisão daquela localidade, glorificou a DEUS e ganhou o carcereiro para JESUS.
3. Paulo, por tudo o que sofreu, durante o exercício do seu ministério como apóstolo dos gentios, tornou-se o modelo para todos nós. Basta, agora, descruzarmos os braços, orarmos, buscarmos a direção divina e realizarmos a obra que o Senhor JESUS nos confiou, desde o momento em que o aceitamos como nosso Salvador.

GLOSSÁRIO
Apaziguar: pôr em paz. Apologia: discurso para justificar, defender ou louvar.
Assombro: admiração, estranhamento; espanto, maravilha.
Aventureiro: aquele que vive dos acasos da sorte; incerto, indivíduo que ama a aventura.
Comitiva: conjunto de pessoas que acompanham outra por cortezia.
Concílio: reunião de uma igreja cristã pela convocação de uma representação determinada. para definir e deliberar sobre pontos atinentes à missão que lhe é própria.
Hostilidade: agressividade, provocação
Mágico: extraordinário, sobrenatural;encantador, fascinante, ilusionista.
Motim: tumulto, barulho, desordem.


Espada Cortante 2 - Orlando S. Boyer - CPAD - Rio de Janeiro - RJ
A primeira viagem missionária
A ocasião impressionante na obra de missões, quando Paulo e Barnabé se despediram da igreja em Antioquia. Houvera missionários ao estrangeiro antes disso, por exemplo, Abraão (Gn 12.3) e Jonas. Mas essa viagem missionária de Barnabé e Saulo era a primeira de nossa época. Outra ocasião emocionante foi quando o Senhor da seara enviou Paulo à Macedônia, isso é, para levar o Evangelho ao grande continente da Europa, capo 16. Durante longos séculos a Igreja se esqueceu dessa paixão, que dominava a vida de Paulo - até a hora palpitante, em 1792, quando Guilherme Carey pregou sobre Is 54.2,3, com o desafio à Igreja de CRISTO: "Esperai grandes coisas de DEUS... Esforçai-vos em fazer grandes coisas para DEUS" Carey foi à Índia... Nascera a obra atual das missões ao estrangeiro. Jamais houve oportunidade mais palpitante do que agora para levar a Mensagem aos milhões de almas que nunca a ouviram.
A CHAMADA DE BARNABÉ E SAULO, 13.1-3.
A igreja em Antioquia não desprezou a chamada de Barnabé e Saulo, pelo ESPÍRITO SANTO, a pregar o Evangelho ao estrangeiro. Havia meio milhão de almas perdidas na própria cidade de Antioquia, mas a igreja nem por isso, queria desculpar-se da ordem divina de pregar o Evangelho a todas as nações.
13.1 "Na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé, e Simeão, chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes, o tetrarca, e Saulo.2 "E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o ESPÍRITO SANTO: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado.3 "Então, jejuando, e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram.
E na igreja que estava em Antioquia (v.1): Encontra-se a história da auspiciosa fundação desta, a primeira igreja gentílica, no capítulo 11.19-26.
Antioquia da Síria, conhecida como A rainha do oriente, era a terceira cidade do mundo de então, sendo Roma a primeira e Alexandria a segunda. Antioquia tinha 500 mil habitantes de tantas nacionalidades que se dizia ser possível conhecer os costumes do mundo inteiro pela mistura de povos que freqüentavam sua praças. Nunca houve cidade que precisasse mais de reforma moral do que Antioquia da Síria. Contudo, tomou-se a segunda capital do cristianismo e sede das missões da Igreja. Estranho como pareça, a fundação de igreja em Antioquia foi o resultado direto do plano de destruir totalmente o cristianismo. (Vede capo 8.1). As autoridades tinham falhado em acabar com esta "seita", porque era um povo batizado com o ESPÍRITO SANTO e com fogo, e essa sorte de fogo não se apaga, mas se alastra cada vez mais.
Havia alguns profetas e doutores (v. 1 ): Pusera DEUS na nova igreja gentílica profetas e doutores. (Vede 1 Co 12.28; Ef 4.11). Os "doutores" da Igreja Primitiva não eram homens orgulhosos e cheios da sabedoria humana, mas "mestres" (Revisão Autorizada), cheios do ESPÍRITO SANTO, que ensinavam a Palavra de DEUS.
Manaém, que fora criado com Herodes (v.1): Manaém era "colaço de Herodes" (Revisão Autorizada). Isso é, o fervoroso Manaém e o monstro Herodes eram irmãos de leite! Somos enviados a toda a criatura, não sabendo a quem a Mensagem pode atingir!
E, servindo eles ao Senhor (v.2): Qual a maneira de os discípulos em Antioquia servirem, ou ministrarem perante o Senhor? Oravam e suplicavam? Cantavam? Louvavam e adoravam ao Senhor? "Bombardeavam" (Rm 15.30; Hb 10.19) os céus, lutando em oração? Ou esperavam diante de DEUS, humilhando-se até ouvir a voz divina? É muito provável que faziam tudo isso. Mas certamente sem formalismo; tudo era a expressão de corações sinceros e transbordantes. Como os sacerdotes ministravam no templo, assim na igreja os discípulos oravam, liam as Escrituras,jejuavam, etc. As igrejas hoje que seguem esse exemplo dos crentes em Antioquia, podem testificar que CRISTO é o mesmo em todos os séculos.
Alguns têm de ficar trabalhando na cidade; outros têm de sair para a obra no estrangeiro. Mas é o ESPÍRITO SANTO que faz a escolha.
Convém que o crente ore e se esforce quanto à chamada de DEUS, mas não deve andar cuidadoso quanto à sua honra e posição na igreja. O ESPÍRITO coloca todos nos seus próprios lugares. "Espera no Senhor..." (SI 27.14), passando o dia em oração e jejum.
A reunião na igreja em Antioquia não é exemplo de uma igreja discutir as qualificações dos homens para a evangelização, mas sim, de deixar o Senhor separar os Seus servos que Ele havia escolhido. A igreja sempre erra quando não pede conselho à boca de Jeová. (Vede Josué 9, notando especialmente v.14).
Os seminários não podem "fabricar" ministros da Palavra; esses são chamados pelo ESPÍRITO SANTO.
E jejuando (v.2): Porque é tão raro uma igreja convocar seus membros para jejuarem? Vede Juízes 20.26;Joel1.14; 2.15,16;Jonas 3.5; Atos 13.2; etc. Foi depois de Moisés jejuar e orar quarenta dias e noites que seu rosto brilhava até precisar cobri-lo com véu, Êx 34.28-35. Foi depois de Daniel jejuar e orar que, foi honrado com a preciosa visão das setenta semanas, Dn 9.3,20-27. Foi, também, depois de jejuar e orar que teve a visão do grande anjo, Dn 10.2,3,12. Foi quando Ana jejuava que a sua oração por um filho foi ouvida, 1 Sm 1.17,18. Foi quando Cornélio jejuava e orava que DEUS lhe enviou o anjo, Atos 10.30.
O jejum formal pouco ou nada vale. O jejum, porém, com o alvo de evitar as coisas que nos impedem de buscar a presença de DEUS, em oração, é indispensável. Carlos Fumey, que durante o seu ministério conduziu centenas de milhares de almas para receberem salvação aos pés de CRISTO, reconhecia o grande valor do jejum. Era a convicção dele que todos os crentes podiam assim receber o poder de gravar na mente dos homens o desejo de serem salvos. Ele diz: "Às vezes este poder é transmitido só por uma frase, uma palavra, um gesto, ou por um olhar, de uma maneira para vencer. Para a honra de DEUS somente, quero relatar um pouco da minha experiência nisso. Fui profundamente convertido na manhã do dia 10 de outubro de 1821. Na tarde do mesmo dia fui batizado tão grandemente no ESPÍRITO SANTO que parecia passarem grandes ondas pelo corpo e pela alma. Imediatamente me achei revestido com tal poder do alto que poucas palavras proferidas a uma pessoa, resultavam imediatamente na sua conversão. As palavras pareciam segurar, como flechas farpadas, as almas dos homens. Feriam como uma espada. Quebravam-lhes o coração como martelo. Multidões podiam testificar disso. Às vezes me encontrava quase inteiramente sem esse poder. Se visitava o próximo, não podia influenciá-lo para a salvação. Se exortava ou orava era sem resultado. Então, receoso de que o poder se tivesse afastado de mim, consagrava um dia para jejuar e orar em secreto, procurando saber por que parecia tão vazio. Depois de me humilhar e clamar pedindo a DEUS, o poder voltava sobre mim com o mesmo vigor. Isso é a experiência da minha vida.
Disse o ESPÍRITO (v.2): Como falou? Não sabemos se foi por uma voz que encheu o recinto, ou se foi por um crente movido pelo ESPÍRITO SANTO, que se levantou e falou e todos ficaram convencidos de que ele dizia a vontade do ESPÍRITO, ou se foi por meio de profecia, ou se foi por meio de mensagem em línguas com interpretação, 1 Co 14.5, ou se foi por meio de uma voz (Vede 1 Reis 19.12) que falou definitivamente a sua alma. A igreja, certamente, sabia discernir se o espírito que falou era o ESPÍRITO SANTO de DEUS ou se era um espírito mentiroso de Satanás. (Vede 1 Reis 22.21-23 e 1 Co 12.10).
Antes da Sua retirada do mundo, CRISTO prometeu mandar o ESPÍRITO SANTO para ocupar o Seu lugar aqui na terra. Em Atos dos apóstolos encontra-se o cumprimento da promessa: capo 8.29; 10.19; 15.28; 16.6,7; 20.23; etc. É certo que estamos agora na dispensação da terceira Pessoa da Trindade, o ESPÍRITO SANTO. Portanto estamos tanto sob a direção dEle como os apóstolos estavam da segunda Pessoa, JESUS.
Para a obra que os tenho chamado (v.2): Paulo e Barnabé já estavam cientes da chamada; nesta ocasião a chamada foi-Ihes confirmada. Quando o crente é chamado pelo ESPÍRITO, o mesmo ESPÍRITO revela à igreja.
É provável que a igreja estivesse ministrando perante o Senhor, anelando por saber a vontade dEle em dar o passo para evangelizar os milhões de gentios do mundo afora, na Síria, na Ásia e na Europa. (Vede Atos 1.8). As igrejas têm muita razão de imitar o mesmo exemplo, lutando juntas em oração pelos dois bilhões de habitantes do mundo, dos quais ao menos oitocentos milhões nunca foram evangelizados, e os que são, precisam de mais pastores.
Um dos assuntos mais importantes de as igrejas enviar missionários hoje é o seu sustento. Em Antioquia, parece que nem foi mencionado porque estavam tão certos de que o Senhor ia suprir.
Então jejuando e orando, e pondo eles as mãos (v.3): A igreja não despediu seus missionários com festa e banquete, mas com oração e jejum. Foi com culto de consagração, no qual a igreja reconheceu oficialmente e com solenidade a chamada dos dois por DEUS. Não é bom que o crente, chamado, saia sem a igreja o enviar. O obreiro não pode ser livre no sentido de ele não precisar das orações, conselho e sustento dos irmãos em CRISTO. Notemos as palavras: "os despediram" e "enviados pelo ESPÍRITO SANTO", v.4. Eram enviados, sim, pelo ESPÍRITO, mas não sem a igreja, também enviá-Ios. (Compare Rm 10.15).
ELIMAS, O MÁGICO, 13.4-12.
Quando Barnabé e Saulo iniciaram sua viagem, deram um passo que mudou todo o curso da história do mundo até agora e que terá grande influência sobre as gerações que ainda não nasceram.
Foi um judeu que levou o Evangelho a Roma, um romano que o levou à França, um francês que o levou à Escandinávia, um escandinavo que o levou à Escócia, um escocês que o levou à Irlanda. Não há povo que recebesse o Evangelho a não ser por intermédio de estrangeiro.

Insultos, blasfêmias, para convencer Sérgio Paulo do absurdo da nova fé. Elimas era:
1) Um mágico, isto é, pessoa que pretendia exercer o poder do mundo invisível.
2) Um falso profeta, ostentava-se como porta-voz e mensageiro de DEUS. Vede o castigo de DEUS para os falsos profetas, Dt 13.
3) Seu nome "Elimas" é arábico e quer dizer "mágico", como aparece no v.6.
4) Menciona-se o fato de ele ser judeu, parece para dar ênfase de ele ser um homem que conhecia o verdadeiro DEUS na Lei e nos Profetas, assim com mais culpa ainda.
Saulo) que também se chama Paulo (v.9): Saulo, depois da conversão de Sérgio Paulo, assumiu o nome de "Paulo" ("pequeno"). Não era conhecido mais pelo nome judaico "Saulo" ("pedido"), mas pelo nome gentílico, "Paulo". Gloriava-se da sua origem judaica. (Fp 3.4-6), e naturalmente do seu nome hebraico. Mas rejeitou tudo (Fp 3.7,8), inclusive seu nome, reputando perda por CRISTO. Fez-se tudo para com todos, com fim de, por todos os modos, salvar alguns, 1Co 9.22.
Até esta altura menciona-se Barnabé e Saulo, sempre dando a Barnabé o primeiro lugar. Mas entravam em um empreendimento ao qual DEUS chamara especialmente a Saulo, o de levar Seu nome diante dos gentios, e dos reis, capo 9.15. Não é mais "Barnabé e Saulo", mas sim, "Paulo e Barnabé". Felizmente Barnabé "era homem de bem e cheio do espírito SANTO...", capo 11.24. Assim, reconhecia que Paulo, instruído, experiente e chamado por DEUS, tinha todas as qualificações para passar a frente na obra entre os gentios. As Escrituras não indicam que Barnabé sentia inveja, ocupando o segundo lugar na gloriosa obra.
Cheio do ESPÍRITO SANTO (v.9): Paulo foi cheio novamente. Tomou a frente de Barnabé porque foi cheio do ESPÍRITO SANTO. É um dos inumeráveis exemplos do fato de CRISTO ficar à destra do Pai (Atos 2.33) para derramar novamente o ESPÍRITO SANTO em qualquer emergência.
Como no caso de Sérgio Paulo, milhares de almas estão atraídas atualmente pelo encanto e fascinação do sobrenatural das seitas sem CRISTO. Elimas amava a sórdida ganância, mas o ESPÍRITO SANTO agia por amor ao homem. O que Elimas tinha de sobrenatural era falso; o do ESPÍRITO SANTO, verdadeiro. O alvo de Elimas era desviar da fé; o do ESPÍRITO SANTO, de estabelecer o homem na fé. O sobrenatural na magia do ocultismo, do espiritismo, etc..., é uma das maiores ameaças à fé em cristo. Há vitória certa para a Igreja de CRISTO, mas somente seguindo o exemplo de Paulo, isto é, somente no poder de crentes cheios do ESPÍRITO SANTO. Note-se que Paulo não falava, nesta ocasião, com sabedoria humana adquirida nos seus estudos. A sabedoria humana, nem o fervor humano, não são suficientes para desempenhar a obra de DEUS. O Senhor quer, em todas as emergências, enchermos novamente de Seu ESPÍRITO.
Ó filho do diabo (v.10): amava-se Elimas, "Barjesus" (v.6), isto é, "Filho do senhor que salva". Mas Paulo desmascarou o mágico, chamando-o "filho do diabo". Como porta-voz de DEUS, Paulo descobriu a verdade acerca desse judeu apóstata. Mas, note-se bem; Paulo não falava precipitadamente na paixão da carne, mas cheio do espírito SANTO. Vede o que diz acerca de maldizentes, 1 Co 6.9,10; 1 Pe 3.9. Compare Judas 9.
Ficarás cego (v.U): O apóstolo, inspirado pelo ESPÍRITO, pronunciou a sentença. (Compare capo 5.3-5).
Sem ver o sol por algum tempo (v.U): A cegueira não devia ser permanente, apenas "por algum tempo". DEUS desejava que Elimas se arrependesse.
A escuridão e as trevas caíram sobre ele (v.11): O mesmo acontecera aos sodomitas quando perseguiram Ló (Gn 19.11), e aos sírios quando perseguiram Eliseu, 2 Reis 6.18.
Então o procônsul, vendo o que havia acontecido, creu, maravilhado... (v.12): Sérgio Paulo estava estupefato; a palavra indica grande emoção. Note-se que foi a doutrina que o comoveu profundamente, não apenas o milagre. Prodígios sem a Palavra, nada valem. Mas não há coisa alguma que esclarece e reveste a Palavra de poder como a operação milagrosa do ESPÍRITO SANTO.
PAULO E BARNABÉ VÃO PARA OS GENTIOS, 13.44-52.
Ajuntou-se quase toda a cidade a ouvir a palavra de DEUS (v.44): Grandemente abençoado é o culto em que há verdadeira fome da Palavra de DEUS. Grandemente abençoada é a cidade cujo povo procura a casa de DEUS, em vez dos lugares de divertimentos. Grandemente abençoado é o pregador que pode dirigir-se a "quase toda a cidade", em vez de a alguns bancos desocupados. Grandemente abençoada é a obra que deixa os recém-convertidos cheios do ESPÍRITO SANTO, v.52. A súmula é: Grandemente abençoado é o filho de DEUS que faz a sua obra no poder do ESPÍRITO SANTO, como fizeram Paulo e Barnabé. Os pregadores foram expulsos da cidade, mas o Consolador ficava nos novos convertidos, os quais transbordavam de gozo. (Vede Fp 4.4; Atos 16.25; Mt 5.11,12).
(S) soldado cristão ama ardentemente o grande General e a Pátria Celestial. Ele é fiel até a morte, isto é, é fiel mesmo se lhe custe a vida, Ap 2.5. Não vacila, mesmo se o inimigo da humanidade lhe bombardeie com "bombas de quatro toneladas" de censura, de calúnia e de perseguição. Foi depois de Paulo ser apedrejado e deixado como morto em Listra (v.19), que escreveu: "Sofre pois, comigo, as aflições como bom soldado de JESUS CRISTO", 2 Tm 2.3. Depois do apedrejamento, o invencível apóstolo se levantou do chão e continuou "o bom combate" (2 Tm 4.6) sem perder um dia.


Atos - Introdução e Comentário - I. Howard Marshall - Série Cultura Bíblica - edições 1985,1988, 1991, 1999 e 2001 - Sociedade Religiosa Edições Vida Nova - SP
A MISSÃO A ÁSIA MENOR E SUAS CONSEQÜÊNCIAS (13:1-15:35)
a. A vocação à missão (13:1-3)
Atos caps. 13-14 contém o relato do primeiro período de atividade missionária de Paulo, levado a efeito juntamente com Barnabé. De toda a obra missionária de Paulo, este período tem mais direito de ser chamado uma ''viagem missionária", conforme é o costume em mapas bíblicos. Os períodos posteriores foram muito mais dedicados às extensas atividades nas cidades-chaves importantes do mundo antigo, e recebemos um quadro falso da estratégia de Paulo se imaginamos que ele corria rapidamente em viagens missionárias de um lugar para outro, deixando por detrás dele pequenos grupos de convertidos semi-instruídos; era sua política geral permanecer numa só localidade até que tivesse estabelecido os alicerces firmes de uma comunidade cristã, ou até que fosse forçado a ir embora por circunstâncias além do seu controle. A mesma estratégia básica foi, na realidade, seguida nesta campanha missionária em Ásia Menor (cf. 13:50; 14:3, 5-7,20).
A importância da presente narrativa é que descreve o primeiro ato planejado de "missão estrangeira" levado a efeito por representantes de uma igreja específica, e não por indivíduos isolados, e iniciado por uma decisão deliberada da igreja, inspirada pelo ESPÍRITO, mais do que casualmente como resultado da perseguição.138 Lucas, portanto, descreve com pormenores solenes como os missionários foram nomeados. numa reunião da igreja sob a orientação do ESPÍRITO SANTO. Está bem consciente que sua descrição diz respeito a um evento crucial na história da igreja.
1. A narrativa começa com uma descrição de como a igreja em Antioquia era servida por um grupo de profetas e mestres. Alistam-se cinco nomes. Em primeiro lugar vem Barnabé que, como líder cristão de Jerusalém talvez seja considerado o mais importante do grupo, ou talvez o cristão de mais tempo na fé (quanto aos primeiros convertidos poderem tonar-se líderes da igreja, ver 1 Co 16:15-16). Em segundo lugar, há Simeão, homem este com um nome judaico e, portanto, um judeu, com toda a probabilidade; seu outro nome, Níger, é latino, e significa "de compleição escura"; tendo em vista ser ele mencionado precisamente antes de um cireniano, tem-se pensado ser ele também um cireniano e, portanto, identificável com o Simão que carregou a cruz de CRISTO (Lc 23:36), mas, se for este o caso, é surpreendente que Lucas tenha dado ortografia diferente a cada um dos dois nomes. Em terceiro lugar, há Lúcio de Cirene, que, segundo se presume, era um dos membros 'fundadores da igreja (11:20). Já foi feita a conjectura no sentido de que Lúcio deva ser identificado com o próprio Lucas, identificação esta que foi feita por pelo menos um dos escribas primitivos, mas é improvável.11:39 Em quarto lugar, temos Manaém, um nome judaico que significa "consolador", um associado de Herodes Antipas; o termo colaço, ou "membro da corte" talvez se refira a um menino da mesma idade, criado como companheiro de um príncipe ou, de modo mais geral, a um cortesão ou amigo de um soberano; seja qual for o significado preciso, é possível que Manaém fosse a fonte informativa de Lucas, para a matéria a respeito de Herodes Antipas que não se acha nos demais Evangelhos. Finalmente, há Paulo, que aqui recebe seu nome judaico de Saulo, conforme tem sido a praxe usual de Lucas até este ponto (ver v. 9). Lucas não nos conta quais destes homens eram profetas e quais eram mestres. A probabilidade é que não era muito nítida a linha divisória, sendo que os dois grupos se dedicavam à exposição do significado das Escrituras proféticas e à exortação; os profetas, porém, também tinham o dom de pronunciamentos carismáticos. Podemos contrastar a atividade magisterial de Barnabé e Paulo (11:36) com as mensagens inspiradas de profetas tais como Ágabo (11:27-28).
2. Não fica claro se o sujeito da frase, eles, diz respeito aos profetas e mestres, ou se inclui os membros da igreja, de modo geral. Visto que a lista de nomes no v. 1 visa primariamente demonstrar quem estava disponível para o serviço missionário, e visto que as mudanças de sujeito não são incomuns em Grego, é preferível supor que Lucas está pensando numa atividade que inclui os membros da igreja na sua totalidade. Esta interpretação se harmoniza com o fato de que, noutros trechos, decisões semelhantes são feitas pela igreja na sua totalidade (1:15; 6:2,5; cf. 14:27; 15:22).
Segundo este ponto de vista, os membros da igreja estavam reunidos para servir ao Senhor e jejuar. Servir ao Senhor é um ato de adoração, e a palavra grega originalmente se empregava para o serviço público que as pessoas realizavam às suas próprias custas, e depois, no Antigo Testamento Grego, aplicava-se ao serviço ritual dos sacerdotes e levitas no templo (cf. Lc 1 :23). O pensamento aqui é que a igreja serve a DEUS quando se reúne, e, sendo que noutros trechos o jejum se associa com a oração, é provável que a oração seja considerada a atividade religiosa da igreja. O jejum, ou abstinência voluntária do alimento, também se associa com a oração em 14:23, quando foram nomeados os líderes da igreja local, mas fora disto, não é atestado como praxe da igreja primitiva (ver, porém, 2 Co 6:5; 11:27 para a experiência pessoal de Paulo). Aqui, demarca a importância da ocasião, quando a igreja sentiu a necessidade de deixar de lado até mesmo as exigências da fome a fim de concentrar-se no culto a DEUS e no recebimento da orientação da parte dEle.
Para uma igreja que esperava no Senhor, veio a Sua palavra. O ESPÍRITO é nomeado como sendo o autor, pois é Ele quem nomeia os líderes da igreja (20:28) e guia a igreja em pontos cruciais. O ESPÍRITO, no entanto, fala por intermédio de homens (4:25), e deve-se supor que um dos profetas na igreja recebeu a mensagem que conclamou a igreja a separar dois dos seus líderes para uma tarefa à qual DEUS os chamava. Muitas vezes tem sido notado como a igreja tinha que se dispor a abrir mão dos serviços de dois dos seus mestres mais destacados, por amor à obra de DEUS noutros locais. A natureza da tarefa140 não é mencionada neste ponto, possivelmente por causa do efeito literário, mas fica claro que a obra missionária deve ter sido indicada; não se declara se os missionários receberam nesta ocasião, ou mais tarde (13:4) instruções quanto ao roteiro. A lição principal que Lucas inculca é que a missão é inaugurada pelo próprio DEUS.
3. A despedida dos missionários foi precedida por mais uma sessão de oração e jejum, tratando-se desta vez, sem dúvida, de um período de intercessão em prol da sua obra futura. Depois, os missionários foram comissionados pela igreja pela imposição das mãos (6:6), um ato de bênção mediante o qual a igreja se associava com eles e os recomendava à graça de DEUS (14:26), e não uma ordenação para um serviço vitalício, e muito menos uma nomeação ao apostolado.
Já tinha havido algum trabalho de evangelização em Chipre anteriormente (11:19) e alguns membros da igreja em Antioquia tinham laços familiares com a ilha, inclusive o próprio Barnabé (4:36). Do ponto de vista humano, no entanto, era natural que a missão começasse ali, mas foi pelo ESPÍRITO que os missionários se sentiram guindados para irem para lá. Seguiu-se um padrão de estabelecer contatos com as sinagogas, mas o interesse principal da história centraliza-se na audiência que Paulo teve com o governador romano e sua confrontação com um mágico que se opôs à pregação do evangelho. A história mostra como a classe governante romana tinha interesse simpático pelo evangelho, e como o poder do evangelho era superior àquele da magia pagã. Ao mesmo tempo, Lucas demonstra como Paulo veio a assumir a posição de liderança na missão; sejam quais tenham sido as qualidades excelentes de Barnabé noutros aspectos (especialmente como ensinador cristão), tinha que reconhecer que Paulo possuía, em medida fora do comum, os dons de um evangelista.
4-5. Lucas ressalta, mais uma vez, que foi o ESPÍRITO SANTO quem dirigiu a partida dos missionários, e os colocou em uma situação de conflito com a força do mal (v. 9). Podemos ver um paralelo com a unção de JESUS com o ESPÍRITO ao começar Seu ministério, seguida por um conflito com Satanás (Lc 3:22; 4:1-2, 14)? Visto que Antioquia ficava cerca de 26 km longe do mar, Barnabé e Paulo começaram a viagem marítima do porto mais próximo, Selêucia. Foi uma viagem de cerca de 96 km para Chipre, uma ilha grande, de 223 km de comprimento e 96 km de largura. Tinha importância econômica por causa das suas minas de cobre, e fora anexada pelos romanos; já a esta altura tinha se tornada em província senatorial. Antes, tinha sido colonizada por gregos, e Salamina, no litoral oriental, era uma cidade grega. Havia também uma população judaica substancial, conforme indica o comentário no sentido de haver mais de uma sinagoga. Barnabé e Paulo começaram sua obra missionária mediante pregações nas sinagogas; este padrão haveria de ser seguido freqüentemente (13:14,46; 14:1; 16:13 (ver); 17:1, 10; 18:4, 19; 19:8; 28:17). Não somente seguia o princípio de "primeiro ao judeu", mas também fazia sentido prático ao estabelecer um ponto de contato para o evangelho.141
Não se nos informa se a pregação foi eficaz neste caso. Ao invés disto, temos a informação de que João os ajudava. Trata-se de João Marcos (12:12; 13:13; 15:37-39). A referência parece estranha neste ponto. É claro que Lucas a incluiu para explicar as referências posteriores ã sua separação do grupo, mas o problema é por que não o fez no começo da história. Há, talvez, uma sugestão de que não foi enviado pelo ESPÍRITO, e de que foi por isso que não completou a sua missão? Ou será que Lucas evita dizer diretamente que Marcos fora enviado pelo ESPÍRITO, a fim de evitar a sugestão de que, mais tarde, resistiu a orientação do ESPÍRITO? João Marcos, porém, era mero auxiliar, e não fazia parte do grupo de profetas e mestres alistados em 13:1-3, e, portanto, não era necessário mencioná-Io ali. Além disto, era praxe de Paulo levar consigo jovens para serem seus assistentes na obra, e não há boa razão para duvidar que esta nomeação tivesse sido feita com boa fé. Visto que Barnabé pertencia a Chipre, e mais tarde levou João Marcos com ele de volta para lá, é possível que o próprio jovem tivesse vínculos familiares com a ilha, e que por isso é que foi escolhido para acompanhar os demais missionários. Talvez seja este vínculo familiar com Chipre que levou ã menção do seu nome neste ponto específico da história. É incerto o papel de João Marcos como auxiliar. Os comentaristas diferem entre si quanto ao seu papel de ajudar os missionários no nível prático (cf. o emprego do verbo equivalente em 20:34; 24:23) ou na obra do evangelho, mas talvez tivesse as duas funções; é improvável que Lucas aqui queira designá-lo como "servo da palavra" (Lc 1 :2).
aqui como sendo a palavra de DEUS (4:31; 13:5,7, etc.). Lucas escreve com exagero perdoável, e não precisamos ficar com dor de cabeça, como alguns literalistas céticos, que ficam querendo saber como as multidões poderiam acomodar-se na sinagoga. O efeito das multidões, porém, foi levar os judeus a ter inveja dos missionários; decerto, os esforços missionários dos judeus tinham tido muito menos sucesso. Ao mesmo tempo, provavelmente discordavam com a mensagem que estava sendo pregada, e, destarte, argumentavam contra os missionários, e os difamavam (ARA blasfemando).
Sem dúvida, foi apenas uma seção dos judeus que adotou esta atitude, conforme demonstra v. 43. Mesmo assim, ficou claro que o judaísmo oficial, representado pela sinagoga, estava rejeitando o evangelho. Paulo e Barnabé acharam necessário falar aberta e ousadamente, para declarar a sua intenção de levar aos gentios o evangelho. Já cumpriram seu dever de irem "primeiramente aos judeus"; o fundamento deste dever nunca é totalmente esclarecido no Novo Testamento, mas supõe-se que se fundamenta na natureza de Israel, o povo do DEUS da aliança, ao qual continuou a oferecer as promessas da salvação. Agora, depois de os judeus, como um grupo, dizerem "Não" ao evangelho, sendo desqualificados para receber a vida eterna, os missionários ficaram desobrigados quanto a eles, e podiam dedicar aos gentios a totalidade da sua atenção. Esta ação, no entanto, não deve ser considerada um tipo derivado à rejeição do evangelho da parte dos judeus. Desde o início, os missionários perceberam que a sua tarefa incluía os gentios, pois o Antigo Testamento claramente declarara que a tarefa do Servo de DEUS era ser uma luz para as nações e ser um meio de salvação em toda parte do mundo. Esta citação de Isaías 49:6 faz parte de uma das passagens que descrevem a obra do Servo de DEUS que, em Isaías 44:1, claramente se identifica como sendo Israel. Em Isaías 49:5-6, porém, o Servo tem uma missão para Israel, e, portanto, deve ser identificado como sendo uma pessoa ou grupo de pessoas dentro de Israel. Os cristãos primitivos viam em JESUS o cumprimento da profecia (cf. a citação de Is 42:14 em Mt 12:17-21, e de Is 53:7-8 em At 8:32-35); a passagem aqui citada, porém, assevera que a missão do Servo, também é a tarefa dos seguidores de JESUS. Assim, a tarefa que Israel não cumpriu, passou para JESUS, e, depois, para Seu povo como o novo Israel; é a tarefa de trazer a todos os povos da terra a luz da revelação e da salvação (cf. a alusão clara a Is 49:6 em Lc 2(29-32).
48-52. A resposta dos gentios que ouviram a mensagem foi imediata e de todo o coração. Regozijavam-se com as boas novas e louvavam a palavra do Senhor. Esta frase tem paralelo em 2 Tessalonicenses 3:1 e significa que glória é dada ao Senhor quando as pessoas aceitam a Sua palavra e crêem nela. Aqueles que creram s[o descritos como os que haviam sido destinados para a vida eterna. A frase significa que nem todos na cidade creram no evangelho. Pode ser entendida no sentido de que DEUS predestinara alguns dentre eles para crerem (cf. 16:14; 18:10). Pode referir-se, outrossim, àqueles que já confiavam em DEUS de conformidade com a revelação da Sua graça no Antigo Testamento, e já foram arrolados entre Seu povo ou talvez signifique que os gentios acreditaram em virtude do fato de o plano divino da salvação também incluir a eles. Seja qual for a nuança exata das palavras, não há sugestão alguma de que receberam a vida eterna independentemente do seu próprio ato de fé consciente. Como resultado da conversão deles, a mensagem do evangelho foi espalhada por toda a região: os convertidos devem ser evangelistas. O resultado disto, no entanto, foi exasperar os sentimentos dos judeus contra os missionários. Havia certo número de mulheres da classe superior que adoravam na sinagoga, conforme não era raro noutras cidades naqueles tempos, e é óbvio que os judeus lançaram mão da influência que elas tinham sobre os maridos para instigar algum tipo de ação contra os missionários, como resultado da qual foram submetidos a pressões para deixarem a cidade. Não o fizeram, no entanto, antes de demonstrarem que sabiam que os judeus estavam por detrás da ação e de fazerem um gesto simbólico como testemunho diante deles. Era costume entre os judeus sacudir o pó da cidade pagã de seus pés quando voltavam à sua própria cidade, como símbolo da sua purificação da impureza dos pecadores que não adoravam a DEUS. Quando judeus faziam assim contra outros judeus, era a mesma coisa que considerar estes últimos como gentios pagãos. Os cristãos demonstravam de modo especialmente vigoroso que os judeus que rejeitavam o evangelho e expulsavam os missionários já não faziam parte, na realidade, de Israel, e não eram melhores do que descrentes (cf. Lc 9:5; 10:11; At 18:6; 22:22-23). Destarte, os missionários avançaram para .a cidade seguinte, mas, a despeito deste revés (conforme parecia) o grupo de novos discípulos experimentava a alegria que vem da presença do ESPÍRITO SANTO entre os crentes (Gl 5 :22; 1 Ts 1 :6).


Na lição de hoje, "acompanharemos" o apóstolo Paulo em suas emocionantes viagens missionárias. A Igreja Primitiva cumpriu a Grande Comissão enviando Paulo e Barnabé para a obra que o Senhor os chamara. Assim, Paulo alcançou as nações de sua época. Nós, como Igreja do Senhor, também devemos fazer a nossa parte, pois ainda existem
muitas nações e povos que precisam ser I alcançados com o Evangelho de CRISTO.
Atualmente na "Janela 10x40" existem milhares de pessoas que se encontram em trevas espirituais. Como elas ouvirão o Evangelho se não há quem pregue? (Rm 10.14). E como pregarão, se a Igreja do Senhor não enviar e sustentar os missionários? (Rm 10.15). Ouçamos a voz do ESPÍRITO SANTO, pois Ele continua a falar à sua Igreja: "Separa meus servos para a obra que os tenho chamado".

OBJETIVOS - Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Explicar como foi o chamado e a separação de Paulo e Barnabé para a obra missionária.
Relatar os principais acontecimentos da segunda viagem missionária de Paulo.
Conscientizar-se de que a obra missionária não deve ser negligenciada pela Igreja.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor, para a lição de hoje será necessário providenciar os mapas das viagens paulinas. É quase impossível falar das viagens missionárias sem o auxílio de mapas. Ao falar das cidades, localize-as no mapa mostrando aos alunos. Sugerimos também a reprodução do quadro abaixo. Utilize-o fazendo um resumo dos principais acontecimentos das viagens missionárias de Paulo.







RESUMO DA LIÇÃO 12- LIÇÃO 12 - AS VIAGENS MISSIONÁRIAS DE PAULO
I- A PRIMEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA (AT 13 - 14)
1. De Antioquia a Chipre (At 13.1-12).
e povoados.
2. De Chipre a Antioquia da Pisídia (At 13.13-52).
3. De Icônio ao regresso a Antioquia (At 14.1-28).
II- A SEGUNDA VIAGEM MISSIONÁRIA (At 15.36 - 18.28).
1. Em direção à Ásia (15.36-16.8).
2. Em direção à Europa (16.12-18.18).
3. Regresso (18.18-22).
III- TERCEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA (At 18.23 - 28.31).
1. De Antioquia a Macedônia (18.23 - 20.3).
2. De Filipos a Jerusalém (20.6 - 21.1 7).
3. Paulo em Jerusalém.

SINOPSE DO TÓPICO (1 )

Logo depois de serem comissionados pelo ESPÍRITO SANTO, a igreja de Antioquia enviou Paulo e Barnabé em sua primeira viagem missionária.
SINOPSE DO TÓPICO (2)

O ESPÍRITO SANTO conduz o apóstolo Paulo a realizar sua segunda viagem missionária.
SINOPSE DO TÓPICO (3)
O ESPÍRITO SANTO conduzia Paulo de cidade em cidade, fortalecendo-o para que realizasse sua terceira viagem missionária.

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I - Subsidio Bibliográfico
A Primeira Viagem Missionária
"[u.] como pôde o apóstolo Paulo, em tão pouco tempo, evangelizar os principais centros do Império Romano e, finalmente, instalar-se em Roma com a irresistível mensagem do Evangelho? Ou melhor: como pôde um único homem revolucionar toda a sua época? A resposta não exige muita abstração. Em primeiro lugar, era Paulo um mensageiro extraordinário do Senhor, através do qual foi o evangelho universalizado. Além disso, utilizou-se ele da infra-estrutura do império para viajar I de cidade em cidade, de província 'r em província e de reino em reino.
Providencialmente, não precisava I de nenhum passaporte especial: era um cidadão romano. Somente um DEUS, que é a mesma sabedoria, haveria de predispor todas as coisas a fim de que a mensagem da cruz chegasse aos confins da terra. [ou] Em Antioquia, o apóstolo Paulo desempenhou uma importante etapa de seu ministério. E daqui, partiu ele para a sua primeira viagem missionária. Após o Concílio de Jerusalém, retornou à cidade com as resoluções tomadas pelos apóstolos e anciãos (At 15.23). Sua segunda viagem missionária também teria Antioquia como ponto de partida. Atualmente, Antioquia não passa de uma modesta povoação. Para nós, no entanto, será conhecida sempre como a igreja missionária por excelência" (ANDRADE, I Claudionor de.
Geografia Bíblica. II.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2001, pp.227

SAIBA MAIS


fonte Revista Ensinador Cristão, CPAD,/apazdosenhor.org

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