domingo, 18 de janeiro de 2015

DISCIPULADO TEMPERANÇA NO FALAR'


                                      TEMPERANÇA NO FALAR

À semelhança das igrejas de Paulo, a de Tiago era uma igreja do Espírito. Embora nela houvesse cargosformais, como o de presbítero (5:14), não havia um processo de ordenação, nem escolaridade exigida para que o oficialtivesse licença para ensinar e pregar. Por conseguinte, era relativamente fácil que pessoas dotadas de algumahabilidade, mas de motivação mundana, se oferecessem para servir como mestres. (Nossos processos modernos deseminário mais ordenação fazem que a licença para ensinar e pregar exija mais tempo, mas não impedem a motivação errada. Ao contrário, fazem que tal pessoa se torne um elemento mais permanente no seio da igreja). Tais mestresdestituídos de vocação criticavam os demais e formavam "panelinhas" na igreja; outros membros de igreja imitavam-nos, falando mal deles. A reação de Tiago é convocar a igreja para que controle a língua, expondo as marcas doEspírito de Deus, e finalmente denunciando a motivação humana de muitos crentes, na igreja.

3:1 Meus irmãos indica o início de uma seção. Não sejais muitos de vós mestres: os mestres eram importantes naigreja (Rm 12:7; l Co 12:28; Ef 4:11-13), mas a igreja também estava sendo prejudicada por falsos mestres (e.g., l Tm 1:7; Tt 1:11; 2 Pe 2:1). Era fácil falsificar o dom do ensino, bastando que o falsário fosse bastante eloquente. Mas era bemcerto que, quando uma pessoa se apresentava "voluntariamente" para ensinar, em vez de ser impelida (Fazer mover, medianteforça propulsora; impulsionar, impulsar, propulsar) pelo Espírito, seus motivos mundanos com toda a certeza se manifestavam em ciúme, contenda ou heresia. Tiago valoriza o ministério, mas percebe que sua atração e poder sociaistornam-no perigoso, e que a pessoa deve ser relutante em investir nele a vida.
O perigo do ministério é, primeiramente, pessoal: receberemos um juízo mais severo. Se cada palavra vã entraráem julgamento, quanto mais as palavras dos que trabalham com palavras? (Mt 12:36) Se os mestres judaicos deverão serjulgados com severidade, quanto mais os mestres cristãos? (Mt 23:1-33); Mc 12:40; Lc 20:47) Um exame dascondenações do falso magistério tanto nos evangelhos como em l e 2 Pedro, e em Judas, demonstram que,semelhantemente ao que diz respeito aos presbíteros (l Tm 3; Tt 1), o modo de viver do mestre é mais importante do quesuas palavras. Os mestres eram primordialmente modelos e, em segundo plano, instrutores in­telectuais. Ao reivindicar aposição de mestres, colocavam sua vida e suas palavras sob a égide de Deus, que os responsabilizaria pelo desvio dorebanho, quer mediante a palavra, quer mediante o exemplo.

3:2 O perigo aumenta muito pelo fato de que todos tropeçamos em muitas coisas. Tiago menciona umprovérbio que significa que os cristãos não apenas pecam com frequência, mas também pecam de muitas maneirasdiferentes. Esta verdade é reconhecida por toda a Escritura: 2 Cr 6:36; Jó 4:17-19; Sl 19:3; Pv 20:9; Ec 7:20; Rm 8:46; l Jo 1:8. Dizendo se alguém não tropeça em palavra, Tiago focaliza um pecado especial que o pre­ocupa: a línguasolta. A necessidade de controlar a língua era bem conhecida no judaísmo e no cristianismo (Pv 10:19; 21:23; Ec 5:1; Siraque 19:16; 20:1-7). Tiago salienta aqui, como o fez em 1:26, a importância de controlar a língua, pois afirma arespeito de quem for capaz de domá-la: esse homem é perfeito, e capaz de refrear todo o corpo. Isto significa que talpessoa é madura, tem caráter cristão completo (1:4) e, assim, capacitada a enfrentar todas as provações e tentações, e acontrolar todos os impulsos maus (1:12-15). É como disse "Ben Zoma: Quem é poderoso? Aquele que subjuga suaspaixões". Ou como perguntou "Alexandre da Macedônia aos anciãos do sul: Quem é o herói? Responderam-lhe: Aquele quecontrola suas paixões más (m. Aboth 4: l). Tiago caminha um passo à frente dos rabinos. O controle dos maus impulsosé bom (e Paulo concorda com Tiago, l C 9:24-27), mas os impulsos mais difíceis de controlar são os da língua. Mantenhapura a fala, e o resto será fácil; eis a marca do cristão maduro.      

3:3-4 Tiago ilustra sua tese, "controle sua língua e você será capaz de controlar todo o seu ser", mediante uma sériede analogias. Primeiro, ele pensa em cavalos, que são maiores e mais velozes do que os seres humanos. No entanto,quando pomos freios na boca dos cavalos, nós os controlamos: não só a cabeça, mas o animal inteiro é forçado a irpara onde o cavaleiro desejar. Uma segunda analogia é tirada dos navios. Os navios constituíam uma das maioresestruturas que os primitivos cristãos conheceram. Se até um barquinho de pesca impres­sionava, quanto mais um naviomercante em pleno oceano? Mais impressionantes, todavia, eram as forças que o compelem, os ventos capazes de vergarárvores e espalhar as nuvens. Entretanto, a despeito de todo seu tamanho e peso, um leme pequenino, do formato de umalíngua (pequenino pelo menos quando comparado ao tamanho do navio, ou ao poder do vento), movimentado pelo piloto, podia mudar a direção do navio. São dois exemplos impressionantes, ou analogias do adágio: "controle a língua e vocêcontrolará tudo".
De certo modo, Tiago mudou um pouco sua argumentação, enquan­to elaborava suas ilustrações. Ele havia começado dizendo: "Se você puder controlar a língua, você será um gigante espiritual capaz de controlar o resto docorpo". As ilustrações de Tiago são agudas: "Se você controlar a língua, você controla o resto do corpo". Todavia, estamudança permite a Tiago mover-se no sentido de conscientizar-se de que a língua com frequência incita a pessoa a agir:primeiramente, você expressa com palavras uma ideia proibida e, a seguir, você lhe  expressão física; primeiro, vocêse mete numa conversa lasciva ou numa discussão acalorada e, a seguir, comete adultério ou assassinato. É para essepoder da língua que Tiago se volta agora, mas ambas as ideias, a dificuldade em controlarmos a fala e seu fantásticopoder, estão ativas em sua mente.

3:5 Assim também a língua é um pequeno membro, e se gaba de grandes coisas: na verdade a língua épequenina, mas quanta rei­vindicação pode ela fazer como responsável por grandes eventos para o mal, ou para o bem!Com muita frequência os resultados foram malignos, mas a língua gabou-se com o máximo orgulho; o próprio empregodo verbo "gabar-se" leva à memória do leitor as frequentes condenações de Paulo a quaisquer vanglorias, e que sódeveríamos gloriar-nos em Cristo (Rm 1:30; 3:27; 11:18; 2 Co 10:13-16; Ef 2:9). A língua é como um pequeno fogo quepode incendiar um grande bosque; pode tratar-se de um bosque palestino ressecado ao sol de uma longa seca, ou de uma encosta montanhosa do sul do nosso país. Alguém acende uma fogueira, sem cuidados, ou atira um fósforo aceso; a ação é irreversível, porque o fogo primeiro estala, depois ruge, e logo estará devorando alqueires e mais alqueires demadeira, rápido como o vento.

3:6 a língua também é fogo: É assim que Tiago começa a traçar quadros quase psicodélicos do mal produzido pelalíngua. À semelhança do fogo, a língua é destrutiva. Basta que nos lembremos da oratória de um Adolf Hitler para quefique sublinhada esta verdade. A língua não é só destrutiva, ela é um mundo de iniquidade; ou, como afirma umatradução alternativa, "um mundo de injustiça". O mundo de injustiça está ocupando seu lugar entre os nossos membros.Ela contamina todo o corpo. O mundo é algo que o cristão em geral considera "lá fora". Tiago aponta para suaprópria boca e diz: "O mundo está aqui dentro". A língua descontrolada é a encarnação e a sede dos impulsos maus docorpo. A língua não se limita em seus efeitos à sua própria área, visto que espalha a iniquidade, ou contamina todo ocorpo. A pessoa inteira é atingida pelo fragor de sua língua. Entretanto, cada palavra vã será julgada (Mt 12:36).
Além do mais, a língua inflama o curso da natureza, e é por sua vez inflamada pelo inferno. O problema arespeito das palavras é que as consequências não param por aí. Os efeitos são seriíssimos. "Paus e pedras podemquebrar meus ossos, mas as palavras não me machucam" é um conceito sem base bíblica. As chamas da línguaincendeiam as paixões: aumentam o furor, inflamam a lascívia. Logo, as palavras, quer sejam um diálogo íntimo, nãoouvido aqui fora, pois não houve fala, quer sejam pronunciadas, transformam-se em ação. As emoções, o raciocínio, ocorpo todo se envolve incontrolavelmente. E qual foi a origem desse incêndio destruidor? O próprio inferno! É ali queestá a prisão de Satanás e seus demónios. Aquela discussão teria sido inspirada pelo Espírito de Deus? Não. Foi inspirada pelo diabo. As chamas do ódio, do preconceito, do ciúme, da inveja e da calúnia projetam-se do lago de fogo.

3:7-8 Tendo pronunciado uns conceitos pesados a respeito da língua, Tiago se empenha agora em comprovar suatese com minúcias. Seu principal quesito é que a língua, isto é, a palavra humana, é desesperadamente perversa. Tiago inicia com uma analogia da natureza: Toda espécie de feras, de aves, de répteis e de animais do mar se doma, e tem sido domada pelo género humano. O argumento de Tiago não é científico. Não lhe interessaria saber que ninguémhavia ainda conseguido domar o rinoceronte, e que em seus dias ainda não haviam chegado notícias sobre tubarõesassassinos; tampouco está Tiago interessado em saber se determinado animal foi totalmente domesti­cado. Basta lhesaber que felinos e grandes macacos ficam sob total controle humano. Isto é verdade, quer se trate do prisioneiro quedomestica um camundongo ou um rato, em sua cela, quer se trate do dono de um elefante que transporta um príncipeindiano, ou o encantador de serpentes na praça, ou o passarinheiro cujas aves lhe obedecem o comando. Tudo isto jáera conhecido no passado (tem sido domada), mas não pertence a certa idade de ouro, meio esquecida— trata-se deexperiência do presente também (se doma). Além de tudo, o conceito aplica-se às quatro principais categorias de vidaanimal: feras (i.e., mamíferos), aves, de répteis (inclusive anfíbios) e animais do mar.
Entretanto, que contraste quando avaliamos a língua! a língua, ne­nhum homem a pode domar. O problema decontrolar a língua entrava numa espécie de ditado popular das culturas hebraica e grega. Tiago não precisava provar averdade dessa máxima. Não tinham seus ouvintes dezenas e dezenas de coisas que gostariam de "desdizer" ou muitaspalavras que haviam pronunciado erroneamente? Não haviam apren­dido dezenas de provérbios que talvez pudessem ajudá-los? "Há alguns cujas palavras são como pontas de espadas, mas a língua dos sábios é saúde" (Pv 12:18). "O queguarda a sua boca preserva a sua alma, mas o que muito abre os seus lábios tem perturbação" (Pv 13:3). Certamente aspalavras de Tiago não precisam ser comprovadas perante pessoas honestas.
Em vez de deixar-se domesticar, a língua é mal incontido. É como Hermas diria, mais tarde: "A difamação é ummal; é demónio que não sossega, nunca tem paz, mas habita na dissensão" (Mandate 2.3). Em contraste, Deus éperfeitamente uniforme no pensamento, estável e tem paz, "pois Deus não é Deus de confusão, senão de paz" (l Co 14:33). Entretanto, nossa fala constantemente se caracteriza pela instabilidade; a pessoa crê que controla sua língua, masnum certo momento de descuido, deixa escapar uma palavra ferina ou difamatória. Algumas características dos demóniossão a incapacidade de auto-controlar-se, a ausência de descanso, a instabilidade — as mesmas da língua, como Tiago logodemonstrará (3:16).
Além de tudo, a língua está cheia de peçonha mortal. Com isso concorda o salmista: "Aguçam a língua como aserpente; o veneno das víboras está debaixo dos seus lábios" (Sl 140:3). Essa com­paração com as serpentes era bastantedifundida na literatura judaica, talvez porque a língua se parece um pouco com uma serpente, talvez porque as víboras matemcom a boca e talvez porque, no Éden, foi a serpente que enganou nossos primeiros pais com palavras melífluas (Que fluicomo o mel, ou deita mel.). Não há evidência de que Tiago esteja na dependência de alguma passagem bíblica particular;ele está apenas afirmando que as palavras jamais são inofensivas; são perigosas e mortíferas como veneno, se não forem controladas. Esta é a resposta de Tiago à tendência moderna de considerar as palavras destituídas de importância e muitobaratas.

3:9 Tendo declarado a perversidade da língua e a dificuldade em controlá-la, Tiago nos dá a seguir alguns exemplosconcretos sobre sua natureza incontrolável. Em primeiro lugar, com ela bendizemos ao Senhor e Pai. Todos os leitores hão de concordar com Tiago. Dar graças a Deus, agradecer-lhe a bondade, fazia parte do culto litúrgico de todo judeu e cristão: entoavam salmos (a que chamavam salmos de louvor) como Sl 31:21 ou 103:1,2; levantavam orações matutinas e vespertinas emque davam graças a Deus pela proteção durante a noite e pelas bênçãos do dia (as orações de At 2:42); e havia osdevocionais antes de cada refeição: "Bendito sejas tu, ó Senhor Deus de nossos pais, que nos dás do fruto da terra..."
Infelizmente, a língua também é usada para amaldiçoar: com ela amaldiçoamos os homens. Há abundantes passagensbíblicas com mal­dições, embora a Bíblia imponha limites à maldição e não nos deixe tranquilos no que lhe diz respeito: Gn 9:25; 49:7; Jz 9:20; Provérbios 11:26. As maldições eram comuns porque, à semelhança das bênçãos, não só davam vazão àsemoções como também influíam de verdade sobre as pessoas e as coisas a que se destinavam. Embora Paulo proíba amaldição feita a esmo (Rm 12:14), na prática o apóstolo pronunciava palavras duras, à guisa de maldições (l Co 5:1; 16:22; Gl 1:8). A carta de Judas é, praticamente, uma longa maldição contra os hereges. Entretanto, estas maldições de caráter maisformal sobre pessoas que praticam certos tipos de mal dificilmente seriam maldições oriundas do ódio, do ciúme, darivalidade, jamais são usadas como arma a fim de separar ou rejeitar grupos, dentro da igreja, quando há lutas partidárias, e menos ainda constituem maldições irrefletidas de alguém que se viu prejudicado pessoalmente.
Tiago aponta a incoerência da maldição a esmo, ao acrescentar feitos à semelhança de Deus. Embora umpronunciamento de Jesus que proíbe que se amaldiçoe pudesse ter sido a base emocional mais profunda (e.g., Lc 6:28), Tiago prefere utilizar este argumento teológico a fim de salientar a incoerência da maldição. O Antigo Testamentorefere-se às pessoas humanas como feitas à semelhança de Deus (Gn 1:26), e utiliza esse fato para comprovar a se­riedade do ato de destruir essa semelhança (Gn 9:6). Até mesmo o mais depravado ser humano retém a semelhança deDeus, a qual se entendia, segundo o pensamento bíblico, representava a pessoa toda. Bendizer a Deus, ou a eleagradecer e, a seguir, voltar-lhe as costas e maldizer sua imagem e semelhança é o mesmo que engran­decer um rei, emsua presença, e a seguir esmagar a cabeça de sua estátua, à saída do palácio real. Na melhor das hipóteses, é umaincoerência de comportamento; na raiz desse mal está o ódio ve­emente, incontrolável, sem nenhum vestígio dearrependimento, dentro dessa pessoa, que não se atreve a atirá-lo contra Deus, mas desabafa-o sobre as pessoas.Entretanto, Tiago reconhece, cheio de simpatia, a natureza instável das pessoas e identifica-se com elas, ao usar o verbona primeira pessoa do plural (nós), não porque ele aceite essa realidade como apropriada, mas porque procura conduzir aspessoas ao arre­pendimento e mostrar-lhe um caminho melhor (3:13-18).

3:10 O problema óbvio aqui é a inconstância da palavra falada: Da mesma boca procedem bênção emaldição. Meus irmãos, não convém que isto seja assim. O problema não é tanto o de bênção, ou de maldição em si— a pessoa poderia, por exemplo, amaldiçoar o pecado muito adequadamente: "Que todos os pensamentos odiosos quequerem invadir minha mente sejam enterrados nas profundezas do inferno!". O problema é que tanto a maldição quantoa bênção dirigem-se ao mesmo objeto: Deus, e a pessoa feita à imagem de Deus. Isso demonstra duplicidade depensamento e, portanto, pecado. É especificamente essa duplicidade de linguagem (a pessoa "fala com línguabifurcada", segundo o velho ditado), que a tradição bíblica rejeita (e.g., Sl 62:4). Esta rejeição foi efetuada mais tarde, no judaísmo, (o livro apócrifo de Siraque 5:19 fala do "pecador de língua dobre") e no cristianismo (e.g., Didaquê 2:4, "Não tenhas mente dobre nem tenhas duplicidade de língua, visto que a língua dúplice é armadilha mortífera").Portanto, Tiago dá prosseguimento ao mesmo tema que mencionara em 1:8 e 4:8 — duplicidade, inconstância einstabilidade são sinais do impulso mau, e não devem ser tolerados. O cristão é chamado para desarraigar todas essastendências e chegar à singeleza e à sinceridade de coração.

3:11-12 Tiago conclui sua argumentação com mais algumas ana­logias da natureza: Pode uma fonte de águasalgada dar água doce? Aqui está uma verdade infelizmente comum por todo o Mediterrâneo, quer no vale do Lico (Ap 3:15-16 refere-se ao suprimento de água da região), quer em Mara, no Sinai (Êx 15:23-25), quer no vale do Jordão, ondea água cai em cascatas do alto das rochas, dando uma aparência de boas-vindas ao viajante, até que este descubra tratar-se deáguas amargas. Por que os seres humanos tentam fazer o que a natureza não faz? A analogia entre o produto de umafonte aquática e o da boca humana é bem apropriada.
Em segundo lugar, meus irmãos, acaso pode uma figueira produzir azeitonas, ou uma videira figos? Mais umavez a analogia é bem apro­priada. Nenhuma árvore produz duas espécies de fruto. Cada árvore produz segundo sua natureza. Écontrário à natureza o ser humano tentar fazer o que a natureza não faz. Entretanto, pode ser que Tiago esteja querendo dizeralgo mais, visto que Jesus utilizou ilustração semelhante (Mt 7:16-20; Lc 6:43-45; Mt 12:33-35), mas esta analogiarelaciona-se a frutos bons e frutos maus, e ao julgamento de uma planta segundo o fruto que produz. Estaria Tiago sugerindo que o fruto mau (a maldição) revela a natureza da pessoa?
A terceira analogia confirma essa suspeita: Tampouco pode uma fonte de água salgada dar água doce.Tiago mudou sua analogia. Agora, a fonte é decididamente má, de água salgada, mas tenta produzir água doce. Isso éimpossível. O mal dentro da pessoa produz uma "inspiração" frequentemente bem escondida, mas as "maldições" (crí­ticamaldosa, calúnia, comentários negativos), misturadas com palavras piedosas, demonstram a verdadeira fonte de inspiração.O mestre ou os cristãos vindicam o Espírito de Deus, ou a sabedoria de Deus; mas  verdade nisso? Não há verdadequando a linguagem da pessoa revela que esta é uma fonte de água salgada que finge ser doce.
Havendo sustentado o perigo inerente à língua e a necessidade de pureza no falar, Tiago move-se agora para aretaguarda das palavras, e vai tratar das motivações por trás dessas palavras. Esta seção procura olhar para dois lados. Emcerto sentido, olha para trás, para os mestres de 3:1 e para os problemas reais que sublinham a palavra impura, de modogeral. Noutro sentido, trata-se de ponte entre a discussão teórica de 3:1-13 e a denúncia dos problemas da comunidade, de 4:1-12. Assim como houve dois nascimentos, e duas inspirações em 1:12-18, há duas "sabedorias" e dois Espíritos, aqui.


JHON DAVIS DICIOONARIO

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