A IGREJA DE
CRISTO
MATEUS 18.13-20.
13 - E, chegando Jesus às partes
de Cesaréia de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os
homens ser o Filho do Homem?
14 - E eles disseram: Uns, João
Batista; outros, Elias, e outros, Jeremias ou um dos profetas.
15 - Disse-lhes ele: E vós, quem
dizeis que eu sou?
16 - E Simão Pedro, respondendo,
disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.
17 - E Jesus, respondendo,
disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue
quem to revelou, mas meu Pai, que está nos céus.
18 - Pois também eu te digo que
tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do
inferno não prevalecerão contra ela.
19 - E eu te darei as chaves do
Reino dos céus, e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o
que desligares na terra será desligado nos céus.
20 - Então, mandou aos seus
discípulos que a ninguém dissessem que ele era o Cristo.
Eclesiologia é a disciplina da
Teologia que estuda a igreja, sua fundação, símbolos e missão, conforme as
Escrituras. O vocábulo igreja é formado por duas palavras gregas: pelo prefixo ek, isto é, “a partir de”, “de dentro
de” ou “para fora de”; e,klēsis, que significa “chamada”, “convocação”, “convite”.
Literalmente quer dizer “chamados para fora”. Em Atos 19.39, ekklēsia é uma “assembléia reunida para fins políticos”; em
Atos 7.38 é a congregação ou assembléias dos israelitas, mas em 1 Co 11.18, uma
congregação cristã. O termo ainda é usado para designar um “grupo local de
cristãos” (Mt 18.17; At 5.11; Rm 16.1,5); a Igreja universal à qual todos os
servos de Cristo estão ligados (Mt 16.18; At 9.31; 1 Co 12.28; Ef 1.22); e a
Igreja de Deus ou de Cristo (1 Co 10.32; 1 Ts 2.14; Rm 16.16).
“A Igreja é a herdeira da cruz”. Esta
declaração de Thomas Adams, além de realçar a importância e a natureza da
Igreja de Cristo, deixa bem claro: a Igreja não surgiu de um projeto humano,
mas do próprio Senhor.
I. O QUE É A IGREJA
Como definir a Igreja? William
Gurnall assim o faz: “A Igreja não é nada mais do que Cristo manifestado”. Como
seus representantes, devemos nos empenhar em ter uma vida santa e
irrepreensível, a fim de que os homens, ao ver a nossa conduta, venham a
glorificar a Cristo — o cabeça da Igreja.
1. Definição etimológica. A
palavra igreja vem do hebraico qāhāl; e do grego ekklēsia. Ambas as palavras, do texto
sagrado, carregam o mesmo significado: reunião pública, ou assembléia
regularmente convocada, cujo objetivo é congregar-se para deliberar sobre o bem
comum.
2. Definição teológica. Igreja
é o conjunto daqueles que, aceitando a Cristo pela fé, são imediatamente
agregados em seu corpo espiritual como sua possessão, a fim de testemunhar acerca
do Evangelho.
O mesmo termo é aplicado ao
ajuntamento dos fiéis num determinado lugar para adorar a Deus. Com o tempo, a
palavra passou a designar o lugar de reunião dos crentes.
II. A FUNDAÇÃO DA IGREJA
Quando exatamente foi a Igreja
fundada? Com o nascimento de Cristo? Com a declaração de Pedro em Cesaréia? Ou
com a ressurreição de Nosso Senhor? Embora a Igreja sempre houvesse sido uma
realidade na presciência de Deus, ela só passou a existir com o derramamento do
Espírito Santo no dia de Pentecostes (Ef 3.8-11).
III. OS FUNDAMENTOS DA IGREJA
1. A Palavra de Deus. Solidamente
fundamentada na Palavra de Deus, a Igreja não é uma invenção dos discípulos,
mas o maior projeto de Deus. O Antigo Testamento revela que, em Cristo, todas
as nações haveriam de se congregar em Deus (Gn 12.1-3; Ag 2.7). O fundamento
maior da Igreja é, sem dúvida alguma, a Palavra de Deus (1 Co 3.10; Ef 3.5; 2
Pe 3.15-17).
2. A Declaração de Cesaréia. Em
Mateus 16, deparamo-nos com uma das mais concorridas passagens da Bíblia. Os
católicos, buscando alicerçar a autoridade papal, afirmam ser Pedro a pedra a
que se refere o Senhor Jesus. Já os protestantes asseveram: a pedra em questão
não é o apóstolo, mas a declaração que este, inspirado pelo Espírito Santo, fez
a respeito da messianidade do Nazareno. Aliás, o próprio apóstolo Pedro afirma
que a pedra é Cristo (1 Pe 2.4-8).
IV. A MISSÃO DA IGREJA
1. Glorificar a Deus. No
Sermão da Montanha, exorta-nos o Cristo a agirmos de tal forma, a fim de que os
homens glorifiquem ao Pai Celeste (Mt 5.16).
2. Ser habitação do Espírito Santo (1
Co 6.19). A Igreja é o templo espiritual de Deus; nela habita
o Espírito de Deus. Os que a procuram, têm de saber que Deus, de fato, está
entre nós (1 Co 14.25).
3. Tornar conhecida a sabedoria de
Deus. Através da exposição das Sagradas Escrituras, pode
a Igreja demonstrar quão superior é a sabedoria divina (Ef 3.10,11).
4. Proclamar o Evangelho. A
principal missão da Igreja acha-se mui clara no texto da Grande Comissão (Mt
28.18,19).
5. Edificar seus membros na Palavra. Através
da Palavra de Deus vai a Igreja edificando os seus membros (Ef 4.11-13).
V. OS MEMBROS DA IGREJA
A Igreja é composta pelos salvos por
Cristo oriundos de todas as nacionalidades.
1. Os judeus. Embora
os primeiros cristãos fossem de origem judaica, não tiveram estes a primazia
absoluta na Igreja, conforme o demonstra Pedro (At 10.34).
2. Os gentios. Considerados
pelos judeus como cachorrinhos (Mt 15.26), por estarem alijados da comunidade
de Israel (Ef 2.12), foram os gentios admitidos à família dos santos com pleno
acesso às bênçãos espirituais.
3. A Igreja de Deus. Formada
por judeus e gentios, a Igreja de Deus é vista como a Universal Assembléia dos
Santos (Hb 12.22-24).
VI. AS ORDENANÇAS DA IGREJA
1. Definição teológica. Por
constituírem em ordenações explícitas de Nosso Senhor à sua Igreja, assim são
denominados o batismo em água e a santa ceia.
2. O batismo. Constitui
o batismo um símbolo da morte e ressurreição de Cristo. Através do batismo,
realizado por imersão e em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt
28.18,19), o novo convertido declara publicamente haver aceitado de forma
plena, pela fé, o sacrifício de Cristo. De igual modo, testemunha já haver
morrido para o mundo e, agora, ressuscitado espiritualmente, vive em novidade
de vida (Rm 6.4).
3. Santa Ceia. É
a Santa Ceia a segunda ordenança observada pela Igreja (Mc 14.12-26). Seus elementos:
o pão e o vinho, simbolizam, respectivamente, o corpo e o sangue de Cristo
oferecidos em resgate da humanidade (1 Co 11.24,25).
Contém a Santa Ceia duas mensagens
centrais:
a) Memorial: leva-nos
a recordar o sacrifício vicário de Cristo.
b) Profética: alerta-nos
quanto à vinda de Nosso Senhor Jesus para buscar a sua Igreja (1 Co 11.26).
CONCLUSÃO
O destino da Igreja é mui glorioso,
conforme as Sagradas Escrituras. Ler Jo 14.2,3; Ef 5.27. Além de sua beleza e
distinção no presente, será ela, quando da volta do Senhor, revestida de
inefável glória, uma glória, aliás, que somente Jesus pode conceder-nos. Se
lermos com atenção os dois últimos capítulos de Apocalipse, seremos
constrangidos a orar e a jejuar, a fim de que venhamos desfrutar de tudo quanto
Ele preparou-nos na cruz. Se com o Senhor, hoje sofremos; com o mesmo Senhor
haveremos de ser glorificados. Resta-nos, pois, suplicar: Maranata: “Ora vem,
Senhor Jesus”.
“A
Igreja (Ekklēsia) de Deus é um povo tirado do mundo.
O mais importante na estrutura da
Igreja e que lhe dá a razão de ser e de existir é que ela seja realmente
constituída de um povo que, de acordo com as palavras de Jesus, tenha sido
tirado do mundo (Jo 15.19). Essa realidade é evidenciada, de modo claro, pela
própria palavra que o Novo Testamento usa, em sua língua original (grego),
‘para igreja’ — ekklēsia. Essa palavra é composta de duas
outras: ek e klēsis. Ek significa
‘para fora’, e klēsis, ‘chamado’. Ekklēsia e usada no Novo Testamento 115 vezes [...].
1) Comunidade grega. É
usada três vezes para expressar uma assembléia de comunidade grega, tanto legal
(At 19.39), como ilegal (At 19.32,40) [...].
2) Israel. É
usada duas vezes para designar o Israel de Deus no Antigo Testamento (At 7.38;
Hb 2.12), exprimindo, assim, como Deus chamou a Israel dentre os povos para ser
um povo seu (Dt 7.6-8)”.
(BERGSTÉN, E. Teologia
Sistemática. 4.ed., RJ: CPAD, 2005, p.214.)
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