AS BODAS DO
CORDEIRO
Mateus 25.1-12.
1 - Então, o Reino dos céus será semelhante a
dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do esposo.
2 - E cinco delas eram prudentes, e cinco
loucas.
3 - As loucas, tomando as suas lâmpadas não
levaram azeite consigo.
4 - Mas as prudentes levaram azeite em suas
vasilhas, com as suas lâmpadas.
5 - E, tardando o esposo, tosquenejaram todas
e adormeceram.
6 - Mas, à meia-noite, ouviu-se um clamor: Aí
vem o esposo! Saí-lhe ao encontro!
7 - Então, todas aquelas virgens se levantaram
e prepararam as suas lâmpadas.
8 - E as loucas disseram às prudentes: dai-nos
do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas se apagam.
9 - Mas as prudentes responderam, dizendo: Não
seja caso que nos falte a nós e a vós; ide, antes, aos que o vendem e comprai-o
para vós.
10 - E, tendo elas ido comprá-lo,
chegou o esposo, e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e
fechou-se a porta.
11 - E, depois, chegaram também
as outras virgens, dizendo: Senhor, Senhor, abre-nos a porta!
12 - E ele, respondendo, disse:
Em verdade vos digo que vos não conheço.
A ceia das bodas do Cordeiro é a
expressão máxima da relação entre Cristo e Sua Igreja. E a figura do casamento,
do esposo e a esposa, que aparece na Bíblia em várias passagens (Jo 3.29; 2 Co
11.2; Ef 5.25-33; Ap 19.7,8; 21.1 — 22.7). O texto de Mateus 25 apresenta uma
parábola de Jesus que retrata a história de um casamento, e que oferece dupla
interpretação: uma sobre Israel e outra a respeito da Igreja.
I. ANALOGIA CORRETA DA PARÁBOLA
1. Fundo histórico. Jesus
ilustrou Seu ensino utilizando-se do costume oriental para o casamento. Depois
de feitas as cerimônias religiosas, começava-se a celebração festiva do
casamento. A festa podia prolongar-se por vários dias, dependendo das
possibilidades do pai da noiva. Nos festejos noturnos, os convidados deviam
sempre ter lâmpadas acesas. No caso da história de Jesus, o noivo atrasou. Os
convidados deveriam estar devidamente preparados com azeite em suas vasilhas e
nas lâmpadas. Qualquer convidado sem lâmpada era considerado um estranho e não
podia entrar na festa.
2. Correntes de interpretação. A
primeira interpretação diz que as virgens representam o remanescente judeu (144
mil) salvo no período da Grande Tribulação. A segunda distingue os dois grupos
como uma representação dos crentes salvos e dos crentes apenas nominais no seio
da Igreja, quando da vinda de Cristo. A terceira interpreta as dez virgens como
um todo e, também, cada crente individualmente.
3. Quem são as dez virgens? (Mt
25.1). Não são dez pretendentes do esposo. Nem são dez
igrejas cristãs que competem pelo mesmo esposo. São, na verdade, os crentes
individualmente que compõem o corpo da Igreja (a esposa do Cordeiro). O número
dez não tem um significado dogmático ou doutrinário e, sim, um sentido de inteireza.
Representa a noiva na sua inteireza. Jesus via a Igreja como um todo, o corpo
invisível em toda a Terra (1 Co 12.12,14,27). Ele via, também, a igreja local e
visível, isto é, os membros em particular.
4. Por que as palavras “esposo” e
“esposa”? No Oriente, o noivado é tão sério quanto o
casamento. Na história bíblica a mulher comprometida em noivado era chamada
esposa e, apesar de não estar unida fisicamente ao noivo, ela estava obrigada à
mesma fidelidade como se estivesse casada (Gn 29.21; Dt 22.23,24; Mt 1.18,19).
A Igreja é a esposa de Cristo porque está comprometida com Ele (Ap 19.7; 21.9;
22.17).
II. AS CONDIÇÕES ESPIRITUAIS DA ESPOSA. (Mt 25.2-5)
1. Duas classes de crentes: os
insensatos e os cautelosos. Essas duas classes são uma realidade espiritual na
Igreja de Cristo. São identificadas por Jesus como loucas e prudentes. As
loucas representam os cristãos insensatos e alienados espiritualmente. São
aqueles cristãos que não agem racionalmente na sua vida de fé, por isso, não
sabem o que estão fazendo.
As prudentes representam os cristãos
cautelosos e previdentes, que mantêm uma vida de vigilância e espiritualidade.
2. Ingredientes indispensáveis para
estar nas bodas. Aquelas virgens tinham vasilhas e lâmpadas (Mt
25.7-9). Mas precisavam, na verdade, ter o principal elemento: o azeite. As
loucas não levaram azeite em suas vasilhas, mas as prudentes sim. Estavam
devidamente preparadas. Aquelas virgens tinham que ter vestidos brancos de
linho fino (Ap 19.8), lavados no precioso sangue do Cordeiro (Ap 7.14).
Precisavam de calçados do Evangelho da Paz (Is 52.7; Ef 6.15). Tinham que ter
com elas vasilhas para o azeite (Mt 25.4: Ef 5.18) e o próprio azeite (Mt
25.3,4), que é símbolo do Espírito Santo.
III. O TEMPO DAS BODAS (Mt 25.6)
1. O sentido do clamor da meia-noite. O
texto diz: “Mas à meia-noite, ouviu-se um clamor” (Mt 25.6). Que representa a
meia-noite? É o tempo do clímax da esperança da Igreja. É o fim e o princípio
de um tempo (dia, dispensação, era). É a hora do silêncio total, quando todos
dormem. Pode ser a consumação ou princípio de um novo dia ou tempo. Não é
difícil de estabelecer o tempo desse evento. Ele acontecerá entre o
arrebatamento da Igreja e a segunda fase da volta de Cristo à Terra. Ocorrerá,
precisamente, logo após o julgamento das obras dos crentes no tribunal de
Cristo, visto que em Ap 19.8, a esposa aparece vestida de linho fino que “são
as justiças dos santos”.
2. O Dia de Cristo (Fp 1.10). Na
linguagem escatológica a palavra “dia” é interpretada, literal ou figuradamente,
dependendo do seu contexto. Dia pode, então, representar ano, ou seja, um dia
igual a um ano, conforme se percebe na profecia de Daniel capítulo 9.
Destacamos no contexto bíblico quatro dias (anos, tempos) históricos para a
humanidade: o “dia do homem” (1 Co 4.3), que compreende o tempo da história da
humanidade; o Dia de Cristo (Fp 1.10), que diz respeito, especialmente, ao
tempo de sete anos, nos quais a Igreja estará no céu e, simultaneamente,
ocorrerá na Terra a Grande Tribulação; o Dia do Senhor (1 Ts 5.2), a
manifestação pessoal e visível de Cristo no final da Grande Tribulação, e
durará mil anos (Milênio); e, finalmente, o Dia de Deus (2 Pe 3.12,13), que é o
tempo do Juízo Final e da restauração de todas as coisas, o começo do Reino
eterno.
Neste estudo, o Dia de Cristo abrange
três fatos escatológicos especiais, os quais são: o encontro da Igreja com
Cristo nas nuvens (1 Co 15.51,52; 1 Ts 4.14-17); o tribunal de Cristo (2 Co
5.10; Fp 1.10; 2 Co 1.14; Ef 5.27); e, as bodas do Cordeiro (Ap 19.7).
IV. CARACTERÍSTICAS DAS BODAS
1. Lugar das bodas (Ap 19.1; 21.9). Pela
ordem normal dos acontecimentos escatológicos, esse evento acontecerá no céu.
Quando João declarou “ouvi no céu como que uma grande voz de uma grande
multidão que dizia: Aleluia!”, ele identificou naturalmente o lugar. Alegria e
triunfo pelas vitórias do Cordeiro são demonstradas e, a seguir, surge a noiva
do Cordeiro já glorificada, coroada e preparada para o glorioso casamento.
Entendemos, então, que o céu é o lugar mais adequado para esse acontecimento
extraordinário.
2. Participantes das bodas. O
casamento é de Cristo e a Igreja, mas os convidados são muitos. De acordo com
Dn 12.1-3 e Is 26.19-21, o Israel salvo da Grande Tribulação e os santos do
Antigo Testamento são os convidados especiais. Devemos ter cuidado na
interpretação desse evento para não confundirmos nem misturarmos os fatos que
envolvem as bodas no céu e as bodas na Terra. No céu, as bodas são da Igreja e
o Cordeiro (Ap 19.7-9). Na Terra, as bodas envolvem Israel e o Cordeiro (Mt
22.1-14; Lc 14.16-24; Mt 25.1-13). A cena das bodas no céu difere das bodas na
Terra. No céu, somente a Igreja e seus convidados participarão. Na Terra,
Israel estará esperando que o esposo venha convidá-lo a conhecer a esposa (a
Igreja), que estará reinando com Ele no período milenial.
CONCLUSÃO
No céu, os salvos receberão as
recompensas (coroas) por suas obras feitas na Terra, e as bodas do Cordeiro
coroará a Igreja pela sua fidelidade a Cristo.
“Quando Jesus aparecer para destruir o
Anticristo e as suas tropas, os exércitos dos céus seguirão a Jesus, montados
em cavalos brancos (que simbolizam o triunfo) ‘e vestidos de linho fino, branco
e puro’ (Ap 19.14). Esse fato identifica-os com a noiva do Cordeiro (a Igreja)
que participa das bodas do Cordeiro (Ap 19.7-9). Isto significa que já
estiveram no céu, e já estão plenamente vestidos da ‘justiça dos santos’ (v.8).
Esse fato também deixa subentendido que aqueles atos de justiça já estão
completos, e que os crentes foram ressuscitados, transformados e levados ao
céu. Ficaria subentendido, também, que já tinham comparecido diante do tribunal
de Cristo (2 Co 5.10). Que tempo de alegria e deleite aquelas bodas serão!” (Teologia
Sistemática, CPAD)
O comentário sobre o capítulo 19 de
Apocalipse no livro Daniel e Apocalipse (CPAD)
apresenta o seguinte cenário, mostrando a Igreja ao lado de Jesus, na Glória,
antes dEle aparecer em glória e poder: “Versículos 1-9. Uma imensurável
multidão regozija-se no Céu, juntamente com os vinte e quatro anciãos e os
seres viventes. É um coral gigantesco. Eles intercalam quatro grandes aleluias
no seu cântico (vv.1,3,4,6).
“‘bodas do Cordeiro’ (v.7).
Esse glorioso evento tem lugar no Céu após o arrebatamento da Igreja. E o
encontro, que durará para sempre, da Igreja com o seu Senhor, que a resgatou
com o Seu precioso sangue e a conduziu a salvo ao lar celestial, apesar das
tempestades da vida. E o encontro que não terá jamais separação.
“O ‘linho fino’ do vestido da Igreja
(vv.7,8) são os ‘atos de justiça dos santos’, indicando, portanto, resultado de
julgamento do tribunal de Cristo. Para que isso aconteça aqui, a Igreja terá
subido antes.
“ ‘ceia das bodas do Cordeiro’
(v.9). Deve ser a participação da Igreja na destruição do poder gentílico
mundial sob a Besta, a partir do instante em que Jesus tocar a Terra. As bodas
do Cordeiro têm lugar no Céu, ao passo que ‘a ceia do grande Deus’ (v.17), tem
lugar na Terra, sendo, pois, dois fatos totalmente distintos quanto à sua
natureza”.
“A esperança da Igreja é o
aparecimento do Noivo e estar com Ele para sempre. E no quadro da Igreja como a
Noiva de Cristo que encontramos o conceito da firme esperança dos salvos (At
23.6; Rm 8.20-25; 1 Co 15.19).
“A Igreja Primitiva vivia em meio à
expectação do retorno de seu amado Senhor. Esperança esta que só começou a
diminuir no século III d. C. Apesar dos séculos de negligência em torno do
assunto, o século XIX foi reavivado para se voltar a esta realidade da Palavra
de Deus.
“Entre os evangélicos, hoje, há um
consenso generalizado sobre o fato de que Jesus Cristo realmente está prestes a
voltar. Até mesmo entre os teólogos modernos, aquela conversa sobre a morte de
Deus já é coisa passada. Hoje, eles já se voltam à doutrina das últimas coisas.
Entretanto, a despeito dos modismos teológicos, precisamos estabelecer nossas
convicções sobre a verdade revelada na Palavra de Deus. Afinal, o próprio
Jesus, durante o seu ministério terreno, já afirmara categoricamente: ‘Eu
voltarei’.
“Por que esta doutrina é tão
estratégica e importante? Por um grande motivo: é a chave para a história da
humanidade. Estamos nos movendo inexoravelmente para a consumação de todas as
coisas. A maioria das religiões e filosofias não-cristãs têm um ponto de vista
cíclico da história. Os hindus, por exemplo, vêem-na como se fora uma roda da
vida, girando sem parar, sem começo nem fim. Mas a visão bíblica da história é
linear.
“Houve um começo, um evento central —
a cruz. Quando Jesus bradou: ‘Está consumado!’ (Jo 19.30), assegurava-nos Ele,
por intermédio de Sua paixão e morte, a nossa redenção. Mas ainda não possuímos
a plenitude de nossa salvação e da herança que Cristo nos conquistou. Estas
tornar-se-ão plenas quando Ele retomar para levar a sua Igreja (Rm 13.11; 8.23;
Hb 9.28). Não obstante, já estamos usufruindo de muitas bênçãos provenientes da
cruz.” (Doutrinas Bíblicas, CPAD)
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