O PERIGO DA
APOSTASIA
Jeremias 2.1-7,12,13.
1 - E veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo:
2 - Vai e clama aos ouvidos de Jerusalém,
dizendo: Assim diz o SENHOR: Lembro-me de ti, da beneficência da tua mocidade e
do amor dos teus desposórios, quando andavas após mim no deserto, numa terra
que se não semeava.
3 - Então, Israel era santidade para o SENHOR
e era as primícias da sua novidade; todos os que o devoravam eram tidos por
culpados; o mal vinha sobre eles, diz o SENHOR.
4 - Ouvi a palavra do SENHOR, ó casa de Jacó e
todas as famílias da casa de Israel.
5 - Assim diz o SENHOR: Que injustiça acharam
vossos pais em mim, para se afastarem de mim, indo após a vaidade e tornando-se
levianos?
6 - E não disseram: Onde está o SENHOR, que
nos fez subir da terra do Egito? Que nos guiou através do deserto, por uma
terra de ermos e de covas, por uma terra de sequidão e sombra de morte, por uma
terra em que ninguém transitava, e na qual não morava homem algum.
7 - E eu vos introduzi numa terra fértil, para
comerdes o seu fruto e o seu bem; mas, quando nela entrastes, contaminastes a
minha terra e da minha herança fizestes uma abominação.
12 - Espantai-vos disto, ó céus,
e horrorizai-vos! Ficai verdadeiramente desolados, diz o SENHOR.
13 - Porque o meu povo fez duas
maldades: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas,
cisternas rotas, que não retêm as águas.
.
Palavra Chave
Apostasia: Do gr. apostásis, afastamento, abandono premeditado e
consciente da fé cristã.
Não obstante as reprimendas e
protestos de Jeremias, os judeus continuavam a viver como se Deus não
existisse. Escarneciam eles do Senhor, alegando que Ele não faz bem, nem mal.
Do rei ao mais humilde dos súditos, achavam-se todos indiferentes ao Eterno e à
sua Palavra. Em consequência de sua apostasia, seriam eles exilados de sua
terra e passariam a viver insuportáveis provações. A advertência do profeta era
não somente clara, mas explícita. Os judeus, porém, teimavam em seus pecados.
Será que não estamos incorrendo no
mesmo erro?
Estamos nós vivendo como se Deus não
existisse? Não terá chegado o momento de buscarmos um avivamento real e
abrangente? Um avivamento que nos constranja a voltar à manjedoura, ao Calvário
e ao cenáculo?
Neste domingo, veremos como o profeta
repreendeu a apostasia que, irradiando-se de Jerusalém, contaminou a todos os
filhos de Israel que viviam em Judá.
I. O QUE É A APOSTASIA
1.
Definição. O termo apostasia é proveniente do vocábulo grego apostásis, que significa afastamento. É o abandono
consciente e premeditado da fé que nos foi revelada por intermédio de Nosso
Senhor Jesus Cristo (1 Tm 4.1). É o desvio que conduz à morte espiritual.
2.
A apostasia de Israel. Constituiu-se esta, de um lado, no abandono do
Único e Verdadeiro Deus, conforme revelado na Lei e nos Escritos Sagrados; e,
do outro, no apego aos ídolos e aos costumes dos povos vizinhos.
II. UM BRADO CONTRA A APOSTASIA
Deus convocou Jeremias a fim de que
bradasse contra a rebeldia da casa de Judá. Era a sua missão exortar o rei à
obediência; conclamar os sacerdotes à santificação; desestimular os falsos
profetas e alertar o povo quanto à desgraça que se avizinhava de suas
fronteiras. A ordem do Senhor era mais do que explícita: “Vai e clama aos
ouvidos de Jerusalém, dizendo: Assim diz o Senhor” (Jr 2.1,2). O profeta
Jeremias haveria de:
1.
Falar em nome do Senhor. Falaria ele em nome do Único e Verdadeiro Deus.
Todo o Israel deveria reconhecer que Jeremias era, de fato, um autêntico
profeta de Deus e não um mero crítico social. Como temos pregado a Palavra de
Deus? Em nosso nome? Ou no nome de Cristo Jesus? À semelhança de Paulo,
estejamos preparados a fim de expor com ousadia e integridade todo o conselho
de Deus (At 20.7). Somente assim, teremos condições de erradicar a apostasia que
ameaça a pureza da Igreja.
2.
Ser autêntico e não politicamente correto. Este
é o mal que atinge muitos pregadores: a síndrome do politicamente correto.
Sacrificam a genuinidade do Evangelho no altar de interesses efêmeros e
abomináveis. Jeremias, porém, fora chamado para ser autêntico. Tendo como único
compromisso a proclamação da Palavra de Deus, ousou exortar o rei, os nobres e
o povo.
Assumamos nossa posição como homens
de Deus. Preguemos corajosamente a sua Palavra, ainda que isto venha a
custar-nos a própria vida.
3.
Anunciar ao povo a tragédia que os rondava. Do
rei ao mais insignificante dos súditos, achavam todos que, apesar de seus
muitos e grosseiros pecados, jamais seriam castigados pelo Senhor. Não eram
israelitas? Não lhes pertenciam os pactos? Não estava o Santo Templo em sua
terra? Por que seriam eles castigados por Deus? Jeremias, contudo, adverte-os:
tal impunidade era ilusória. Se não se arrependessem, muito sofreriam sob o
látego babilônico.
Temos falado a verdade à nossa
geração? Ou a vimos iludindo com falácias e ilusões? Se não lhe falarmos de
conformidade com a Palavra de Deus jamais veremos a alva (Is 8.20).
III. EM QUE CONSISTIA A APOSTASIA DE ISRAEL
Os filhos de Judá rebelaram-se contra
o Senhor, esqueceram-se de todas as suas benignidades e voltaram-se para os
ídolos. Na linguagem profética, equivalia isso a um divórcio entre a virgem
filha de Sião e Jeová. Vejamos, pois, em que consistia a apostasia dos
israelitas.
1.
O afastamento de Jeová. De posse da Terra das Promissões, foram os filhos
de Israel afastando-se de Deus e apegando-se aos ídolos das nações vizinhas.
Diante da apostasia de seu povo, pergunta-lhes o Senhor: “Que injustiça acharam
vossos pais em mim, para se afastarem de mim, indo após a vaidade e tornando-se
levianos?” (Jr 2.5).
Que indagação pesarosa! Se Israel lhe
era a possessão peculiar, e se do Senhor recebera tantas bênçãos, por que se
desviou de seu Redentor? E, você, querido irmão? Por que deixou os caminhos do
Senhor indo atrás de coisas vãs? Que mal fez-lhe Ele? Volte agora mesmo ao
primeiro amor.
2.
O esquecimento de Jeová. Os filhos de Israel não mais perguntavam por Jeová.
Era como se o Todo-Poderoso, que os tirara com mão forte do Egito, não mais
lhes representasse coisa alguma. Eles imaginavam que poderiam viver sem o seu
Redentor (Jr 2.8). Será que o mesmo não acontece conosco? É hora de nos
lembrarmos do primeiro amor! Se o crente não mais se importa com Deus, como
poderá subsistir neste mundo de lutas e provações?
3.
O desprezo pelas coisas divinas. Estas
palavras não parecem ter sido escritas para a cristandade de nossos dias:
“Houve alguma nação que trocasse os seus deuses, posto não serem deuses?
Todavia, o meu povo trocou a sua glória pelo que é de nenhum proveito?” (Jr
2.11).
Se os filhos de Israel trocaram a
glória de Deus pelos ídolos vãos, quantos de nós não estamos a trocar a
simplicidade do Evangelho por teologias e modismos abomináveis que só trazem
confusão e miséria espiritual. Urge voltarmos às origens do avivamento
autenticamente pentecostal.
CONCLUSÃO
Os filhos de Judá caíram na
apostasia. Desviaram-se do Senhor, correndo atrás de coisas efêmeras. A Palavra
de Deus alerta-nos: “Mas o Espírito expressamente diz que, nos últimos tempos,
apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas
de demônios” (1 Tm 4.1).
Zelemos pela sã doutrina. E que nada
nos desvie de Nosso Senhor Jesus Cristo. Em breve virá Ele buscar a sua Igreja.
Se não estivermos preparados, como subsistiremos nesse grande dia?
A
Impudência de Judá
“A transgressão irrestrita acaba
levando a um estado de impudência (falta de vergonha), onde o indivíduo é
incapaz de se importar. Isso agora pode ser visto em relação ao destino de
Judá. Embora apanhado em seu pecado como um ladrão e envergonhado por causa de
sua conduta, seus reis [...], príncipes [...] e os seus profetas continuaram
praticando a prostituição espiritual. Eles dizem ao pedaço de madeira (uma
árvore ou ídolo de madeira): Tu és meu pai; e à pedra (ídolo): Tu me geraste.
Eles desdenhosamente viraram as costas para o Senhor, a fim de fazerem o que
bem lhes apraz; no entanto, quando aparece a dificuldade, sem o menor
constrangimento voltam-se novamente para o Senhor e clamam por sua ajuda. Isso
revela a completa irracionalidade do pecado, e Deus os repreende: Onde, pois,
estão os teus deuses, que fizeste para ti? Que se levantem, se te podem livrar.
Não havia falta desses deuses, porque cada cidade tinha pelo menos um deus.
Quando o castigo continuava, eles se voltavam na sua miséria e reclamavam
contra Deus, como se não tivessem cometido nenhum pecado e tivessem todo o
direito de esperar sua ajuda.
Apesar do fato de Deus permitir o
sofrimento para afastá-los do seu pecado, eles não aprenderam da sua
experiência. Eles não aceitaram a correção, mas mataram os verdadeiros profetas
com a espada, na sua loucura em servir outros deuses”.
(Comentário Bíblico Beacon. Vol.
4: Isaías a
Daniel. RJ: CPAD, 2005, pp. 268-69)
• A Escatologia de Jeremias -
“Nos capítulos 2—29, Jeremias previu a chegada de Nabucodonosor, a conquista de
Judá, a destruição de Jerusalém e a deportação do povo para a Babilônia. Nos
capítulos 30—33, ele previu uma era futura, quando Deus reverteria a sorte de
Israel / Judá. Ao fim dos setenta anos, Deus destruiria a Babilônia (25.11-14)
e reconduziria os exilados à Terra Prometida” (29.10-14) (LAHAYE, Enciclopédia Popular de
Profecia Bíblica. 1.ed. RJ: CPAD,
2008, p.189).
• Apostasia -
“A apostasia deve ser diferenciada da ignorância ou da falta de conhecimento,
bem como da heresia, que é um conhecimento errado (2 Tm 2.25,26). Os homens
podem ser salvos da ignorância, mas não da apostasia. Ela é caracterizada por
uma rejeição deliberada da divindade de Cristo (1 Jo 2.22,23; Judas 4) e sua
morte expiatória” (Fp 3.18) (Dicionário Bíblico Wycliff. 1.ed.
RJ: CPAD, 2006, p.161).
• Cisternas quebradas (2.13) -
“A invenção de cisternas rebocadas, no subsolo, permitia ao povo do Antigo
Testamento viver em áreas montanhosas, onde o índice pluviométrico era pequeno.
Jeremias usa desse exemplo familiar para mostrar a tolice da idolatria de Judá.
Era o mesmo que manter constante fluxo de água para o interior do deserto, na
tentativa de armazená-la em cisternas com fissuras, incapazes, portanto, de
reter a água e, por conseguinte, de sustentar a vida” (RICHARDS, L. O. Guia do Leitor da Bíblia. 1.ed. RJ: CPAD, 2005, p.450).
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