segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

ENSINO DINAMICO PARA OS NOVOS CONVERTIDOS

           
                 ENSINO DINÂMICO PARA OS NOVOS                                                  CONVERTIDOS PARTE I
 
INTRODUÇÃO

A classe de novos convertidos na Escola Dominical é uma expressão ou extensão do amplo Ministério do Discipulado.
O Discipulado é um ministério pessoal, ilimitado e flexível. É uma das formas mais rápidas de aumentar o número de batismos e aprofundar a qualidade de vida dos que são alcançados para Cristo.
Antes de conhecer as peculiaridades de sua classe e os métodos mais adequados a serem adotados, o ensinador de Novos Crentes precisa saber de antemão o que significa ser discípulo. Quem não é discípulo não pode fazer discípulos!
A palavra "discípulo", mathetés, é usada 269 vezes nos Evangelhos e em Atos. Significa pessoa "ensinada" ou "treinada", aluno, aprendiz. (Texto-base: Mt 28.19,20.)

Nos Evangelhos, Jesus define a palavra discípulo de cinco maneiras:

1) Discípulo é um crente que está envolvido com a Palavra de Deus de maneira contínua (Jo 8.31).

2) Discípulo é aquele que ama sacrificialmente, sem medir esforços (Jo 13.35; 1 Jo 3.16).

3) Discípulo é alguém que permanece diariamente em união frutífera com Cristo (Jo 15.8).

4) Discípulo é aquele que assume a sua cruz e segue a Cristo (Lc 14.27).

5) Discípulo é aquele que renuncia tudo que tem (Lc 14.33).

I. O PERFIL DOS ALUNOS

Quem são seus alunos? Naturalmente são novos convertidos. A diferença e a ênfase está justamente nisto: não são alunos comuns.

1. São como crianças recém-nascidas em Cristo que precisam ser identificadas logo após o nascimento.

O pecador se arrepende; o Espírito Santo o regenera (novo nascimento) = conversão.

Devem ser recepcionados imediatamente após a conversão e identificados, através da "Ficha de identificação e triagem".

Na triagem:


  • Oferece literatura;
  • Orienta sobre os principais trabalhos da igreja;
  • Orienta quanto a matrícula na EBD: ideal orientadores para cada faixa (crianças, adolescentes, jovens e adultos).
Qual a finalidade da identificação?
  • Ter como localizá-los.
  • Conhecer a realidade de seus alunos.

Sondagem ® Coleta de dados ® Conhecimento da realidade ® Diagnóstico ® Estratégia de Trabalho

(Nome, endereço, data de nascimento, data da decisão, origem religiosa, sua relação com a comunidade, histórico familiar, nível sócio-econômico, cultura, necessidades pessoais, limitações físicas; perguntas dos tipo: É a primeira vez que está se decidindo? Está vindo de outra igreja? Qual? Quanto tempo esteve por lá?).

  • Elaborar programa de assistência.
  • Formar comissões de visitadores (que atendam as peculiaridades dos decididos: idade, sexo, formação etc.)

"A salvação é de graça, mas o discipulado custa tudo o que temos." Billy Graham

Você precisa conhecê-los realmente! Vamos fazer um teste? Pense em três novos convertidos de sua igreja.

  • Sabe o nome deles?
  • Pode lembra-se onde eles moram?
  • Sabe a data do aniversário deles?
  • Sabe como vão indo nos estudos ou no trabalho?
  • Mantém boas relações com suas famílias?
  • Conhece algum problema em particular?
  • O que poderia dizer sobre seu testemunho cristão?
  • Há alguma coisa especial de que necessitam?
  • Quando foi que aceitaram a Cristo?

2. São pessoas especiais que requerem atenção especial. 

a) São totalmente dependentes espiritualmente.

  • Só conseguem digerir os aspectos mais simples das verdades espirituais. 
    "Com leite vos criei e não com manjar, porque ainda não podíeis, nem tão pouco ainda agora podeis" (1 Co 3.1-3).
  • Precisam ser alimentadas por outrem.
  • Têm dificuldade em falar (de explicarem a razão da fé).

b) Falta-lhes um senso adequado de valores.

Agarram-se a detalhes sem importância, em vez de aprenderem o que tem realmente valor. 

(Eles se escandalizam facilmente; se apegam a rudimentos de doutrinas; podem criar dogmas)

  • O professor deve apresentar a Cristo como Senhor e não apenas como Salvador (senhorio de Cristo Mt 16.24).
    Muitos querem as bênçãos do Salvador mas não o aceitam como Senhor. Precisamos aceitar o senhorio de Cristo (diferente da Confissão Positiva).
  • O professor deve apresentar a real proposta do evangelho.
    Livrar o homem da perdição eterna (diferente do Evangelho da Prosperidade).

3. São pessoas carentes que requerem cuidados especiais.

a)"Alimentação" adequada (leite racional).

Não haverá crescimento espiritual independente da Palavra de Deus.

"Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo" (1 Pe 2.2).

Quando o homem aceita a Cristo torna-se nova criatura, ou seja, nasce de novo. Não se pode administrar à criança recém-nascida alimentos sólidos, antes, o leite materno. 
O novo convertido precisa conhecer as doutrinas básicas da salvação. Portanto, inicialmente, deve afastar-se de assuntos complexos e especulativos.
A princípio, a criança é alimentada pelos outros; mais tarde, começa a alimentar-se por conta própria e finalmente, quando adulta, passa a alimentar outros. 
Um dos alvos do fazedor de discípulos é ensinar o discípulo a alimentar-se, de forma que ele possa, mais tarde alimentar também outros.

b) "Meio-ambiente" propício (lar espiritual).

Não haverá crescimento espiritual fora do contexto da comunhão cristã.

"Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo" (Ef 4.13).

Observando as palavras de Paulo em Efésios 4.13 - "Até que todos cheguemos..." verificamos que o meio ambiente propício ao crescimento espiritual é encontrado no contexto da comunhão cristã (lar espiritual, família espiritual). 
Não é suficiente o contato que o professor tem com o aluno durante a aula na Escola Dominical. O professor deve proporcionar um meio-ambiente propício para um inter-relacionamento com outros crentes onde se compartilham idéias, verdades aprendidas na Palavra, aspirações, e onde haja compreensão. 

c) Precisam de um referencial no novo grupo de convivência. 

Geralmente a primeira referência do novo convertido na igreja é o professor (discipulador) de sua classe na Escola Dominical.

ENSINO DINÂMICO PARA OS NOVOS CONVERTIDOS PARTE II

II. O PERFIL DO PROFESSOR

Em linhas gerais, o professor da classe de novos convertidos precisa ser um crente fiel, espiritual e seguro conhecedor das doutrinas bíblicas, além de ter comprovada capacidade para ensinar.

Conhecimentos teológicos mínimos: Deus, Jesus Cristo, Espírito Santo, Trindade, homem, pecado, soteriologia: (regeneração, redenção, expiação, propiciação, justificação, santificação).
Formação pedagógica, se possível.

1. Pré requisitos gerais.

a) Vocação autêntica.

A vocação floresce no próprio cerne da personalidade. Significa a propensão fundamental do espírito, sua inclinação geral predominante para um determinado tipo de vida e de atividade, no qual encontrará plena satisfação e melhores possibilidades de auto-realização.

  • Sociabilidade. A educação e o ensino são fenômenos de interação psicológica e social; temperamentos egocêntricos, fechados, incapazes de abrir e manter contatos sociais comum certo calor e entusiasmo, não estão talhados para a função do magistério; este exige comunicabilidade e dedicação à pessoa dos educandos e aos seus problemas.
  • Amor paedagogicus. Simpatia e interesse natural pelos alunos e desejo de auxiliá-los nos seus problemas e anseios.

    Geralmente a escolha de um professor favorito se baseia num relacionamento pessoal e não na capacidade para ensinar. Os alunos se lembram dos professores que mostraram interesse especial e cuidam delas antes de se lembrarem daqueles que tinham bons dotes de oratória.
  •   Apreço e interesse pelos valores da inteligência e da cultura. O professor que realmente tem vocação para o magistério é naturalmente um estudioso, um leitor assíduo, com sede de novos conhecimentos capaz de se entusiasmar pelo progresso da ciência e da cultura.

b) Aptidões específicas.

São atributos ou qualidades pessoais que exprimem certa disposição natural ou potencial para um determinado tipo de atividades ou de trabalho.

(Saúde, equilíbrio mental e emocional, órgãos de fonação, visão e audição em boas condições; boa voz: firme, agradável, convincente; linguagem fluente, clara e simples; autoconfiança e presença de espírito; naturalidade e desembaraço; firmeza e desembaraço; imaginação, iniciativa e liderança; habilidade de criação; boas relações humanas.)

c) preparo especializado.

O conhecimento amplo e sistemático da matéria ou da respectiva área de estudo é condição essencial e indispensável para a eficiência do magistério cristão. 

2. Pré requisitos específicos.

a) Ser chamado por Deus para o ministério do ensino (Ef 4.11,12). (Pedir a classe para ler o texto)

Os professores da EBD são freqüentemente escolhidos pelos líderes e não vocacionados por Deus. Os vocacionados têm esmero (dedicação): "...se é ensinar, haja dedicação ao ensino" (Rm 12.7b).

Esmero significa integralidade de tempo no ministério - estar com a mente, o coração e a vida nesse ministério. Ser professor é diferente de ocupar o cargo de professor.

b) Ter um relacionamento vital e real com Jesus Cristo.

O que representa este relacionamento?

Cristo é seu salvador pessoal; salvo-o de todo o pecado e é também Senhor e dono da sua vida.

c) Esforçar-se em seguir o exemplo de Jesus.

Jesus é o maior pedagogo de todos os tempos; usou todos os métodos didáticos disponíveis para ensinar.

d) Reconhecer a importância da sua tarefa e encará-la com seriedade.

Qual importância?
Quando um investimento espiritual é feito em outra vida, você participa de toda a glória das recompensas espirituais que serão colhidas através da vida, para sempre. 

O apóstolo Paulo disse aos tessalonicenses: "Vós sois a nossa glória e nosso gozo" (1 Ts 2.20).

Por que seriedade? Por causa do juízo: "...meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo" (Tg 3.1).

e) Lealdade.

No apoio ao pastor; na assistência aos cultos; na participação no sustento financeiro.

f) Disposição de aprender.

O homem é um ser educável e nunca acaba de aprender. Aprendemos com os livros; com nossos alunos; aprendemos enquanto ensinamos. "Não há melhor maneira de aprender do que tentar ensinar outra pessoa." Quando não sabe uma resposta, é melhor ser honesto e dizer que não sabe.

g) Saber planejar suas aulas.

Ter objetivos claros e definidos em cada etapa do ensino.

  • O que pretendo alcançar (Objetivos)
  • Como alcançar (Métodos e recursos)
  • Em quanto tempo (cronograma)
  • O que fazer e como fazer (Procedimentos de ensino)
  • Como avaliar o que foi alcançado (Avaliação)
h) Entender o processo de aprendizagem.
  • Até o séc XVI, a prender era memorizar.
  • Séc XVII, fórmula de "Comenius": compreensão, memorização, aplicação.
  • Hoje, a apdz é um processo: lento, gradual e complexo - aprender é modificar o comportamento.

i) Conhecer variados métodos de ensino. (ver 3º ponto do seminário)

j) Ensinar com motivação.

O professor não motiva, incentiva.

Deve saber e dominar o que vai ensinar. Conhecer bem a Palavra, o currículo e a lição daquele dia. Este conhecimento deve fazer parte de sua experiência.

l) Despertar o aluno para a salvação e o crescimento espiritual.

"Ele está se tornando semelhante a Cristo?"

m) Viver o que ensina.

n) Ser crente integrado à sua igreja: presença nos cultos e atividades da igreja; dizimista; manter-se distante dos ventos de doutrinas; eticamente correto.

ENSINO DINÂMICO PARA OS NOVOS CONVERTIDOS PARTE III

III. O MÉTODO DE ENSINO

1. O ensino deve, em primeiro lugar, objetivar um plano de cultivo de resultados, ou seja, a integração dos novos crentes.

a) Levar o novo convertido a alcançar a certeza de salvação.

Três passos para levar o novo convertido a ter certeza de salvação:

  • Levar o convertido a confiar no caráter de Deus.

    Deus não pode mentir (Tt 1.2). O caráter de Deus é o fundamento para que a pessoa alcance a certeza de vida eterna.
  • Levar o convertido a compreender com clareza as promessas de salvação feitas por Deus (Jo 5.24; Ap 3.20).
  • Levar o convertido a entender claramente as condições estabelecidas por Deus para alguém ser salvo.

O pecador precisa se arrepender (Is 55.7).
O pecador precisa confessar seus pecados (1 Jo 1.9).
O pecador precisa crer em Jesus (Jo 5.24).
O pecador precisa invocar o nome do Senhor (Rm 10.13).

b) Doutrinar o novo crente para que seja batizado conscientemente.

  • Necessidade do batismo
  • Valor e significado
  • Forma bíblica do batismo (imersão)
  • Ceia, finalidade
  • Para quem foi instituída a ceia
  • Igreja (origem, natureza, missão e destino)
c) Doutrinar o novo batizado para que adquira firmeza doutrinária e se integre na comunhão da igreja.
  • Crente e sua nova natureza
  • Comportamento do cristão
  • Vida devocional
  • Mordomia cristã
  • Testemunho

2. O ensino deve atender às dificuldades de compreensão peculiares ao novo convertido. 

a) Linguagem.

A linguagem deve ser comum entre o professor e o aluno. O novo convertido não está familiarizado com a linguagem evangélica.

b) Comunicação.

Quais são os principais problemas de comunicação entre professores e alunos?

O método é definido através de padrões de comunicação: unilateral, bilateral e multilateral.

  • O professor está mais preocupado em expor a matéria (transmitir conhecimento).
  • O professor utiliza conceitos ou termos que ainda não existem na experiência dos alunos novos convertidos.
  • O professor não se preocupa em aumentar o vocabulário de seus alunos.
  • O professor coloca tantas idéias em cada exposição que somente algumas delas são compreendidas e retidas.
  • Alguns professores falam rápido demais ou articulam mal as palavras. Outros, em voz baixa e tom monótono.
  • O professor não utiliza meios visuais para comunicar conceitos ou relações que exigem apresentação gráfica.
  • professor tem suas idéias tão mal ou perfeitamente organizadas, que não há lugar para a imaginação criativa dos alunos.

c) Cultura Bíblica.

O conhecimento que possuem a respeito de Deus geralmente é alheio às Escrituras. Não compreendem a história, a geografia, os costumes dos personagens bíblicos e sua aplicação para os nossos dias.

d) Temas teológicos e doutrinários da Bíblia.

O novo convertido não está habituado a expressões como: Regeneração, Justificação, Redenção, Expiação, Arrebatamento da Igreja, Milênio, Escatologia etc.

e) Noções de tempo, espaço e circunstância no plano bíblico.

Neste aspecto quais providências o professor deve tomar em relação a ministração do conteúdo da matéria? 

3. O ensino deve ser planejado e não improvisado. 

O professor deve preparar-se profundamente para a aula (2 Tm 2.15).

a) Através da oração. 

A oração é o segredo do poder no ensino (Mc 1.35; Lc 5.16).

b) Com propósito preestabelecido. 

O professor deve estabelecer os objetivos da lição.

c) Através de estudo diário. 

O professor deve preparar suas lições com antecedência. Ou seja, diariamente, do início ao término da semana.

d) Material de estudo mínimo necessário.

  • A Bíblia. Se possível, todas as legítimas versões em português.
  • Dicionário Bíblico
  • Gramática da Língua Portuguesa
  • Concordância Bíblica
  • Chave Bíblica (resumo dos livros)
  • Manuais de Doutrina
  • Comentários
  • Atlas Bíblico
  • Didática Aplicada
  • Apontamentos individuais

CONCLUSÃO

O Discipulado propicia à igreja local maduros líderes centralizados em Cristo e orientados para a Palavra.
Nem todo discipulador é professor da Classe de Novos Convertidos. Mas, todo professor de Novos Convertidos deve ser um discipulador em potencial.

artigo marcos t. cpad

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