domingo, 18 de janeiro de 2015

EVANGELIZAR MISSÃO INTEGRAL DA IGREJA

               
    
EVANGELIZAR MISSÃO INTEGRAL DA IGREJA

A relação entre evangelização e responsabilidade social

O Pacto de Lausanne (1974), com suas francas declarações sobre "A Natureza da Evangelização" e "A Responsabi­lidade Social Cristã” (Pacto de Lausanne, par. IV e V), foi muito bem aceito. Esta última inclui a afirmação de que "a evangelização e o envolvimento sócio-político são ambos parcelas do nosso dever cristão". Uma vez mais, porém, trata-se apenas de uma declaração do tipo "tanto... quanto". Os parágrafos sobre evangelização e responsabilidade social encontram-se lado a lado, sem qualquer tentativa de relacionar um com o outro. Ou, para ser mais preciso, a única menção de uma relação entre os dois é a declaração, no parágrafo VI, de que "o serviço de evangelização abnegada figura como a tarefa mais urgente na missão da igreja".

O Movimento de Lausanne tem permanecido fiel a sua afirmação sobre a prioridade da evangelização, e sua "Consulta sobre a Relação entre a Evangelização e a Responsabilidade Social", realizada em Grand Rapids, em 1982, endossou e explicou de duas formas essa primaria. Primeiro, a evangelização tem uma certa prioridade lógica: "O próprio fato da responsabilidade social cristã pressupõe a ideia de cristãos socialmente responsáveis, e isto só acontecerá através da evangelização e do discipulado." Em segundo lugar, a evangelização tem relação com o destino eterno das pessoas; e, trazendo-lhes boas novas de salvação, os cristãos estão fazendo uma obra que ninguém mais pode fazer. Raras serão as ocasiões, se é que elas ocorrerão, em que nós teremos que optar entre... curar o corpo ou salvar a alma... No entanto, se tivermos que fazer esta opção, é bom lembrarmos que a necessidade suprema e máxima de todo ser humano é a graça salvadora de Jesus Cristo. Portanto, a salvação espiritual e eterna de uma pessoa é de maior importância do que o seu bem-estar temporal e material.

O Manifesto de Manila (1989) tem uma declaração simi­lar: "A evangelização é primordial porque o que mais nos preocupa é o evangelho, que todas as pessoas possam ter a oportunidade de aceitar Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador."

Só que reafirmar a prioridade da evangelização não resolve o problema. A relação entre evangelização e res­ponsabilidade social continua indefinida.

Foi para perseguir essas relações que se convocou a Consulta de Grand Rapids em 1982. Seus membros escla­receram três delas. Primeiro, afirmaram que "a ação social é uma consequência da evangelização", pois a evangelização conduz as pessoas à fé, "a fé atua pelo amor" e o amor se manifesta em serviço (Cf. Gl 5.6, 13). Na verdade, "mais do que uma simples consequência da evangelização, a responsabilidade social é um dos seus principais objetivos", uma vez que nós somos salvos "para boas obras” (Cf. Ef 2.10; Tt 2.14). Em segundo lugar, "a atividade social pode ser uma ponte para a evangelização". Apesar do perigo de produzir os assim chamados "cristãos de arroz", que se dizem convertidos apenas por causa dos benefícios materiais que lhes são oferecidos, ainda assim é verdade que o amor em ação "pode destruir preconceitos e desconfianças, abrir portas fechadas e ganhar a atenção das pessoas para o evangelho". Em terceiro lugar, "a ação social não apenas vem em seguida à evangelização, como seu objetivo e consequência, e a precede, servindo-lhe de ponte, mas também a acompanha, como sua parceira. A ação social e a evangelização são como as duas lâminas de uma tesoura, ou como as duas asas de um pássaro", tal como sucedeu no ministério público de Jesus. "Trata-se de um verdadeiro casamento."

Essa parceria aplica-se tanto ao cristão, individualmen­te, como à igreja local. Obviamente, cada cristão recebe um dom e um chamado diferente, que o habilitam a concentrar-se em ministérios específicos, assim como os Doze foram chamados para um ministério pastoral e os Sete para um ministério social (At 6.1-7). É igualmente óbvio que diferentes cristãos encontram-se em diferentes situações de necessidade,  e que cada uma requer uma resposta específica. Nós não estamos acusando, nem o "bom samaritano", por atar as feridas do viajante sem indagar sobre o seu estado espiritual, nem Filipe, por compartilhar o evangelho com o etíope sem inquirir as suas necessidades sociais. Estes foram, no entanto, chamados específicos e situações específicas. Falando em termos gerais, todos os seguidores de Jesus Cristo têm a respon­sabilidade de testemunhar e de servir, de acordo com as oportunidades que lhes forem dadas.

O mesmo se dá com cada igreja local. As necessidades de cada comunidade são muitas e variadas. Mas todo mundo não pode fazer tudo. Consequentemente, qualquer que seja o tamanho da igreja, seus membros deveriam ser encora­jados a se organizarem em "grupos de estudo e ação", conforme os seus dons, vocações e interesses, assumindo cada um deles uma necessidade evangelística, pastoral ou social específica da vizinhança. Desta forma se poderá atender a uma porção de diferentes desafios. Não obstante, é importante que a igreja local reconheça a especialidade de cada grupo e apoie a cada um com palavras de enco­rajamento, conselhos, oração e finanças, conforme neces­sário, dando-lhes, de vez em quando, a oportunidade de apresentar relatórios sobre o andamento do seu trabalho.

Ao desenvolver junto a cada grupo este senso de pertença, a igreja conseguirá, através deles, atingir a comunidade o ministrá-la compassivamente em muitas e variadas necessidades.

Até aqui nós vimos as relações existentes entre a evangelização e a responsabilidade social. O segundo problema que enfrentamos tem a ver com o vocabulário que deve­ríamos usar para expressar a parceria entre os dois. Conforme o relatório do Primeiro Congresso Anglicano Evangélico Nacional, realizado na Universidade de Keele, em 1967, "evangelização e serviço abnegado andam juntos na missão de Deus” (Keele '67, The National EvangelicalAnglican Congress Statement, ed. Philip Crowe (Falcon, 1967), par. 2.20, p. 23.).

Eu mesmo tentei, posteriormente, elaborar esta ideia ao escrever: "'Missão' descreve... tudo que a igreja é enviada a fazer no mundo", a saber, "serviço cristão no mundo, compreendendo tanto evangelização como ação social."

Certos líderes evangélicos criticam esta definição de "missão". Eles a consideram potencialmente prejudicial à missão cristã, pois desvia os missionários de suas tarefas prioritárias de evangelizar, discipular e plantar igrejas. Por esta razão, mesmo admitindo que todos os cristãos têm também responsabilidades sociais e políticas, eles acham que, ao referir-nos a estas atividades evangelísticas, de­veríamos continuar usando o conceito tradicional de "missão" e "missionário". Sem dúvida alguma, a última coisa da qual eu gostaria que me culpassem é de estar atrapalhando a missão da igreja! É igualmente verdade que o próprio termo "missão" não é uma palavra bíblica, assim como não o são as palavras "Trindade" e "sacramento". No entanto, ela é uma peça útil e prática para um conceito bíblico, por demonstrar aquilo que Cristo envia o seu povo a fazer no mundo. Continuo insistindo que isto não pode limitar-se à proclamação do evangelho, embora eu já tenha mencionado que esta é tarefa prioritária na igreja. A questão não é meramente de semântica (o que significa a palavra "missão"?), mas de substância (por que somos enviados ao mundo?). Mesmo que tivéssemos de admitir que a palavra "missão" não pode suportar o peso que venho colocando sobre ela, isto não faria diferença alguma para o argumento de que nós somos enviados ao mundo tanto para testemunhar como para servir. De igual maneira, eu não me sinto capaz de abrir mão da convicção de que nossa missão tem em Cristo o modelo a ser seguido. Assim como o seu amor por nós é comparável ao amor do Pai por ele (Jo 15.9), assim também ele nos envia ao mundo de forma similar ao envio que ele recebeu do Pai (Jo 17.18; 20.21). Se em seu ministério as palavras e as obras andavam juntas, da mesma forma elas deveriam andar juntas em nosso ministério.

Parece que o maior temor daqueles que me criticam é o de que os missionários sejam deixados de lado. A melhor maneira de evitar isso, a meu ver, é não negando que "missão" é algo mais abrangente do que evangelização, insistindo, porém, em que cada "missionário" deve ser fiel ao seu chamado específico. Eu já disse que na igreja local, embora alguns membros sejam chamados, uns para este ministério, outros para aquele, mesmo assim a própria igreja fica desequilibrada caso não abranja uma variedade de ministérios. Da mesma forma, embora alguns missio­nários sejam chamados para evangelizar ou para o discipulado, plantação de igrejas ou tradução da Bíblia, e outros para ministérios específicos e especializados, como médicos, educadores e especialistas em áreas de desenvol­vimento, mesmo assim a igreja nacional (bem como as agências missionárias que com ela cooperam) ficariam capengas se não abraçassem também essa ampla variedade de ministérios. Com efeito, poderíamos citar muitos exem­plos de equipes missionárias multinacionais e multifun­cionais, compostas tanto de nacionais como de estrangei­ros, de homens e mulheres, evangelistas e assistentes sociais, especialistas em plantação de igrejas e em áreas de desenvolvimento, pastores e professores.

A base bíblica para a parceria

Ser cristão evangélico sem ser cristão bíblico é igual a nada. Pelo menos nosso maior desejo (quer consigamos realizá-lo ou não) é viver "sob" e "de acordo com" a Escritura. Haveria, portanto, uma boa base bíblica para manter juntos a evangelização e a ação social? Existe, sim. Ela tem sido afirmada de diversas formas, mas vou me contentar com três argumentos fundamentais.

Primeiro, o caráter de Deus. O Deus da revelação bíblica, que é tanto Criador como Redentor, é um Deus que se preo­cupa com o total bem-estar (espiritual e material) de todos os seres humanos que ele criou. Tendo criado cada um à sua própria imagem, ele deseja que eles descubram a sua verdadeira humanidade ao se relacionarem com Deus e uns com os outros. Por um lado, Deus busca ansiosamente suas criaturas perdidas. Ele não tem prazer algum na morte do ímpio, e não quer que ninguém pereça. Por isso, roga-lhes que ouçam a sua Palavra, que voltem para ele em penitência e que aceitem o seu perdão. Por outro lado, Deus se importa com os pobres e os famintos, os estrangeiros, as viúvas e os órfãos. Ele denuncia a opressão e a tirania e clama por justiça. Ele espera que o seu povo seja a voz daqueles que não têm voz e o defensor dos impotentes, expressando assim o seu amor por estes. Não é, pois, por acaso, e nem é de se estranhar, que os dois grandes mandamentos de Deus sejam que o amemos com todo o nosso ser e que amemos o nosso próximo como a nós mesmos.

A lei deixa bem claras as implicações destes mandamen­tos. Por exemplo: o povo de Deus devia "temer", "amar" e "servir" a ele. Como? Em parte, "andando em seus cami­nhos" e "guardando os seus mandamentos", pois ele é "o Deus dos deuses e o Senhor dos senhores", o qual, por isso mesmo, merece ser adorado; e, em parte, seguindo o seu exemplo, como aquele que "faz justiça ao órfão e à viúva, e ama o estrangeiro, dando-lhe pão e vestes" (Dt 10.12-20). Assim, adoração e obediência, por um lado, e filantropia e justiça, por outro, andam de mãos dadas, constituindo-se no duplo dever do povo de Deus.

E aí vieram os profetas, que viviam relembrando o povo quanto à lei e advertindo cada um deles a obedecê-la. "Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça e ames a mise­ricórdia, e andes humildemente com o teu Deus?" (Mq 6.8). Mais uma vez, justiça e misericórdia para com o próximo e humildade diante de Deus estão juntos.

Junto com esse testemunho profético com relação à lei de Deus ocorriam ousadas denúncias contra aqueles que a desprezavam. Elias foi um bom exemplo disso. Vivendo num tempo de apostasia nacional, seu ministério teve o seu ápice em dois grandes confrontos, primeiro no Monte Carmelo, quando ele desafiou o povo a escolher entre Javé e Baal (1Rs 18), e depois em Jezreel, quando ele acusou o rei Acabe de haver matado Nabote e confiscado sua propriedade, e o advertiu quanto ao juízo de Deus (1 Rs 21). É impressionante ver como os mesmos profetas defendiam, tanto a lealdade religiosa como a justiça social.

Então, cento e cinquenta anos mais tarde, nós encon­tramos dois grandes profetas do exílio, Jeremias e Ezequiel, dando continuidade à mesma tradição de protesto. Por que a desgraça haveria de cair sobre Jerusalém? De acordo com Jeremias, porque o povo havia "deixado" Javé em favor de "outros deuses, que não conheceram", e enchido Jerusalém com o "sangue de inocentes" (Jr 19.4). Conforme Ezequiel, a cidade tinha trazido juízo sobre si mesma ao derramar sangue no seu meio e ao fazer ídolos (Ez 22.3-4; cf. 36.18-19). Em ambos os casos, o cúmulo do pecado de Israel fora a combinação de "ídolos" com "sangue", sendo a idolatria o pior pecado contra Deus e o assassinato o pior dos pecados contra o próximo.

Assim, a lei e os profetas refletem o caráter de Deus. Aquilo que ele é, também o seu povo deveria ser, compartilhando e refletindo aquilo que interessa a ele. Não há dualismo no pensamento de Deus.

Nossa tendência é contrapor totalmente as ideias de corpo e alma, indivíduo e sociedade, redenção e criação, graça e condição natural, céu e terra, justificação e justiça, fé e obras. A Bíblia certamente faz distinção entre essas ideias, mas faz também uma relação entre elas, instruindo-nos a manter cada um desses pares em equi­líbrio dinâmico e criativo.

A segunda base para que evangelização e preocupação social andem juntas é o ministério e o ensinamento de Jesus. Não há como duvidar de que palavra e ação estavam juntas no ministério público de Jesus. Ele foi um pregador, isso é verdade. Ele anunciou a vinda do reino de Deus. Mas também demonstrou a vinda deste através de suas obras de compaixão e de poder. Assim, nós lemos que ele "per­corria as aldeias circunvizinhas, a ensinar" (Mc 6.6) e também que ele "andou por toda parte, fazendo o bem e curando" (At 10.38). Qual é a similaridade existente entre estas duas afirmações? É o fato de que "ele andava"; ele desenvolveu um ministério itinerante e percorreu o território palestino de ponta a ponta. A dissimilaridade tem a ver com "para que" ele andava por aí. Segundo Marcos, era para "ensinar"; con­forme Lucas, era "fazendo o bem e curando". Havia em seu ministério um elo indissolúvel entre evangelizar e servir. Ele demonstrava em ação o amor de Deus que estava proclamando. "Sua preocupação", escreveu Chuck Colson, "não era apenas salvar pessoas do inferno no mundo vindouro, mas também livrá-las da enfermidade deste mundo presente." (Charles Colson, Loving God (Zondervan, 1983), p. 145).

Dessa forma, suas palavras explicavam suas obras e suas obras eram uma manifestação concreta de suas palavras.

Ouvir e ver, voz e visão, estavam ligados. Uma coisa sustentava a outra. Afinal, as palavras só deixam de ser abstratas quando se concretizam em atos de amor; e as obras, de igual maneira, continuam sendo ambíguas, até que sejam interpretadas pela proclamação do evangelho. Palavras sem ação não têm credibilidade; ações sem pa­lavras carecem de esclarecimento. Assim, as ações de Jesus tornavam visíveis suas palavras; e suas palavras tornavam suas ações inteligíveis.

O que Jesus demonstrou em sua vida e ministério ele também incluiu em seus ensinos. Deixem-me compartilhar com vocês uma reflexão sobre duas das suas parábolas mais conhecidas e apreciadas: a do filho pródigo (Lc 15.11-32) (que se con­centra na conversão) e a do bom samaritano (Lc 10.30-37) (que enfatiza a ação social). Existem entre elas similaridades óbvias. Ambas, por exemplo, só são registradas pelo Dr. Lucas, que se preocupava em retratar Jesus (e, portanto, Deus) como o amante dos estrangeiros e dos injustiçados — no primeiro caso, o jovem obstinado e, no outro, a vítima dos espancadores. Semelhantemente, ambas refletem situa­ções trágicas que, pelo que está implícito, desagradam a Deus. Deus não quer que seres humanos criados à sua imagem sejam desmoralizados e fiquem perdidos em uma terra distante, nem que sejam assaltados e abandonados na sarjeta. Seu desejo é que tanto o perdido como o espan­cado sejam trazidos de volta para casa.

Entretanto, o que mais importa para o meu propósito agora são as dissimilaridades entre as duas parábolas. Se nós as conservamos juntas, elas servirão de reforço para a ligação necessária entre evangelização e ação social. Primeiro, tanto numa como na outra, existe uma vítima, um homem que se encontra em uma situação de desespero. Na parábola do filho pródigo, ele é vítima de seu próprio pecado; na parábola do bom samaritano, é vítima do pecado de outros, ou seja, alguém pecou contra ele. Além disso, na primeira parábola, o que se descreve é um pecado pessoal; na segunda, é um pecado social, ou seja, o mal da desordem publica. Ambos deveriam despertar nossa compaixão. Nós nos preocupamos tanto com aquele que pecou como com aquele contra quem alguém pecou.

Em segundo lugar, nas duas parábolas existe um resgate - da alienação em uma terra distante e de um violento assalto na estrada. Na primeira parábola o pecador se arrepende, volta para casa e é perdoado (é a salvação pela fé). Na segunda, a vítima não pode fazer nada: deve o seu resgate à caridade do samaritano (é um resgate pelas boas obras). Terceiro, em ambas há uma demonstração de amor. Na parábola do filho pródigo nós vemos o amor de Deus, como o pai que recebe o filho de volta; na parábola do bom samaritano, vemos o amor do próximo pelo seu próximo, quando o samaritano ata as feridas da vítima. Além do mais, em ambos os casos o amor triunfa sobre o precon­ceito. O pródigo é perdoado, apesar de não merecer tal tratamento; o samaritano se apieda da vítima dos ladrões, apesar de ser este um judeu desconhecido que nada tem a ver com ele.

Em quarto lugar, em ambas as parábolas há um subenredo, que representa a alternativa para aquilo que se está recomendando. Na parábola do filho pródigo, seu irmão mais velho recusa-se a regozijar-se com o seu arrependi­mento e retorno. Na parábola do samaritano, o sacerdote e o levita recusam-se a envolver-se com a situação do homem espancado. Até se poderia dizer que quem resiste ao chamado para evangelizar, abandonando as pessoas sozinhas em seus pecados, assemelha-se ao irmão mais velho, ao passo que aqueles que resistem ao chamado para a ação social e deixam as pessoas sozinhas em seus sofri­mentos, lembram o sacerdote e o levita que "passaram de largo".

Assim, cada uma das parábolas enfatiza um aspecto vital do discipulado cristão — seu início, quando, como o filho pródigo, nós voltamos para casa em busca de salvação, e sua continuação, quando, à semelhança do bom samaritano, nós partimos em missão. Cada um de nós lembra o filho pródigo; cada um de nós deveria lembrar o samaritano.


Primeiro nós encaramos os nossos próprios pecados e depois passamos a encarar os sofrimentos do mundo. Primeiro nós entramos em casa e recebemos misericórdia, e só depois saímos e mostramos misericórdia. Misericórdia não se pode mostrar enquanto não for recebida; mas, uma vez recebida, ela deve ser demonstrada aos outros. Não vamos divorciar aquilo que Cristo uniu. Todos nós já fomos pródigos um dia; Deus deseja que também sejamos samaritanos.

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