DOUTRINA DA TRINDADE
“A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e
a comunhão do Espírito Santo sejam com vós todos. Amém!” (2
Co 13.13).
MATEUS 3.13-17.
13- Então, veio Jesus da Galiléia ter com João
junto do Jordão, para ser batizado por ele.
14 - Mas João opunha-se-lhe,
dizendo: Eu careço de ser batizado por ti, e vens tu a mim?
15 - Jesus, porém, respondendo,
disse-lhe: Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça.
Então, ele o permitiu.
16 - E, sendo Jesus batizado,
saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus
descendo como pomba e vindo sobre ele.
17 - E eis que uma voz dos céus
dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.
Professor, o termo “trindade” foi
empregado por Teófilo de Antioquia, no século II d.C. Entretanto, é possível
que essa expressão tenha sido usada pelos cristãos nos primórdios da igreja.
Esse vocábulo era usado para designar o mistério de uma só divindade
coexistindo em três Pessoas absolutamente distintas e co-iguais. Todavia, o
estabelecimento do termo é atribuído ao apologista cristão, Tertuliano de Cartago.
Coube ao bispo de Alexandria, Atanásio, a elaboração do credo que sedimentou a
ortodoxia trinitária.
Nesta lição, evite tropeçar em
questões básicas a respeito dessa doutrina. Não se precipite nas questões cujas
respostas você não tenha firmeza. Sobre esse tema, portemo-nos como o salmista:
“Tal ciência é para mim maravilhosíssima, tão alta que não posso atingir”
(Sl 139.6).
Entendemos, mediante a Doutrina da
Trindade, que a divindade subsiste eterna e plenamente em três pessoas: o Pai,
o Filho e o Espírito Santo. Não são três deuses como falsamente afirmam os
hereges, mas um só Deus. Uma é a pessoa do Pai, outra, a do Filho, e outra, a
do Espírito Santo. O Pai não é maior do que o Filho. O Filho não é maior do que
o Espírito Santo, e assim respectivamente. O Pai não é o Filho. O Filho não é o
Espírito Santo. E o Espírito Santo não é nenhuma das Pessoas anteriores.
Todavia, a divindade pertence a cada uma das três pessoas, constituindo um só
Deus. Conforme afirmou Atanásio de Alexandria: “Adoramos um só Deus na
Trindade, a Trindade na Unidade, sem confusão de pessoas, e sem separação de
substância”.
As Sagradas Escrituras, tanto no
Antigo quanto em o Novo Testamento, atestam a veracidade desse ensinamento. No
estudo desta semana, devemos evitar dois erros: 1 ) o erro do modalismo -
afirma que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são a manifestação da mesma
pessoa; 2) o erro do subordinacionismo - afirma que o Pai é maior do que o
Filho e o Espírito Santo, e que tanto o Filho quanto o Espírito Santo, estão
subordinados ao Pai. Todavia, sabemos que a Trindade é Una, pois só há uma
deidade: e Trina, pois são três distintas pessoas que participam da mesma
deidade.
introdução
I. O QUE É A SANTÍSSIMA TRINDADE
Nossa mente jamais conseguirá
explicar adequadamente, o que é a Santíssima Trindade. Aliás, foi o que certa
vez confessou Agostinho, um dos maiores teólogos do Ocidente. Todavia, contamos
nós com a assistência do Espírito Santo que, por intermédio das Sagradas
Escrituras, revela-nos o necessário para aceitarmos a beleza dessa verdade.
1. Definição. Doutrina
segundo a qual a Divindade, embora una em sua essência, subsiste eternamente
nas pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo. As três Pessoas são iguais na
substância e nos atributos absolutos e morais. Apesar de o termo não se
encontrar nas Sagradas Escrituras, as evidências que atestam a doutrina são,
tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, incontestáveis.
2. A origem do termo. A
palavra Trindade foi usada pela primeira vez, em sua forma grega, por Teófilo;
e, em sua forma latina, por Tertuliano.
3. O Credo Atanasiano. Com
toda a razão, Atanásio é considerado o pai da ortodoxia, em virtude de seu
redobrado zelo em prol da pureza doutrinária das Sagradas Escrituras. No Credo
que elaborou, assim professa sobre a Trindade: “Adoramos um Deus em trindade, e
a trindade em unidade, sem confundir as pessoas, sem separar a substância”.
II. A SANTÍSSIMA TRINDADE NO ANTIGO TESTAMENTO
A doutrina da Santíssima Trindade não
é exclusiva do Novo Testamento; é uma ampliação de uma verdade que se acha
desde o Gênesis ao profeta Malaquias. Então, por que a rejeitam os judeus?
Pelas mesmas razões que os levaram a repudiar a messianidade de Jesus de
Nazaré: cegueira espiritual e dureza de coração (2 Co 3.14-16). A Trindade é
claramente apresentada tanto na criação do Universo, como na expectativa
messiânica da alma hebréia e em cada episódio da História Sagrada.
1. A Trindade na criação do Universo. Se
levarmos em conta que a palavra hebraica ’ĕlōhim (Gn
1.1) é um substantivo plural, concluiremos: a Santíssima Trindade encontrava-se
ativa na criação do Universo. Por conseguinte, quando a Bíblia afirma que no
princípio Deus criou os céus e a terra, atesta: no ato da criação, estiveram
presentes Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. O Pai criou o Universo
por intermédio do Filho (Jo 1.3), enquanto o Espírito Santo transmitia vida a
tudo quanto era criado (Gn 1.2).
2. A Trindade na expectativa messiânica
da alma hebréia. A expectativa messiânica, que sempre foi um fator
de consolação à alma hebréia, também revela a presença da Santíssima Trindade
no Antigo Testamento. Ler Sl 110.1,4.
Em ambas as passagens, o autor
sagrado, inspirado pelo Espírito Santo, mostra o Pai referindo-se ao Filho -
Jesus Cristo (Mc 12.36; Hb 5.6).
Um trecho que mostra, de maneira
explícita e clara, a presença da Santíssima Trindade no Antigo Testamento é
Daniel 7.13-14.
Eis mais algumas passagens que
demonstram a Trindade no Antigo Testamento: Is 6.8; 7.14; 9.6.
III. A SANTÍSSIMA TRINDADE NO NOVO TESTAMENTO
É no Novo Testamento que encontramos
as mais claras e explícitas manifestações da Santíssima Trindade: no batismo de
Jesus, em seu ministério e em sua ressurreição e ascensão e, de forma
abundante, na vida da Igreja Primitiva.
1. No batismo de Jesus (Mt 3.16,17). Nessa
clássica manifestação da Trindade, vemos a Segunda Pessoa (o Filho) submeter-se
ao batismo, a Terceira Pessoa (o Espírito Santo) descer como pomba sobre a
Segunda Pessoa e a Primeira Pessoa declarar o seu amor à Segunda Pessoa.
2. No ministério de Jesus (Lc
4.18,19). Nesta passagem de Isaías (61.1), é impossível não
ver a manifestação da Santíssima Trindade.
3. Na ressurreição e na ascensão de
Jesus. Já prestes a ser assunto ao céu, o Senhor Jesus
Cristo, ao dar últimas instruções aos discípulos, declarou: “Portanto, ide,
ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito
Santo” (Mt 28.19). Pode ainda restar mais alguma dúvida acerca da Trindade?
4. Na vida da Igreja Primitiva. Nos
Atos dos Apóstolos, a Santíssima Trindade aparece operando ativamente, desde os
primeiros versículos (At 1.1,2). Nesse livro, encontramos a Trindade na
proclamação do Evangelho (At 5.32; At 10.38); no testemunho eficaz da fé cristã
(At 7.55); no chamamento de obreiros (At 9.17); no Concílio de Jerusalém (At
15.1-35).
Nas epístolas, muitas são as
passagens sobre a Trindade (Rm 14.17; 15.16; 2 Co 13.13; Ef 4.30; Hb 2.3,4; 2
Pe 1.16-21; 1 Jo 5.7). No Apocalipse, a Santíssima Trindade encontra-se do
princípio ao fim: 1.1,2; 2.8,11, etc.
CONCLUSÃO
A doutrina da Santíssima Trindade não
é um mero exercício intelectual; é uma verdade consoladora: ensina-nos diversas
coisas vitais para a nossa vida cristã. Em primeiro lugar, com a ascensão de
Nosso Senhor, não fomos deixados órfãos. Ele rogou ao Pai que, amorosa e
prontamente, enviou-nos o Consolador. E este, com inexprimíveis gemidos,
intercede por nós e testifica que somos filhos de Deus através dos méritos de
Nosso Senhor Jesus Cristo.
Quão consoladora é a doutrina da
Santíssima Trindade.
“A Santíssima Trindade
1. Doutrina revelada. A
doutrina da Santíssima Trindade é verdade revelada para o coração. Falando
sobre isso declarou Anselmo: ‘O amor e a fé estão em seu ambiente no ministério
da Divindade. Que a razão se ajoelhe, reverente, do lado de fora’.
Uma crença popular entre os cristãos
divide a obra de Deus entre as três pessoas, dando uma tarefa específica a cada
uma delas; como por exemplo, a criação ao Pai, a redenção ao Filho e a
regeneração ao Espírito Santo. Isto, porém, é parcialmente verdade, mas não de
todo, pois Deus não pode dividir-se de forma que apenas uma pessoa trabalhe
isolada, enquanto às outras, Jesus e o Espírito Santo, permanecem inativas.
2. O argumento em si. As
Escrituras mostram as três pessoas da Divindade agindo em perfeita unidade, em
todas as obras poderosas operadas no Universo e na redenção humana. Nas
Escrituras Sagradas a obra da criação é atribuída ao Pai (Gn 1.1), ao Filho (Cl
1.16), e ao Espírito Santo (Jó 26.13; Sl 104.30). A encarnação é mostrada como
tendo sido realizada pelas três pessoas (Lc 1.35), embora apenas o Filho tenha
se tornado carne e habitado entre nós. No batismo de Jesus, o Filho saiu da
água, o Espírito pairou sobre Ele e a voz do Pai falou do Céu (Mt 3.16,17)”.
(SILVA, S. P. A
doutrina de Deus. 5.ed. RJ: CPAD, 2002, p.109-10.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário