E deu dons aos homens
Romanos 12.3-8; 1 Coríntios 12.4-7.
Romanos 12
3 - Porque, pela graça que me é dada, digo a
cada um dentre vós que não saiba mais do que convém saber, mas que saiba com
temperança, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um.
4 - Porque assim como em um corpo temos muitos
membros, e nem todos os membros têm a mesma operação,
5 - assim nós que somos muitos, somos um só
corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros.
6 - De modo que, tendo diferentes dons,
segundo a graça que nos é dada: se é profecia, seja ela segundo a medida da fé;
7 - se é ministério, seja em ministrar; se é
ensinar; haja dedicação ao ensino;
8 - ou o que exorta, use esse dom em exortar;
o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que
exercita misericórdia, com alegria.
1 Coríntios 12
4 - Ora, há diversidade de dons, mas o
Espírito é o mesmo.
5 - E há diversidade de ministérios, mas o
Senhor é o mesmo.
6 - E há diversidade de operações, mas é o
mesmo Deus que opera tudo em todos.
7 - Mas a manifestação do Espírito é dada a
cada um para o que for útil.
.
• 1ª lista - 1 Coríntios 12.8-10. (Um
total de nove dons)
• 2ª lista - 1 Coríntios 12.28. (Um
total de oito dons)
• 3ª lista - 1 Coríntios 12.29,30. (Um
total de sete dons)
Reúna os alunos formando um único
grupo. Ouça os grupos e conclua enfatizando que todos estes dons estão disponíveis
para a igreja atual. Os dons não cessaram. Que venhamos a buscá-los com fé para
a edificação do Corpo de Cristo.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Palavra Chave
Dom: Dádiva, presente oferecido
pelo Espírito Santo aos crentes.
A Bíblia
de Estudo Pentecostal define “dons” como “manifestações sobrenaturais
concedidas da parte do Espírito Santo, e que operam através dos crentes, para o
seu bem comum”.
Neste trimestre analisaremos os dons
de Deus dispensados à Igreja para que, com graça e poder, ela proclame o
Evangelho de Jesus a toda criatura. Além de auxiliar o Corpo de Cristo no
exercício da Grande Comissão, os dons divinos subsidiam os santos para que
cheguem à unidade da fé (Ef 4.12,13).
I. OS DONS NA BÍBLIA
1. No Antigo Testamento. O Dicionário Bíblico Wycliffe mostra
que há várias palavras hebraicas que significam “dádiva”. A origem dessas
palavras está na raiz hebraica nathan, que significa “dar”. Por isso,
podemos afirmar que no Antigo Testamento há vislumbres dos dons divinos concedidos
a pessoas peculiares como reis, sacerdotes, profetas e outros. Todavia, os dons
divinos não estavam acessíveis ao povo de Deus da Antiga Aliança como
observamos no regime da Nova Aliança.
2. No Novo Testamento. O
mesmo dicionário informa ainda que ao longo do Novo Testamento a palavra “dom”
aparece com diferentes significados, que se relacionam ao verbo grego didomi. Este verbo representa o sentido
ativo da palavra “dar” em Filipenses 4.15. Na Nova Aliança, os dons de Deus
estão disponíveis para que a Igreja, em nome de Jesus, promova a libertação dos
cativos, ministre a cura aos doentes e proclame a salvação do homem para a
glória de Deus. O Novo Testamento também deixa claro que todos os crentes têm
acesso direto a Deus através de Cristo Jesus e, por isso, podem receber os dons
do Espírito.
3. Uma dádiva para a Igreja. A
fim de sermos mais didáticos e eficientes no estudo a respeito dos dons,
dividiremos este assunto em três categorias principais: Dons de Serviço, Dons Espirituais e Dons Ministeriais.
Esta divisão acompanha a classificação dos dons conforme se encontra nas
epístolas paulinas aos Romanos, 1 Coríntios e Efésios, respectivamente.
Insistimos, porém, que esta classificação é apenas um recurso didático, pois
quando o apóstolo expõe o assunto em suas cartas, ele não parece querer exaurir
os dons em uma lista, antes, preocupa-se em exortar os irmãos a buscá-los e
usá-los para encorajar, confortar e edificar a Igreja de Cristo, bem como
glorificar a Deus e evangelizar o mundo.
II. OS DONS DE SERVIÇO, ESPIRITUAIS E MINISTERIAIS
1. Dons relacionados ao serviço
cristão. Em Romanos 12 o apóstolo Paulo admoesta a igreja,
lembrando-a de que o membro do Corpo de Cristo não pode se achar
autossuficiente. Assim como um membro do corpo humano depende dos outros para
exercer a sua função, na igreja necessitamos uns dos outros para o
fortalecimento da nossa vida espiritual e comunhão em Cristo. Por isso, a
categoria de dons apresentada em Romanos 12 traz a ideia da manutenção dessa
comunhão dos santos, pois ao falarmos de serviços, subentende-se que quem serve
está prestando um serviço para alguém. Observe os dons de serviço listados por
Paulo em Romanos: Ministério (ofício diaconal), exortação (encorajamento),
repartir, presidir e exercer misericórdia. Note que esses dons estão
relacionados com uma ação em prol do outro, do próximo. Portanto, se você tem
um dom, deve usá-lo em benefício da Igreja de Cristo na Terra.
2. Conhecendo os dons espirituais. “Acerca
dos dons espirituais,
não quero, irmãos, que sejais ignorantes” (1Co 12.1). Os dons listados em 1
Coríntios 12 são: Palavra da sabedoria; palavra da ciência; fé; curas; operação
de maravilhas; profecia; discernimento de espíritos; variedades de línguas;
interpretação de línguas.
Apesar de as manifestações
sobrenaturais pertencerem ao mundo espiritual, isto é, a uma categoria
particular da experiência religiosa do crente, o apóstolo Paulo desejava que as
igrejas, e em especial a de Corinto, conhecessem algumas considerações
importantes sobre os dons espirituais. Uma característica predominante em
Corinto, segundo o Comentário Bíblico Beacon(CPAD), era a vida pregressa dos membros envolvidos
com idolatria. Muitas manifestações espirituais na igreja lembravam a
experiência mística das religiões de mistérios. Os coríntios precisavam ser
ensinados de forma correta sobre a existência dos dons e de sua utilização
dentro do culto e fora dele. Por isso, à luz da Palavra de Deus, devemos
ensinar a respeito dos dons espirituais para que a igreja seja edificada. A Bíblia
traz os ensinos corretos sobre o uso dos dons, e se há distorções nessa esfera,
estas acontecem por algumas igrejas não ensinarem de forma correta o que a
Bíblia diz, e isso contribui para o surgimento do fanatismo religioso, da
corrupção doutrinária dos movimentos estranhos e de muitas heresias. Portanto,
o ensino correto das Escrituras nos orienta sobre a forma adequada da
utilização dos dons e previne o surgimento de práticas condenáveis no culto.
3. Acerca dos dons ministeriais. A
Epístola de Paulo aos Efésios classifica os dons ministeriais assim: Apóstolos,
profetas, evangelistas, pastores e doutores (4.11). Os propósitos de o Senhor
concedê-los à Igreja, segundo a Bíblia de Estudo Pentecostal, são, em primeiro lugar, capacitar o povo de Deus
para o serviço cristão; em segundo, promover o crescimento da igreja local;
terceiro, desenvolver a vida espiritual dos discípulos de Jesus (4.12-16). O
Senhor deu a sua Igreja ministros para servi-la com zelo e amor (1Pe 5.2,3). O
ensino do Novo Testamento acerca do exercício ministerial está ligado a
concepção evangélica de serviço (Mt 20.20-28; Jo 13.1-11), jamais à perspectiva
centralizadora e sacerdotal do Antigo Testamento.
III. CORINTO: UMA IGREJA PROBLEMÁTICA NA ADMINISTRAÇÃO DOS DONS
ESPIRITUAIS (1Co 12.1-11)
1. Os dons são importantes. Um
argumento utilizado pelos cessacionistas (pessoas que defendem a errônea ideia
de que os dons espirituais cessaram no primeiro século), é que os crentes
pentecostais tendem a se achar superiores uns aos outros por terem algum dom.
Lamentavelmente, isto é verdade em muitos lugares. Entretanto, o apóstolo Paulo
faz questão de tratar desse assunto com os crentes de Corinto que estavam
supervalorizando alguns dons em detrimento de outros. Precisamos resgatar a
noção de serviço que Jesus Cristo ensinou nos Evangelhos, pois todos os dons
vêm diretamente de Deus para melhor servirmos à igreja de Cristo.
2. Diversidade dos dons. O
que mais nos chama a atenção na lista de dons apresentada por Paulo em 1
Coríntios 12 não são os nove dons, mas a diversidade deles, isto denota a
unidade da Igreja de Cristo, mas simultaneamente a sua multiplicidade. O Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento tem
razão quando fala que “talvez Paulo tenha selecionado estes noves dons por serem
adequados à situação que havia em Corinto”, pois se compararmos a lista de 1
Coríntios com Romanos e também Efésios, veremos que outros dons são
relacionados de acordo com as necessidades de cada igreja local.
3. Autossuficiência e humildade. Os
dons espirituais são concedidos aos crentes pela graça de Deus, e não por
méritos pessoais (Rm 12.6; 1Pe 4.10). Não podemos orgulhar-nos e portar-nos de
modo arrogante e autoritário no exercício dos dons, mas com humildade e temor a
Deus. Portanto, não use o dom que Deus lhe deu com orgulho, visando a exaltação
pessoal. Isto é pecado contra o Senhor e contra a Igreja. Use-o com um coração
sincero e transbordante de amor pelo próximo (1Co 13). Não foi por acaso que o
capítulo 13 (Amor) de 1 Coríntios foi colocado entre o 12 (Dons) e o 14
(Línguas e Profecia).
CONCLUSÃO
O estudo dos dons de Deus aos homens
é amplo e nos apresenta recursos pelos quais podemos servir ao Senhor e à sua
Igreja. Esses dons são para os nossos dias, pois não há na Bíblia nenhum
versículo que diga que os dons espirituais deixaram de existir com a morte do
último apóstolo. Portanto, busquemos os dons do Espírito Santo, pois estão à
nossa disposição. Eles são um exemplo da multiforme graça de Deus em dispensar
instrumentos espirituais para a Igreja na história.
“[Dons espirituais]
Os dons espirituais, que são pela
graça, mediante a fé, encontra-se na palavra grega mais usada para
descrevê-los:charismata, ‘dons livre e graciosamente concedidos’, palavra
esta que se deriva de charis, graça, o imerecido favor divino. Os
carismas são dons que merecemos sem os merecermos. Dão testemunho da bondade de
Deus, e não da virtude de quem os receberam.
Uma das falácias que frequentemente
engana as pessoas é a ideia de como Deus abençoa ou usa alguém; isso significa
que Ele aprova tudo o que a pessoa faz ou ensina. Mesmo quando parece haver uma
‘unção’, não há garantia disso. Quando Apolo chegou a Éfeso pela primeira vez,
não somente era eloquente em sua pregação; era também ‘fervoroso de espírito’.
Tinha o fogo. Mas Priscila e Áquila perceberam que faltava algo. Logo, o
levaram (provavelmente, para casa, a fim de participar de uma refeição), e lhe
explicaram com mais exatidão o caminho de Deus (At 18.25,26).
Era, pois o caminho de Deus a
respeito dos dons espirituais, que Paulo, como um pai, desejava explicar com
mais exatidão aos coríntios. A esses dons ele dá o nome de ‘espirituais’ em 1
Coríntios 12.1 (a palavra dom não se encontra no grego). A palavra, por si
mesma, inclui algo dirigido pelo Espírito Santo [...]” (HORTON, S. M. A Doutrina do Espírito Santo no Antigo e Novo
Testamento. 12 ed., RJ: CPAD, 2012, p.225).
Subsídio Teológico
“Os dons são dados, de fato, com a
intenção divina de que todos recebam proveito deles (1Co 12.7). Isso não significa
que todos têm um dom específico, mas há dons (manifestações, revelações, meios
pelos quais o Espírito se torna conhecido) que são dados (continuamente) para o
que for útil (proveitoso, para crescimento). ‘Útil’ significa algo que ajuda,
especialmente na edificação da Igreja, tanto espiritualmente como em número de
membros. (O Livro de Atos tem um tema de crescimento numérico e geográfico.
Deus quer que o Evangelho seja divulgado em todo o mundo). Pode ser ilustrado
pelo mandamento do Senhor: ‘Negociai até que eu venha’ (Lc 19.13). Ao partirmos
para o ministério dos seus dons, Ele nos ajuda a crescer na eficiência e na
eficácia, assim como fizeram os que usaram devidamente o que o Senhor lhes deu,
na Parábola das Dez Minas (Lc 19.15-19)” (HORTON, S. M. A Doutrina do Espírito Santo no Antigo e Novo
Testamento. 12 ed. RJ: CPAD, 2012, pp.229,30).
SUBSÍDIOS
ENSINADOR CRISTÃO
Dons Espirituais e Ministeriais
Neste trimestre, estudaremos sobre os
dons ministeriais e espirituais. Depois da morte e ressurreição de Cristo,
acreditamos que os dons são um dos assuntos mais relevantes do Novo Testamento
para a Igreja de Cristo. Os dons espirituais e ministeriais são dádivas divinas
para a Igreja atual. Alguns erroneamente afirmam que os dons foram apenas para
a igreja do primeiro século. Esta afirmação contraria a Bíblia, que diz em Joel
2.28 “E há de ser, depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, vossos
filhos e filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens
terão visões”. Os dons são para a Igreja de Cristo até a sua Segunda Vinda. O
apóstolo Paulo declarou aos coríntios que não devemos ser ignorantes a respeito
dos dons (1Co 12.1).
Na Palavra de Deus, encontramos três
listas principais que tratam a respeito dos dons. As três listas se completam.
Podemos encontrar a primeira lista em Romanos 12.4-8. Aqui estão relacionados
os dons de serviço. A segunda lista está em 1 Coríntios 12 e nela encontramos
listados os dons espirituais. A terceira relação se encontra em Efésios 4.11,
onde encontramos os dons ministeriais. Tanto os dons de serviço quanto os
ministeriais e espirituais têm como propósito a edificação do Corpo de Cristo.
Usando os dons de maneira a agradar a
Deus
Os dons devem ser utilizados com um
propósito específico, a fim de que o nome de Cristo seja glorificado. Quem
deseja os dons necessita compreender que toda a nossa capacidade e habilidade
vem do Senhor. É uma capacidade sobrenatural, não é inata. Estas habilidades
são resultado único da graça divina em nossas vidas.
No uso dos dons, o crente também
precisa conscientizar-se de que o Corpo de Cristo é formado por vários membros,
com funções diferentes, mas isso não significa que um é mais importante que o
outro. Todos têm o seu valor e devem funcionar em harmonia, visando o bem de
todos. Não existe um dom que seja superior aos outros, eles se complementam
para a glória do Senhor.
Não seja ignorante quanto aos dons
espirituais
Os dons é um assunto tão importante
para a igreja, que Paulo exorta aos Coríntios a que todos sejam instruídos no
assunto (1Co 12.1). A falta de conhecimento leva ao fanatismo, gerando sérios
problemas. A cidade de Corinto era marcada pela idolatria. O Brasil também tem
uma diversidade religiosa grande, muitos irmãos em nossas igrejas vieram de
religiões idólatras, onde o uso de “poderes místicos” é comum. Precisamos
estudar, à luz da Palavra, a respeito dos dons a fim de que venhamos discernir
os verdadeiros dons do Espírito. A falta de ensino contribui para surgimento de
muitas heresias.
O propósito
dos Dons Espirituais
1 Coríntios 12.8-11; 13.1,2.
1 Coríntios 12
8 - Porque a um, pelo Espírito, é dada a
palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;
9 - e a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a
outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar;
10 - e a outro, a operação de
maravilhas; e a outro, a profecia; e a outro, o dom de discernir os espíritos;
e a outro, a variedade de línguas; e a outro, a interpretação das línguas.
11 - Mas um só e o mesmo Espírito
opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.
1 Coríntios 13
1 - Ainda que eu falasse as línguas dos homens
e dos anjos e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que
tine.
2 - E ainda que tivesse o dom de profecia, e
conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé,
de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor; nada seria.
Palavra Chave
Propósito: Aquilo que se busca alcançar;
objetivo, finalidade, intuito.
Nesta lição estudaremos o verdadeiro
propósito dos dons espirituais concedidos por Deus à sua Igreja. Os dons do
Espírito Santo são recursos imprescindíveis do Pai para os seus filhos. O seu
propósito é edificar-nos e unir-nos, fortalecendo assim a Igreja de Cristo (1Tm
3.15).
I. OS DONS NÃO SÃO PARA ELITIZAR O CRENTE
1. A igreja coríntia. A
Igreja em Corinto localizava-se numa cidade comercial e próxima do mar, sendo
uma das mais importantes do Império Romano. Corinto era uma cidade
economicamente rica, porém marcada pelo culto idolátrico. Durante a segunda
viagem missionária de Paulo, a igreja recebeu a visita do apóstolo (At
18.1-18). Por conhecer muito bem a comunidade cristã em Corinto foi que o
apóstolo dos gentios tratou, em sua Primeira Epístola dirigida àquela igreja,
sobre a abundância da manifestação dos dons do Espírito, chegando a afirmar
daquela igreja que “nenhum dom” lhe faltava (1Co 1.7).
2. Uma igreja de muitos dons, mas
carnal. Os dons do Espírito concedidos por Deus à igreja de
Corinto tinham por finalidade prepará-la e santificá-la para o serviço do
evangelho: a proclamação da Palavra de Deus naquela cidade. Todavia, além de
aquela igreja não usar corretamente os dons que recebera do Pai, tinha em seu
meio divisões, inveja, imoralidade sexual, etc. Como pode uma igreja
evidentemente cristã ser ao mesmo tempo carnal e imoral? Por isso Paulo a chama
de carnal e imatura (1Co 3.1,3). Com este relato, aprendemos que as
manifestações espirituais na igreja local não são propriamente indicadoras de
seriedade, espiritualidade e santidade. Uma igreja onde predominam a inveja,
contenda e dissensões, nem de longe pode ser chamada de espiritual, e sim de
carnal.
3. Dom não é sinal de superioridade
espiritual. Muitos creem erroneamente que os irmãos agraciados
com dons da parte de Deus são, por isso, mais espirituais que os outros.
Todavia, os dons do Espírito são concedidos pela graça de Deus. Por ser
resultado da graça divina, não recebemos tais dons por méritos próprios, mas
pela bondade e misericórdia de Deus. Que a mensagem de Jesus possa ressoar em
nossa consciência e convencer-nos de uma vez por todas de que os dons não são
garantia de espiritualidade genuína: “Muitos me dirão naquele Dia: Senhor,
Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos
demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas? E, então, lhes direi
abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a
iniquidade” (Mt 7.22,23).
II. EDIFICANDO A SI MESMO E AOS OUTROS
1. Edificando a si mesmo. Paulo
diz que quem “fala língua estranha edifica-se a si mesmo” (1Co 14.4). O
apóstolo estimulava os crentes da igreja de Corinto a cultivarem sua devoção
particular a Deus através do falar em línguas concedidas pelo Espírito, com o
objetivo de edificarem a si mesmos. Isto não significa que o apóstolo dos
gentios proibia o falar em línguas publicamente, mas ao fazê-lo de maneira
devocional o crente batizado com o Espírito Santo edifica-se no seu
relacionamento com Deus. Falar ou orar em línguas provenientes do Espírito é
uma bênção espiritual maravilhosa.
2. Edificando os outros. Os
crentes de Corinto falavam em línguas e exerciam vários dons espirituais, mas
parece que eles não se preocupavam muito em ajudar as pessoas. Por isso, o
apóstolo lembra que os dons só têm razão de existir quando o portador
preocupa-se com a edificação da vida do outro irmão em Cristo (1Co 14.12). Em
lugar de buscarmos prosperidade material, como se pudéssemos barganhar com Deus
usando dinheiro em troca de bênçãos, busquemos os dons espirituais. Agindo
assim edificaremos a nós mesmos e também aos outros.
3. Edificando até o não crente. Embora
o apóstolo dos gentios estimulasse todos os crentes a falarem em línguas, isto
é, a edificarem a si mesmos, seu desejo era que também esses mesmos crentes
profetizassem a fim de que a igreja toda fosse edificada. O comentário da Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal diz
sobre esse texto: “Embora o próprio Paulo falasse em línguas, enfatizava a
profecia, porque esta edificava a Igreja inteira, enquanto falarem línguas
beneficiava principalmente o falante”. Todos quantos vierem a frequentar nossas
reuniões devem ser edificados, sejam crentes ou não. Por isso, não podemos
escandalizar aqueles que não comungam a mesma fé que nós (1Co 14.23). Como eles
compreenderão a mensagem do evangelho se em uma reunião não entenderem o que
está sendo falado? (1Co 14.9).
III. EDIFICAR TODO O CORPO DE CRISTO
1. Os dons na igreja. Na
Primeira Carta aos Coríntios, Paulo dedica dois capítulos (12 e 14) para falar
a respeito do uso dos dons na igreja. O apóstolo mostra que quando os dons são
utilizados com amor, todo o Corpo de Cristo é edificado. Conforme diz Thomas
Hoover, parafraseando Paulo em Efésios 4.16, “os membros do corpo, cada qual
com sua própria função concedida pelo Espírito, cooperam para o bem de todas. O
amor é essencial para os dons espirituais alcançarem seu propósito”. Se não
houver amor, certamente não haverá edificação (1Co 13). Sem o amor de Deus nos
tornamos egoístas e acabamos por colocar nossos interesses em primeiro lugar. O
propósito dos dons, que é edificar o Corpo de Cristo, só pode ser cumprido se
tivermos o amor de Deus em nossa vida.
2. Os sábios arquitetos do Corpo de
Cristo. Deus levanta homens para edificarem espiritual,
moral e doutrinariamente a igreja local. A Igreja é o “edifício de Deus” (1Co
3.9). Os ministros, sábios arquitetos (1Co 3.10). O fundamento já está posto
pelos apóstolos: Jesus Cristo (1Co 3.11). Mas os ministros têm de tomar o
cuidado com as pedras assentadas sobre este alicerce, pois eles também tomam
parte na edificação espiritual da Igreja de Cristo segundo a mesma graça
concedida aos apóstolos. Por isso, Paulo faz uma solene advertência para a
liderança hoje: “mas veja cada um como edifica sobre ele. Porque ninguém pode
pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo” (1Co
3.10,11).
3. Despenseiros dos dons. O
apóstolo Pedro exortou a igreja acerca da administração dos dons de Deus (1Pe
4.10,11). Ele usou a figura do despenseiro que, antigamente, era o homem que
administrava a despensa e tinha total confiança do patrão. O despenseiro
adquiria os mantimentos, zelava para que não estragassem e os distribuíam para
a alimentação da família. Desta forma, os despenseiros da obra do Senhor devem
alimentar a “família de Deus” (1Co 4.1; Ef 2.19). Eles precisam ter o cuidado
no uso dos dons concedidos pelo Senhor para prover a alimentação espiritual,
objetivando a edificação do Corpo de Cristo: “Cada um administre aos outros o
dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus. Se
alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar,
administre segundo o poder que Deus dá, para que em tudo Deus seja glorificado
por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o poder para todo o sempre” (1Pe
4.10,11).
A igreja de Jesus Cristo tem uma
missão a cumprir: proclamar o evangelho em um mundo hostil às verdades de
Cristo e descrente de Deus. Diante desta tão sublime tarefa, a igreja necessita
do poder divino. Os dons espirituais são um “arsenal” à disposição do corpo de
Cristo para o cumprimento eficaz de sua missão na terra. Como já foi dito, o
propósito dos dons é edificar toda a igreja, todo Corpo de Cristo para ser
abençoado, exortado e consolado. Por isso, nunca devemos usar os santos dons de
Deus em benefício particular, como se fosse algo exclusivo de certas pessoas.
Somos chamados a servir a Igreja do Senhor, e não a utilizar os dons de Deus
para nós mesmos.
“Dado
conforme o Espírito Deseja
A primeira relação dos dons com a
repetição do fato que cada um é dado pelo Espírito (1Co 12.8-10) leva ao clímax
no versículo 11, que diz: ‘Mas um só e o mesmo Espírito opera todas as coisas,
repartindo particularmente [individualmente] como quer’. Aqui temos um paralelo
com Hebreus 2.4, que fala dos apóstolos que primeiramente ouviram o Senhor e
depois transmitiram a mensagem: ‘Testificando também Deus com eles, por sinais
[sobrenaturais], e milagres, e várias maravilhas [tipos de obras de grande
poder] e dons [distribuições separadas] do Espírito Santo, distribuídos por sua
vontade’. É evidente, à luz destes trechos, que o Espírito Santo é soberano ao
outorgar os dons. São distribuídos segundo a sua vontade. Buscamos os melhores
dons, mas Ele é o único que sabe o que é realmente melhor em qualquer situação.
Fica evidente, também, que os dons permanecem debaixo de sua autoridade. Nunca
são nossos no sentido de não precisarmos do Espírito Santo, pela fé, para cada
expressão desses dons. Nunca se tornam parte da nossa própria natureza, ao
ponto de não perdê-los, de serem tirados de nós. A Bíblia diz que os dons e a
vocação de Deus são permanentes (Deus não muda de opinião a respeito deles),
mas aqui há referência a Israel (Rm 11.28,29)” (HORTON, Stanley M. A Doutrina do Espírito Santo no Antigo e Novo
Testamento. 12 ed., Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p.230).
AUXÍLIO
BIBLIOGRÁFICO II
Subsídio Bibliológico
“O
amor é essencial
Os dons têm um lugar especial na
igreja e são muito úteis. Mas o amor representa a essência da vida cristã, e é
absolutamente necessário. Ele encontra um lugar mesmo entre os dons
carismáticos, porém os dons sem a presença do amor são como um corpo sem alma.
Sem amor, o dom de falar se torna
vazio e imprudente — ele é como o metal que soa ou como o sino que tine. O
metal que soa (‘gongo barulhento’) significa que um pedaço de metal não lavrado
ou gongo usado para chamar a atenção. Tinir (alalazon) significa ‘colidir’, ou um som alto e áspero. O
sino (ou símbolo) consistia de duas meias circunferências que eram golpeadas
causando um estrondo. A ideia aqui é de um inexpressivo som de metal em lugar
de música.
O objetivo do apóstolo é mostrar que
o homem que professa o dom da glossolalia, da forma como era praticada em
Corinto, mas que não tem amor, na realidade não é mais que um instrumento
metálico impessoal” (Comentário Bíblico Beacon. 1
ed. Vol. 8, Rio de Janeiro: CPAD, 2006, pp.343,44).
SUBSÍDIOS
ENSINADOR CRISTÃO
O Propósito dos Dons
Muitas dúvidas pairam sobre os
crentes pentecostais quando o assunto é os dons espirituais. Elas prejudicam a
obra de Deus e o recebimento das bênçãos divinas. Os dons do Espírito Santo são
recursos indispensáveis para o Corpo de Cristo. Eles contribuem para a expansão
e edificação da Igreja.
Os dons são sempre concedidos aos
crentes visando um propósito específico. Qual será este objetivo? O alvo divino
é a edificação de todos os membros do Corpo. Infelizmente, alguns fazem um uso
errado dos dons. Vemos crentes tentando usar os dons para alcançar interesses
pessoais. Em vez de glorificar o nome do Senhor, estes se utilizam dos dons a
fim de galgar posições eclesiásticas. Muitos não estão mais sendo usados pelo
Espírito Santo, mas estão tentando usar o Espírito. Eles estão enganando a si
próprios. O Senhor conhece nossos corações e as nossas intenções. Haverá um dia
que teremos que prestar contas ao Senhor a respeito do uso dos nossos dons e
talentos. Neste dia muitos ouvirão do próprio Senhor a quem tentaram enganar
(Mt 7.24).
O objetivo dos dons não é a
superioridade ou elitização de um grupo (1Co 12.7)
Por falta de conhecimento bíblico,
muitos acreditam, erroneamente, que os dons são um sinal de grande
espiritualidade e até de superioridade, mas não o são. Tomemos como exemplo os
irmãos da igreja de Corinto. Ao visitar aquela igreja, Paulo relatou que ali
havia a manifestação de muitos dons espirituais (1Co 1.7). Corinto era uma
cidade cosmopolita, marcada pela idolatria, paganismo e imoralidade. Ser um crente
fiel naquela cidade não era fácil. Logo, Deus concedeu muitos dons do Espírito
Santo àqueles irmãos a fim de que tivessem condições de lutar contra a
idolatria, a imoralidade e permanecessem em santidade até a volta de Cristo.
Todavia, a igreja de Corinto estava longe de ser uma igreja espiritual. O
pecado havia adentrado ali. Paulo chama os irmãos de Corinto de carnais e
meninos (1Co 3.1). Fica então a pergunta: “O que torna o crente espiritual? Os
dons?” Podemos aprender, por intermédio dos irmãos de Corinto, que não. Quem
tem poder para santificar os crentes é o Espírito Santo. Os dons são dádivas
divinas. São presentes e não tem o poder de nos santificar.
Os dons espirituais são dádivas
importantes e necessárias à igreja nestes últimos dias antes da Segunda Vinda
de Cristo. Estamos vivendo tempos trabalhosos (2Tm 3.1), por isso, precisamos
ser cheios do Espírito Santo e procurar com dedicação os dons espirituais (1Co
12.31).
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