DISCIPULADO N.1
Confiando
firmemente em Deus
Confiança: Disposição espiritual pelo
qual o crente entrega se, sem reservas, aos cuidados de Deus.
Confiar em Deus é viver convictos de que tudo está em suas mãos. Na
Bíblia, haveremos de encontrar o necessário lenitivo para todas as nossas
angústias. O que vem ser, porém, essa confiança? De que maneira podemos
cultivá-la?
I. O QUE É A CONFIANÇA EM DEUS
1. Definição. A confiança em Deus é a
disposição espiritual de entregar-se, sem quaisquer reservas, aos seus
cuidados, sabendo que Ele tudo fará para que, em nossa vida, sua glória seja
plenamente exaltada.
2. A confiança em Deus como disciplina teológica. A
confiança nas providências divinas faz parte daquilo que podemos chamar de
teologia espiritual ou devocional. O livro de Salmos, aliás, é ao mesmo tempo
profundamente teológico e inesquecivelmente devocional. Basta ler, por exemplo,
o Salmo 37 que serve de base para a leitura em classe.A confiança em Deus é a
disposição espiritual pelo qual o crente entrega-se, sem reservas, aos cuidados
de Deus.
II. A BASE DA CONFIANÇA EM DEUS
1. A soberania de Deus. Nada ocorre sem a expressa
permissão de Deus (Dn 4.34-37). Este é o princípio da soberania divina, que
pode ser assim definida: Autoridade absoluta e inquestionável que Deus exerce
sobre todas as coisas criadas, quer na terra, quer nos céus, dispondo de tudo
de acordo com os conselhos e desígnios. Leia o capítulo 42 do Livro de Jó.
Por conseguinte, quem descansa na soberania de Deus, não se
estressa nem se desespera: sabe que todas as coisas acontecem de acordo com o
divino querer (Sl 4.8).
2. A sabedoria de Deus. A sabedoria de Deus, pois, é
o atributo por intermédio do qual o Ser Supremo sustenta todas as coisas,
fazendo com que tudo contribua para a consecução de seus planos, decretos e
desígnios (Ef 3.10). Somente Ele é capaz de operar de tal maneira, fazendo com
que tudo na vida de seus filhos contribua para a sua excelsa glória e para a
nossa maior felicidade (1 Rs 3.28).
3. O poder de Deus. Confiamos em Deus porque Ele
pode todas as coisas; nada lhe é impossível (Mt 19.26). Conforme a sua vontade,
opera Ele em nossa vida, fazendo com que todos os seus planos se cumpram quer
admitam os homens, quer tentem impedir-lhe os desígnios (Jó 42.2). Haja vista o
nascimento de Cristo. O inferno todo se arvorou para que o Messias não viesse
ao mundo. Todavia, o Senhor operou, desde a mais remota antiguidade, para que o
seu Filho viesse ao mundo na plenitude dos tempos, a fim de executar o Plano de
Salvação (Gl 4.4).
4. A provisão de Deus. Deus tudo provisiona,
objetivando a execução de seus planos em nossa vida. O que diremos da história
de José? O que parecia uma tragédia pessoal, transformou-se num plano de
salvação nacional (Gn 45.7). Se num primeiro momento o hebreu é vendido como
escravo para o Egito, no segundo, Deus o levanta como o senhor de toda aquela
terra. E, assim, pôde ele sustentar os hebreus, dos quais adviria o Cristo. Da
mesma forma ocorre em nossa vida, o que aparentemente parece uma tragédia,
transforma-se, de acordo com o querer divino, num triunfo pessoal para maior
glória do nome de Deus.
5. O amor de Deus. Todos os atos de Deus são
atos do mais puro e elevado amor (Rm 5.5). Mesmo que nos sejam dolorosos no
presente, trazem-nos inefáveis consolos no porvir. Confiemos, pois, em Deus até
mesmo onde o consolo parece impossível. Se os homens vêem apenas lágrimas,
enxergamos nós o lenitivo que emana do coração de Deus diretamente para o nosso
coração (Is 49.13).As bases da confiança do crente no Senhor são: a soberania,
sabedoria, poder, provisão e amor de Deus.
III. EXEMPLOS DE CONFIANÇA EM DEUS
Vejamos, os exemplos nas Sagradas Escrituras.
1. Abraão. Era o crente Abraão tão confiante no
Senhor que, mesmo diante da desesperança, cultivava a esperança em Deus (Rm
4.18; Hb 11.11,12).
2. Jó. No auge de suas provações, demonstra o
patriarca Jó que a sua confiança em Deus continuava inabalável (Jó 19.25).
3. Paulo. Apesar de enfrentar tantas dificuldades
em seu ministério, Paulo possuía uma confiança singular naquele que tudo
realiza e opera (2 Tm 1.12).Nas Escrituras encontramos diversos exemplos de confiança
em Deus, entre eles podemos destacar: Abraão, Jó e Paulo.
IV. COMO EXERCER A NOSSA CONFIANÇA EM DEUS
1. Vivendo pela fé. Habacuque, num momento de
aparente crise espiritual, ouviu do Senhor esta maravilhosa expressão que,
séculos mais tarde, seria citada pelo apóstolo: “Mas o justo viverá pela sua
fé” (Hc 2.4 - ARA). Por conseguinte, se também vivermos pela fé, jamais nos
faltará a necessária confiança em Deus.
2. Vivendo sem ansiedade. A falta de confiança
em Deus gera ansiedade, e a ansiedade acaba por dar à luz a depressão. Por
isto, o conselho de Paulo tem de ser aplicado por aqueles que anseiam um viver
tranquilo e sossegado, conscientes de que Deus está no comando de tudo (Fp
4.6).
3. Vivendo em oração. Aos irmãos de Tessalônica,
recomenda Paulo: “Orai sem cessar” (1 Ts 5.17). O que isto significa? Antes de
mais nada, temos de apresentar ao Senhor todas as nossas petições, na certeza
de que Ele é poderoso para no-las suprir.
4. Vivendo a Bíblia Sagrada. O general Josué
recebeu do Senhor esta recomendação: “Não cesses de falar deste Livro da Lei;
antes, medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer segundo tudo
quanto nele está escrito; então, farás prosperar o teu caminho e serás
bem-sucedido” (Js 1.8). Agindo assim, aprenderemos a viver de modo vitorioso;
nenhum mal nos atingirá.O cristão exerce confiança em Deus quando vive pela fé,
sem ansiedade, em oração e conforme a Palavra de Deus.
Confia você inteiramente em Deus? Ele se acha ao nosso redor,
levando-nos a viver triunfantemente. Basta confiar em Deus e crer em suas
promessas que “são mui ricas para nos valer”. É por isto que, em nossos cultos,
louvamos a Deus, proclamando: “firmes nas promessas do meu Salvador”.
1. Confiança na Palavra de Deus. A
declaração de Paulo: ‘Porque sei que disto me resultará salvação’ é uma citação
textual de Jó 13.16 no Antigo Testamento grego. A palavra ‘sei’ vem da palavra
grega oida,
que significa saber com certeza. Paulo está exprimindo uma firme confiança no
que está para acontecer .
2. Confiança nas Orações dos Santos. Paulo
acreditava nos eternos propósitos de Deus, estabelecidos antes mesmo da
existência do tempo. Todavia, era de seu conhecimento que Deus trabalha e
realiza seus propósitos em associação com as orações dos crentes.(MACARTHUR,
JR. J. O poder do
sofrimento. 4.ed., RJ: CPAD, 2002, pp.63-4.)O crente deve estar em constante
harmonia com a vontade de Deus para a sua vida, servindo-o e ajudando outras
pessoas em nome dEle. Devemos amar e submeter-nos a Deus pela fé em Cristo, se quisermos
que o Senhor opere para o nosso bem em todas as coisas.Para termos sobre nós o
cuidado de Deus, devemos clamar a Ele em oração e fé perseverante. Pela oração
e confiança em Deus, experimentamos a paz, recebemos a força, a misericórdia, a
graça e ajuda divina em tempos de necessidade.
FIGURA
SIGNIFICADO
APLICAÇÃO
PRÊMIO
SOLDADO
Disciplina
na aflição (1 Co 9.7a; 2 Co 10.3-5; Ef 6.10-10)
Resistência
e perseverança no sofrimento
Aprovação
do Comandante
ATLETA
Disciplina
no cumprimento das regras (1 Co 9.24-27)
Resistência
e perseverança no que é reto
Coroa da
vitória
LAVRADOR
Disciplina
na paciência e perseverança (1 Co 9.7b,10-12)
Resistência
e perseverança para colher os frutos
Resistência
e perseverança para colher os frutos do labor
Disciplina: Prática, submissão e
observação a certos preceitos que regulam e orientam o viver cotidiano do
indivíduo.
Infelizmente, pouca importância damos às disciplinas da vida
cristã. Mostram as Escrituras, todavia, que, sem o seu exercício, jamais
alcançaremos o alvo que nos traçou Deus através de Cristo: a estatura de um ser
humano perfeito, como perfeito era Adão antes de haver transgredido a lei
divina.Por que as disciplinas da vida cristã são tão importantes? Em que reside
o seu mérito? Em sua doutrina? Ou em sua devoção? Aliás, que doutrina não é
devocional e que devoção não é doutrinal? Os santos do Antigo e do Novo
Testamento, em sua peregrinação rumo à Jerusalém Celeste, disciplinavam-se de
tal forma que, ousada e bravamente, venceram um mundo comprometido com o
maligno.Deseja você também triunfar? Não se esqueça das disciplinas
espirituais. Ande como Jesus andou; torne-se parecido com o seu Senhor.
I. O QUE SÃO AS DISCIPLINAS DA VIDA CRISTÃ
John Wesley cultivava a piedade, de tal maneira, que os seus
colegas, na universidade, apelidaram-no de o metodista. No orar e no estudar a
Bíblia, metódico. Erguendo-se ele como um perfeito exemplo de vida cristã, não
lhe foi penoso avivar a Inglaterra no século 18. Wesley sabia o quanto são
importantes, para o crente, as disciplinas devocionais (Tt 1.7,8).
1. Definição. Disciplinas da vida cristã
são os exercícios espirituais, prescritos na Bíblia Sagrada, cujo objetivo é
proporcionar ao crente uma intimidade singular com o Pai Celeste, constrangendo
os que nos cercam a glorificar-lhe o nome (Hb 12.8).
2. Elementos das disciplinas da vida cristã. De
conformidade com as Sagradas Escrituras, estas são as disciplinas a que deve
submeter-se o crente: adoração a Deus, leitura diária e sistemática da Bíblia,
oração, serviço, mordomia do corpo e dos bens, etc. Tem você se dedicado a
essas observâncias? Outros elementos, igualmente valiosos, poderiam ser aqui
arrolados; estes, porém, já são mais do que suficientes, para mostrar a
sublimidade de nossa carreira cristã.
Para inteirar-se melhor do assunto, recomendo a leitura do livro Disciplinas do Homem Cristão de
R. Kent Hughes.As disciplinas da vida cristã são os exercícios espirituais que
proporcionam ao crente uma intimidade com Deus. São elas: adoração, leitura da
Bíblia, oração, entre outras.
II. SÍMBOLOS DAS DISCIPLINAS DA VIDA CRISTÃ
Há pelo menos três figuras que salientam as disciplinas da vida
cristã: o soldado, o atleta e o agricultor. Sem exercício, perseverança e
sacrifício pessoal, jamais seremos bem-sucedidos quer no campo de batalha, quer
nas competições públicas ou no amanho da terra (Pv 23.23).
1. A disciplina do soldado. Como soldados de
Cristo, ajamos de modo disciplinado e perseverante, a fim de agradar ao que nos
arregimentou para a guerra: "Sofre, pois, comigo, as aflições, como bom
soldado de Jesus Cristo. Ninguém que milita se embaraça com negócio desta vida,
a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra" (2 Tm 2.3-5). Tinha o
apóstolo, em mente, o antigo soldado grego que, no campo de batalha, preferia o
sacrifício da própria vida a existir sem honra.
2. A disciplina do atleta. No tempo de Paulo,
eram os atletas mais do que disciplinados. Na conquista de uma coroa de louro,
empenhavam-se além de suas forças; perseguiam o impossível. Descreve-os o
apóstolo: "E, se alguém também milita, não é coroado se não militar
legitimamente" (2 Tm 2.5).
Se naqueles estádios, punham-se os competidores a lutar por uma
vitória efêmera e corruptível, nós avançamos em busca de eternos galardões. Por
isto temos de, à semelhança daqueles atletas, portar-nos de maneira viril e
disciplinadamente: "E todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem
para alcançar uma coroa corruptível, nós, porém, uma incorruptível" (1 Co
9.25).
3. A disciplina do agricultor. A
agricultura é a mais antiga das ciências; foi o primeiro trabalho de Adão e Eva
(Gn 1.26-30). O cultivo da terra, principalmente depois da queda de nossos
primeiros pais, tornou-se estressante e árduo. Eis porque o agricultor tanto
carece de disciplina e paciência: "O lavrador que trabalha deve ser o
primeiro a gozar dos frutos" (2 Tm 2.6). No cultivo do fruto do Espírito
também não devemos prescindir de disciplina e paciência. Afinal, temos de
melhorar a cada dia, refletindo em tudo a imagem de Nosso Senhor Jesus Cristo.Tem
você agido com disciplina em seu cotidiano? Porta-se com a bravura e o
desprendimento do soldado no combate às forças do mal? Abstém-se dos
entretenimentos mundanos na conquista da coroa incorruptível? E o fruto do
Espírito? Vem você cultivando-o pacientemente como aquele que lavra a terra?O
soldado, o atleta e o agricultor são os três principais símbolos da vida cristã
disciplinada. Eles exemplificam o exercício, a perseverança e o sacrifício
pessoal necessários ao crescimento espiritual.
III. A EFICÁCIA DAS DISCIPLINAS DA VIDA CRISTÃ
Na História
das Assembléias de Deus no Brasil, o irmão Emílio Conde narra como
o Movimento Pentecostal chegou aos longes mais desconhecidos de nosso país.
Diante daqueles relatos, é-nos impossível conter a pergunta: "Como Daniel
Berg e Gunnar Vingren lograram tal façanha?" Disciplinados na piedade,
foram capazes de suportar o insuportável e, assim, alargar as fronteiras do
Reino de Deus.
1. As disciplinas da vida cristã são eficazes contra o pecado. Exilado
em Babilônia, Daniel jamais deixou-se atrair por aqueles deuses belicosos e
sensuais. Afinal, quando ainda adolescente, propusera no coração não se
contaminar com os manjares e vinhos do rei (Dn 1.8). E, assim, pôde ele
caminhar toda uma longevidade na presença de Deus. Tinha o profeta suficiente
disciplina, a fim de recusar as ofertas da mais luxuriante metrópole do século
VI a.C.
Você é suficiente forte para dizer não ao pecado?
2. As disciplinas da vida cristã são eficazes no serviço cristão. Foi
Paulo, certamente, o mais aplicado missionário do Cristianismo. Em pouco tempo,
quer acompanhado por Barnabé, quer auxiliado por Silas, logrou o apóstolo
espalhar a mensagem cristã de Antioquia a Roma. Disciplinadíssimo, possuía um
senso de abnegação tão grande que, mesmo às vésperas de sua execução pelas
autoridades romanas, não deixou de anunciar as Boas Novas de Salvação (2 Tm 4).
Deseja você alcançar a excelência no serviço cristão? Aja como um
soldado, porte-se como um atleta e cultive a perseverança do agricultor.As
disciplinas da vida cristã são eficazes contra o pecado e no serviço
cristão.
Sem disciplina, não poderemos jamais agradar ao que nos
arregimentou para o seu exército. Adoremos, pois, a Deus. Leiamos a Bíblia.
Oremos. E exerçamos a mordomia de nossos corpos, haveres e tempo. Somente assim
haveremos de exaltar a Cristo em nosso ser.Os heróis da fé “não fruíram logo os
seus troféus”, conforme cantamos em nossos cultos de oração. Antes, lutaram de
forma denodada e fidelíssima, até que o Senhor fosse plenamente glorificado em
seus corpos. Quando lemos o capítulo 11 de Hebreus, fascinamo-nos, de imediato,
por aqueles homens e mulheres que, na marcha para os céus, operaram o
impossível. O segredo? A disciplina da piedade.Sejamos disciplinados em tudo;
dominemo-nos em todas as coisas.
“Paulo e a Disciplina.A declaração de Paulo a
Timóteo, com relação à disciplina espiritual - ‘Exercita-te pessoalmente na
piedade’ (1 Tm 4.7), envolve-se não de uma importância transcendente, mas de uma
urgência pessoal. Há outras passagens que ensinam disciplina, mas este é o
grande texto das Escrituras. ‘Exercita’ vem degymnos, que
significa ‘despido’, termo do qual se deriva a palavra ginásio. No grego
clássico, nas competições atléticas, os participantes competiam sem roupa, de
modo que não fossem estorvados. Portanto, a palavra ‘exercita’ originalmente
levava o significado literal de ‘exercitar-se despido’. Nos tempos do Novo
Testamento, se referia a qualquer forma de exercício. Mas era uma palavra com
odor de ginásio - o suor de um bom exercício. ‘Fazer ginástica (exercitar,
treinar) com o propósito da religiosidade’ contém o sentimento do que Paulo
está dizendo.
Suor Espiritual. Em uma outra palavra, ele
está conclamando ao suor espiritual! Da mesma forma que o atleta se descartava
e competia gymnos -
livre de tudo que pudesse eventualmente sobrecarregá-lo - devemos livrar-nos de
todo estorvo, toda associação, hábito e tendência que impeça a piedade. Se
quisermos vencer, devemos despojar-nos até à nudez espiritual”.(HUGHES, R.
K. Disciplinas do
homem cristão. 3.ed., RJ: CPAD, 2004, p.6.)Nosso Senhor Jesus Cristo é o
verdadeiro exemplo e fundamento de uma vida piedosa e disciplinada. Em tudo se
mostrou devoto e cuidadoso: na tentação (Lc 4.1-13), na devoção (Lc 9.28-36),
na oração (Lc 5.16; 6.12; 22.41), na comunhão com o Espírito Santo (Lc
4.1,14,18; 10.21), e no sofrimento (Lc 22.42-45).
“A piedade”, afirma a Bíblia, “para tudo é proveitosa” (1 Tm 4.8).
As armaduras de Saul não couberam no jovem pastor (1 Sm 17.38,39), mas a
piedade e a disciplina "para tudo lhe eram proveitosas" (1 Sm
17.45-47). Os discursos vazios dos amigos de Jó, pouco se mostraram úteis,
entretanto, a devoção e a fé "em tudo lhe foram proveitosas" (Jó
19.1,2,25). O vulgar é ser indisciplinado, o raro, ser piedoso e ocupar-se com
as disciplinas devocionais da vida cristã. Ora, se a piedade e a disciplina foram
os trajes dos santos, com quais andrajos substituiríamos as vestes sagradas?
Portanto, "exercita-te a ti mesmo em piedade" (1 Tm 4.7).
A minha alma te ama, ó Senhor
O vocábulo comunhão, do grego koinōnia, não significa apenas
"associação" ou "fraternidade", mas "relacionamento
íntimo". Na Primeira Epístola de João encontramos a expressão "a
nossa comunhão (koinōnia)
é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo" (1.3). É preciso observar que o
termo koinōnianão
é usado no Evangelho de João, no entanto, o apóstolo prefere a palavra gregaginōskō, isto é,
"conhecer". Porém, o sentido não se refere ao conhecimento por vias
intelectuais, mas à intimidade com a coisa conhecida, refletindo o sentido dekoinōnia (Jo 15.15;
17.26). A comunhão com o Pai, o Filho e o Espírito Santo é o supremo bem que
anela a alma do crente regenerado. Use o gráfico abaixo para ilustrar essa
verdade.
COMUNHÃO
CRISTÃ COM DEUS (1 Jo 1.3)
MEIOS DE
COMUNHÃO COM A TRINDADE
Pai (1 Jo
1.6)
A
Escritura (Sl 119.33-35)
Filho (1
Co 1.9)
Adoração
(At 16.25,26)
Espírito
Santo (2 Co 13.13; Fp 2.1)
Oração (Mt
6.9-13)
Anelo: Aspiração ardente da alma
pela presença benfazeja do Senhor.Norman Snaith, comentando o Salmo
42, realça quão inefável é a comunhão que desfrutamos com o Senhor: "O
homem que já experimentou a alegria da comunhão com Deus, não estará apático
quanto às oportunidades de renovar, com Ele, a sua intimidade, quer em suas
devoções particulares, quer nas adorações públicas. Esse homem simplesmente não
consegue ficar longe de Deus. Sua alma sedenta haverá de o impelir sempre à
presença do Pai Celeste".
Assim também diria William Bates, escritor puritano do século XVII.
Ao discorrer sobre a intimidade entre a nossa alma e o Supremo Ser, descreve
ele a alegria que lhe ia na alma: "A comunhão com Deus é o princípio do
céu".
I. O QUE É A COMUNHÃO COM DEUS
Tem você sede de Deus? Anela por sua presença? Suspira por seus
átrios? Anseia aprofundar com Ele a sua comunhão? Aliás, sabe você o que é,
realmente, a comunhão com Deus?
1. Definição. A comunhão com Deus é a
intimidade que o crente, mediante a obra redentora de Cristo e por intermédio
da ação do Espírito Santo, desfruta com o Pai Celeste, e que o leva a usufruir
de uma vida espiritual plena e abundante (Rm 5.1; 2 Co 13.13).
Andar com Deus é o mais perfeito sinônimo de comunhão com o Pai
Celeste. Tão profunda era a comunhão de Enoque com o Senhor, que o mesmo
Senhor, um dia, o tomou para si (Gn 5.24). Andar com Deus significa, ainda, ter
uma vida como a de Eliseu que, por onde quer que fosse, era de imediato
reconhecido como homem de Deus (2 Rs 4.9). Comunhão com Deus é ser chamado de
amigo pelo próprio Deus (Is 41.8).
2. A comunhão com Deus é uma disciplina consoladora. Apesar
de seus grandes e lancinantes sofrimentos, Jó sempre refugiava-se na comunhão
com o seu Deus (Jó 19.25). Suas perdas eram grandes; aos olhos humanos,
irreparáveis. Todavia, confiava ele nas providências de um Deus de quem era
íntimo. Até parece que Willard Cantelon, autor de imortais devoções,
inspirou-se na experiência de Jó, quando escreveu: "Posso suportar a perda
de todas as coisas, exceto do toque de Deus na minha vida".A comunhão com
Deus é a intimidade que o crente possui com o Pai, mediante a obra redentora de
Cristo e da ação do Espírito Santo.
II. A ALMA HUMANA ANSEIA PELOS ÁTRIOS DE DEUS
O ser humano não é o resultado de um processo evolutivo; é a
plenitude de um ato criativo de Deus (Gn 1.26). Se fomos criados por Deus,
nossa alma, logicamente, aflige-se por Deus; anseia por seus átrios. E só
haveremos de descansar, quando em Deus repousarmos (Sl 42.11). E se nos
alongarmos do Criador? O vazio passa a ser a única realidade de nosso ser.
1. O vazio humano. Billy Graham visitava, certa
vez, uma universidade norte-americana, quando perguntou ao reitor: "Qual o
maior problema que o senhor enfrenta com os seus alunos". O educador
respondeu-lhe: "Vazio. Há um vazio muito grande de Deus em seus
corações". Como preencher este vazio?
Buscando preencher o vazio de sua alma, vagueia o homem pelo
álcool, transita pelas drogas e erra pelos devaneios da carne. Depois de toda
essa busca, conclui: "Não tenho neles prazer" (Ec 12.1 - ARA). Mas o
que aceita a Cristo, experimenta uma vida abundante e inefável (Jo 4.14).
2. A plenitude da comunhão divina. Sabia
o salmista que somente em Deus encontramos a razão de nossa existência e a
satisfação plena de nossa alma. Eis por que deixa emanar de seus lábios este
lamento: "Por que estás abatida, ó minha alma? E por que te perturbas
dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei. Ele é a salvação da minha
face e Deus meu" (Sl 43.5).
John Bunyan, em O
Peregrino, descreve a angústia da alma em sua jornada à Jerusalém
Celeste. Quanto mais caminha, mais falta do Senhor vai sentindo até que, ao
longe, avista a ditosa cidade, onde se encontra o amante de sua alma - Jesus
Cristo.Somente a presença de Deus no coração dos homens poderá preencher o
vazio da alma humana.
III. O DEUS DE NOSSA COMUNHÃO
Afinal, por qual Deus anseia a nossa alma? Pelo Deus teologicamente
correto que se acomoda a todas as religiões e credos? Ou pelo Deus único e
verdadeiro que se revelou a si mesmo por intermédio de nosso Senhor?
1. O Deus onipotente. O Deus pelo qual suspira a
nossa alma pode todas as coisas; para Ele inexiste o impossível (Gn 1 7.1; Lc
1.37). Entretanto, há um grupo de teólogos modernos que, menosprezando as
Sagradas Escrituras, ensinam: Deus na verdade é poderoso, mas não pode ser
considerado Todo-Poderoso. Assim eles argumentam: "Fora Ele realmente
poderoso e tudo soubesse, certamente evitaria as tragédias que tanto
infelicitam a humanidade". Será que esses falsos doutores desconhecem a
soberania de Deus? Se Ele permite determinados males, não nos cabe
questionar-lhe as razões. De uma coisa, porém, estou certo: todos os seus atos
são movidos pelo mais puro, elevado e sublime amor.
2. O Deus onisciente. O Deus, a quem tanto amamos,
sabe todas as coisas; tudo lhe é patente. No Salmo 139, o salmista canta-lhe a
onisciência, declarando que Ele nos conhece profundamente; esquadrinha nossos
mais íntimos pensamentos, e não se surpreende com nenhuma de nossas ações.
Lecionam, porém, alguns dos sectários do Teísmo Aberto: "Deus,
às vezes, é incapaz de penetrar nos recônditos de nosso livre-arbítrio, por
ser-lhe este um mistério". Ora, se por um lado aceitamos o livre-arbítrio;
por outro, cremos na soberania divina; esta é inquestionável. E não será
nenhuma "liberdade libertária" que haverá de impedir o nosso Deus de
sondar as mentes e corações (Ap 2.23).
3. O Deus de amor. Se Deus é amor, por que nos
sobrevêm aflições, dores e perdas? Ainda que não tivéssemos resposta alguma a
essa pergunta, de uma coisa teríamos convicção: Ele é amor; somente um Deus que
é o mesmo amor, poderia enviar o seu Unigênito para redimir-nos de nossos
pecados (Jo 3.16; 1 Jo 4.8). É por esse Deus que almejamos.
Quando aceitamos a Cristo, cientifica-nos Ele: a jornada ser-nos-á
pontilhada de lutas e aflições, mas conosco estará até à consumação dos séculos
(Jo 16.33). O Filho de Deus é bem claro quanto às aflições que nos aguardam:
"Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua
cruz, e siga-me" (Lc 9.23). Se Ele nos amou com um amor eterno e
sacrificial, por que deixaríamos nós de amá-lo? Oremos: "Cristo, tu sabes
que, apesar de nossas imperfeições e falhas, nós te amamos". Leia o Salmo
34, e repouse em cada promessa que você encontrar.
4. O Deus soberano. No epílogo de suas
provações, confessa Jó: "Bem sei eu que tudo podes, e nenhum dos teus
pensamentos pode ser impedido" (Jó 42.2). Implicitamente, estava ele
almejando aprofundar a sua comunhão com um Deus, cuja soberania é
inquestionável. Este é o nosso Deus; por Ele nos desfalece a alma.
Por conseguinte, não podemos aceitar os falsos mestres e teólogos
que, torcendo as Escrituras Sagradas, emprestam a Satanás uma soberania que
pertence exclusivamente a Deus. Refiro-me àqueles que dizem, por exemplo, que,
para Cristo salvar um pecador, é-lhe necessária a permissão do Diabo. Ora,
Cristo jamais foi constrangido a negociar com Satanás; sua missão é clara. Veio
Ele para destruir as obras do Maligno, e foi exatamente isso que fez na cruz do
Calvário (1 Jo 3.8). Nada devemos ao Adversário. Adoremos, pois a Cristo.
Mantenhamos com Ele a mais doce e meiga das comunhões. Por esse Deus
maravilhoso, anseia a nossa alma.Cante, agora, com toda a sua alma, o hino 145
da Harpa Cristã.O
único e verdadeiro Deus pelo qual o ser do crente anela é o Senhor onisciente,
onipresente, de amor e soberano.
Em suas Confissões,
demonstra Agostinho um profundo e incontido anseio por Deus. Abrindo o coração,
suspira: "Quem me dera descansar em ti! Quem me dera viesses ao meu
coração e que o embriagasses, para que eu me esqueça de minhas maldades e me
abrace contigo, meu único bem". O que evidencia esse anelo? Fomos criados
por Deus, e por Deus ansiamos.
Sua alma tem sede de Deus? Se não o amarmos de todo o coração,
jamais poderemos ser contados entre os seus filhos. Amar a Deus é a essência de
nossa vida devocional.
"Princípios para uma espiritualidade sadia.Além da
necessidade de termos uma vida de oração, estudarmos a Palavra de Deus e
reservarmos todos os dias um tempo para buscar ao Senhor e adorá-lo em espírito
e em verdade, acredito ser indispensável observarmos os seguintes pontos para a
implementação do equilíbrio espiritual.
1) Espiritualidade sadia só é possível se somos guiados pelo
Espírito Santo (Rm 8.1,14).
2) Não há espiritualidade sadia dissociada da Palavra de Deus. Ela
é a nossa única regra de fé e prática. Por isso, o discurso pode arrepiar você,
provocar frenesi, fazer chover, etc, mas se os princípios de vida espiritual
chocam-se com a Palavra de Deus, sua espiritualidade é qualquer coisa, menos
sadia (Sl 1; 119.107; Mt 7.24-27; Jo 17.17).
3) Uma espiritualidade sadia se apóia em Cristo, nosso
Alvo, Autor e Consumador da nossa fé (Fp 3.12-16; Hb 12.1-3) não em ícones
humanos. Grandes homens só são exemplos enquanto seguirem a Cristo (1 Co 11.1;
Gl 1.8,9).
4) Espiritualidade sadia não é definida por estatísticas
grandiosas. Se fosse assim, o islamismo, que cresce avassaladoramente em
todo o mundo, seria padrão de espiritualidade sadia. A verdadeira
espiritualidade é caracterizada pelo fruto do Espírito, obras de justiça,
segundo o Evangelho de Cristo (Mt 7.21-23) [...]".
(DANIEL, S. Como
vencer a frustração espiritual. RJ: CPAD, 2006, p.175.)
"A
minha alma está anelante e desfalece pelos átrios do SENHOR; o meu coração e a
minha carne clamam pelo Deus vivo" (Sl 84.2). O verdadeiro anelo da alma
do crente regenerado é Deus! O Senhor é o supremo bem pelo qual anseia o
cristão. O intelecto do cientista deseja o conhecimento (Ec 1.2,18), mas o
espírito a Deus (Sl 111.10). A natureza pecaminosa do hedonista aspira o prazer
(Ec 2.1), porém sua alma clama pelo Deus Vivo (Sl 84.2). A engenhosidade dos
construtores almeja novas invenções (Ec 2.4), todavia, seu espírito anseia por
ser coluna no templo de Deus (Ap 3.12). Enfim, não há proveito nas grandes
conquistas e realizações humanas, tudo é "vaidade e aflição de
espírito" (Ec 4.16). O fim último é: "Teme a Deus e guarda os seus
mandamentos; porque este é o dever de todo homem" (Ec 12.13). Portanto,
amemos ao Senhor de todo nosso entendimento e alma
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