sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

DISCIPULADO N.2 ORAÇÃO, BIBLIOLOGIA ,CULTO CRISTÃO

                         
                       Oração - O diálogo da alma com Deus


O termo oração, do grego proseuchē, significa "invocar, pedir ou suplicar a uma divindade". No Antigo e Novo Testamento, a oração é o supremo recurso usado pelo povo de Deus para suplicar, agradecer, adorar, pedir, interceder e bendizer ao único e verdadeiro Senhor. Tão variados são os contextos e motivos pelos quais o crente ora, que a Bíblia emprega diversos vocábulos para descrever o diálogo da alma com Deus.



TIPO

SIGNIFICADO

REFERÊNCIA



Rogo

Pleitear, pedir com urgência, persuadir

Êx 33.13; Jz 6.39


Intercessão

Apelar, pleitear, interceder diante de

Is 53.12; Rm 8.26,27

Petição

Pedido intenso, solicitação, requisição

1 Sm 1.17; Fp 4.6 


No Espírito

O Espírito como agente da oração; oração em línguas

Jd v.20; Ef 6.18 


Súplica

Pedido de misericórdia, solicitação de um favor

1 Rs 8.33,34; Sl 30.8



Ação de Graças

Oração de gratidão ou louvor

Fp 4.6


Oração: É o ato reverente e piedoso por meio do qual o crente adora e aproxima-se de Deus. 

Como está a nossa vida de oração? Cultivamo-la diariamente? Ou já nos conformamos com o presente século? O pai da Reforma Protestante, Martinho Lutero, declarou certa vez que, quanto mais ocupado, mais se dedicava a falar com o Salvador. 


I. O QUE É A ORAÇÃO 


A oração distingue os discípulos do Nazareno como a mais singular e excelente comunidade de clamor da história (At 1.14). É impossível não divisar, nas Sagradas Escrituras e na prática da Igreja, uma teologia da oração. O que vem a ser, porém, esse exercício que nos introduz nos pavilhões do amor divino?

1. Definição. Oração é o ato pelo qual o crente, através da fé em Cristo Jesus e mediante a ação intercessora do Espírito Santo, aproxima-se de Deus com o propósito de adorá-lo, render-lhe ações de graça, interceder pelos salvos e pelos não-salvos, e apresentar-lhe as petições de acordo com a sua suprema e inquestionável vontade (Jo 15.16; Rm 8.26; 1 Ts 5.18; 1 Jo 5.14; 1 Sm 12.23).

2. Fundamentos da oração. A doutrina bíblica da oração tem os seus fundamentos:

a) Nos ensinos da Bíblia;

b) Na necessidade de o homem buscar a Deus;

c) Na experiência dos homens e mulheres que porfiaram em desejar a presença de Deus;

d) E na convicção de que Ele é bom para nos atender as petições.  


Oração é o ato reverente e piedoso através do qual o crente adora e se aproxima de Deus, mediante a intercessão de nosso Senhor Jesus Cristo. 


II. OBJETIVOS DA ORAÇÃO 


O pastor e erudito inglês, Mathew Henry, discorre sobre um dos objetivos da oração: "Quando Deus pretende dispensar grandes misericórdias a seu povo, a primeira coisa que faz é inspirá-lo a orar". Como discordar do irmão Henry? Todos já nos sentimos impulsionados a orar com mais intensidade nos momentos de decisão e de angústias; não podemos viver distanciados da presença divina.

1. Buscar a presença de Deus. "Quando tu disseste: Buscai o meu rosto, o meu coração te disse a ti: O teu rosto, Senhor, buscarei" (Sl 27.8). Seja nos primeiros alvores do dia seja nas últimas trevas da noite, o salmista jamais deixava de ouvir o chamado de Deus para contemplar-lhe a face. Tem você suspirado pelo Senhor? Ou já não consegue ouvi-lo? Diante da sede pelo Eterno, que ia na alma de Davi, exorta-nos o pastor norte-americano Warren W. Wiersbe: "Não se limite a buscar a ajuda de Deus. Almeje a sua face. O sorriso de Deus é tudo o que você precisa para vencer as ciladas humanas".

2. Agradecê-lo pelos imerecidos favores. Se nos limitarmos às petições, nossa oração jamais nos enlevará ao coração do Pai. Mas se, em tudo, lhe dermos graças, até mesmo pelas tribulações que nos sitiam a alma, haveremos de ser, a cada manhã, surpreendidos pelos cuidados divinos.

Egoísta não era o coração do salmista. Num dos mais belos cânticos da Bíblia, manifesta ele toda a sua gratidão ao Senhor: "Que darei eu ao Senhor por todos os benefícios que me tem feito? Tomarei o cálice da salvação e invocarei o nome do Senhor. Pagarei os meus votos ao Senhor, agora, na presença de todo o seu povo" (Sl 116.12-14).

Tem você agradecido a Deus? Ou cada vez que se põe a orar apresenta-lhe uma lista de vaidosas e tolas reivindicações? Atente à exortação de Tiago 4.3.

3. Interceder pelo avanço do Reino de Deus. Na Oração Dominical, insta-nos o Senhor Jesus a orar: "Venha o teu Reino" (Mt 6.10). No Antigo Testamento, os judeus rogavam a Deus jamais permitisse que suas possessões viessem a cair em mãos gentias. Basta ler o Salmo 136 para se enternecer com o cuidado dos israelitas por sua herança espiritual e territorial.

Já no Testamento Novo, os apóstolos, mesmo às voltas com as perseguições, quer dos gentios quer dos judeus rebeldes, oravam a fim de que, em momento algum, a Igreja de Cristo acabasse por ser detida em seu avanço rumo aos confins da terra. Os Atos dos Apóstolos podem ser considerados uma oração, constante e fervorosa, pela expansão do Reino de Deus sem impedimento algum (At 28.30,31).

Se orássemos como John Knox, todo o nosso país já estaria aos pés do Salvador. Diante da miséria de sua gente, rogou: "Cristo, dá-me a Escócia se não morrerei". Como resultado de seu clamor, um avivamento varreu aquele país, levando milhares de impenitentes ao pé da cruz.

4. Apresentar a Deus nossas necessidades. Não temos de preocupar-nos com as nossas carências; em glória, o Pai Celeste no-las supre (Fp 4.19). Aleluia! Além disso, Ele "é poderoso para fazer [...] além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera" (Ef 3.20).

Ao invés de nos fixarmos em nossas necessidades, intercedamos. Enquanto estivermos rogando por nossos amigos e irmãos, estará Ele suprindo cada uma de nossas necessidades. Não foi exatamente isto o que se deu com o patriarca Jó? "E o Senhor virou o cativeiro de Jó, quando orava pelos seus amigos; e o Senhor acrescentou a Jó outro tanto em dobro a tudo quanto dantes possuía" (Jó 42.10).

5. Confessar a Deus nossos pecados e faltas (Dn 9.3-6). Não se limitava Daniel a confessar os pecados de seu povo; nessa confissão, sentida e repassada por um pranto incontido, também se incluía. Se lermos o capítulo nove do livro que lhe leva o nome, ver-nos-emos constrangidos a confessar cada uma de nossas iniqüidades. Alguém disse, certa vez, que Daniel não confessou os pecados de seu povo por atacado; especificou cada um deles.

Tem você confessado seus pecados a Deus? Saiba que Ele, em seu Filho Jesus, é fiel e justo para não somente perdoar-nos as faltas, como também para nos restaurar a comunhão consigo (1 Jo 1.7).Os principais objetivos da oração: buscar a Deus e agradecê-lo pelos imerecidos favores, interceder pelo avanço do Reino de Deus, confessar os nossos pecados e apresentar a Deus as necessidades pessoais. 


III. CULTIVANDO O HÁBITO DA ORAÇÃO



John Bunyan, autor de O Peregrino, um dos maiores clássicos da literatura evangélica, faz-nos uma séria observação: "Jamais serás um cristão, se não fores uma pessoa de oração". Todavia, de que forma poderemos nós cultivar a prática da oração?

1. Orar cotidianamente. Quantas vezes devemos nós orar por dia? Fizéssemos a pergunta a Bunyan, responder-nos-ia: "Ore continuamente". Aliás, esta é a recomendação das Sagradas Escrituras aos que desejam vencer o mundo, e chegar ao regaço do Salvador amado (1 Ts 5.17). Daniel orava três vezes ao dia (Dn 6.10).

2. Sem interferências. Procurava Daniel falar com o Senhor livremente, longe do atribulado cotidiano de Babilônia: "Daniel, pois, quando soube que a escritura estava assinada, entrou em sua casa (ora, havia no seu quarto janelas abertas da banda de Jerusalém), e três vezes no dia se punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu Deus, como também antes costumava fazer" (Dn 6.10).

Aliás, esta é a recomendação que nos faz o Senhor Jesus: "Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai, que vê o que está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará" (Mt 6.6). Tem você um lugar e uma hora para a oração? Quando estiver falando com o Pai Celeste, não admita interferências: desligue o telefone, o celular, o computador; enfim, desligue o mundo à sua volta. Nada é mais importante do que a audiência que você marcou com o Pai Celeste.O cultivo da prática da oração se manifesta através da oração perseverante, cotidiana e bíblica, conforme Mateus 6.6.Sem oração, jamais haveremos de mover a mão de Deus para que haja sobrenaturalmente, no mundo, por intermédio de seu povo. Tem você cultivado a oração? É chegado o momento de buscarmos, ainda mais, a presença de Deus (Is 55.6). 

"Vivendo a graça da oração verdadeira.Orar não é um monólogo, através do qual você fala o tempo todo, sem haver quem lhe responda. É mais apropriado definir como diálogo, através do qual você fala com Deus e, ao mesmo tempo, ouve-lhe a voz. Certa vez, o pastor Antonio Gilberto definiu a oração como 'uma via de mão dupla, mediante a qual, de um lado, com sua carga de súplicas, você vai ao encontro de Deus, e de outro, Ele vem ao seu encontro com respostas'. Isto significa afirmar que nossas orações, sem nenhuma sombra de dúvida, são objetos do cuidado especial do Pai, que sempre se dispõe a respondê-las, embora haja ocasiões em que não compreendemos (ou não aceitamos) a forma como nos responde [...].

Mas o que é a oração, senão o oxigênio da alma que mantém o vigor da vida espiritual? É óbvio que orar exige disciplina, porém jamais deve constituir-se em rotina desagradável, da qual, enquanto nos é possível, fugimos. Orar não é uma sucessão de palavras ao vento. Não é simplesmente ferir os joelhos de tanto ficarmos ajoelhados e apresentá-los como troféu de nossa pretensa espiritualidade. Orar é perceber com clareza, entre milhões de alaridos, o cicio que identifica a doce voz do supremo pastor.".(COUTO, G. A transparência da vida cristã. RJ: CPAD, 2001, pp. 162,164.) 

Jesus orava constantemente. Ele perseverou em oração durante todo o seu ministério terreno. O Evangelho de Lucas descreve, mais do que os outros, a devoção pessoal de Jesus na oração. Antes de escolher os apóstolos, Ele "passou a noite em oração" (6.12); quando interrogou os discípulos acerca de sua identidade, Jesus estava "orando em particular" (9.18); antes de ensinar a oração do "Pai nosso", o Mestre estava "orando num certo lugar" (11.1) e, no Getsêmani, em agonia, "orava mais intensamente" (22.44). Jesus, portanto, estava em constante comunhão com o Pai através da oração. Ora, se o próprio Cristo perseverou em oração, como alguns de seus filhos modernos negam-se a seguir-lhe o piedoso exemplo? Perseveremos em oração! Sigamos o nobre exemplo de nosso Senhor Jesus Cristo. 

  A leitura devocional da Bíblia 


Você já leu toda a Bíblia? Quanto tempo o prezado mestre reserva para a leitura das Sagradas Escrituras? Você sabia que em setenta e duas horas uma pessoa consegue ler toda a Bíblia? Se o professor reservar trinta minutos diários para a leitura da Palavra de Deus, em um ano terá dedicado cerca de 180hs de leitura devocional! O caro docente poderá ler a Escritura duas vezes em doze meses se dispuser de apenas meia hora por dia! Basta ser disciplinado.



Ler não é apenas decodificar os signos de um texto, mas compreendê-lo. Assim como o eunuco, de Candace, muitos alunos lêem a Bíblia, mas não a compreendem (At 8.30-32). Há diversas formas de leitura da Bíblia:leitura devocional - o leitor busca o aperfeiçoamento espiritual e moral (leitor introspectivo); leitura exegética - o leitor quer entender a estrutura, contextos e objetivos do texto (leitor analítico); leitura didática - o leitor deseja saber as bases doutrinárias da Bíblia (leitor receptivo). No link abaixo há um arquivo que contém um Plano Anual de Leitura da Bíblia, encontrado na Bíblia de Estudo Pentecostal da CPAD. 


          Leitura: Ato, efeito ou processo de compreender textos. 


Vveremos por que a leitura da Bíblia é-nos tão imprescindível e vital. Aliás, mais imprescindível do que o ar que respiramos e mais vital do que o pão que nos sustenta (Dt 8.3). Tem você a necessária disciplina para ler e estudar a Bíblia? Faz-se a Palavra de Deus parte de seu cotidiano? (Sl 119.97). Ou ela já se perdeu entre os livros de sua estante? 

 I. O QUE É A BÍBLIA 


1. Definição. A definição mais simples, porém direta e forte, que encontramos das Escrituras Sagradas é esta: A Bíblia é a inspirada e inerrante Palavra de Deus. Infelizmente, nem todos os teólogos aceitam a ortodoxia deste conceito; alegam que, neste, há um desconcertante simplismo. Todavia, encontra-se esta definição isenta do erro dos liberais e livre das sutilezas dos neo-ortodoxos.

2. A posição liberal. Os liberais sustentam que a Bíblia apenas contém palavras de Deus, mas não é a Palavra de Deus. Outros liberais vão mais longe: asseveram que a Bíblia não é nem contém a Palavra de Deus; não passa de um livro qualquer.

3. A posição neo-ortodoxa. Já os neo-ortodoxos lecionam: a Bíblia torna-se a Palavra de Deus à medida que, alguém, ao lê-la, tem um encontro experimental com o Senhor Jesus. Todavia, quer o leitor da Bíblia curve-se quer não se curve ante os arcanos divinos, continuará a Bíblia a ser a Palavra de Deus.

4. A posição ortodoxa. Os ortodoxos, porém, com base nas Sagradas Escrituras, asseveramos que a Bíblia é, de fato, a Palavra de Deus. Ela não se limita a conter a Palavra de Deus; ela é a Palavra de Deus. Ela também não se torna a Palavra de Deus; ela é e sempre será a Palavra de Deus (2 Tm 3.16).A posição ortodoxa sustenta ser a Bíblia a inspirada e inerrante Palavra de Deus, conforme 2 Tm 3.16. Porém, os liberais afirmam que ela apenas contém, e os neo-ortodoxos que se torna a Palavra de Deus. 


II. AS GRANDES REIVINDICAÇÕES DA BÍBLIA 


É de fundamental importância tenhamos sempre, no coração, as grandes reivindicações da Bíblia Sagrada: sua inspiração, inerrância, infalibilidade, soberania e completude.

1) A inspiração da Bíblia. Já que a Bíblia é a Palavra de Deus, sua inspiração não é comum nem vulgar; é singular e única, porquanto inspirada pelo Espírito Santo. As Escrituras mesmas reconhecem sua divina inspiração (2 Tm 3.16; 2 Pe 1.21).

2) A inerrância da Bíblia. Inspirada divinamente, há que se concluir: a Bíblia acha-se, em termos absolutos e infinitos, isenta de erros. Nela, não encontramos a mínima inexatidão quer histórica, quer geográfica, seja teológica seja doutrinária (Sl 19.7; 119.140).

3) A infalibilidade da Bíblia. A Bíblia não é apenas inerrante; é também infalível. Tudo o que o Senhor prometeu-nos, em sua Palavra, cumpre-se absolutamente. Entretanto, há teólogos que alegam defender a infalibilidade da Bíblia, mas lhe rejeitam a inerrância. Ora, como podemos considerar algo infalível se é errante? Sua errância, por acaso, não virá a contraditar-lhe, inevitavelmente, a infalibilidade?

Quanto a nós, reafirmamos: tanto a inerrância quanto a infalibilidade da Bíblia são incontestáveis (Dt 18.22; 1 Sm 3.19; Mc 13.31; At 1.3).

4) A soberania da Bíblia. Evangélicos e herdeiros da Reforma Protestante, confessamos ser a Bíblia a autoridade suprema em matéria de fé e prática (Is 8.20; 30.21; 1 Co 14.37). Isto significa que encontra-se a Bíblia acima das tradições e primados humanos; ela é a inquestionável e absoluta Palavra de Deus.

5) Completude da Bíblia. O Apocalipse encerrou, definitiva e irrecorrivelmente, o cânon da Bíblia Sagrada; nenhuma subtração, ou adição, está autorizada à Palavra de Deus (Ap 22.18-21). Portanto, não se admite quaisquer escrituras, profecias, sonhos ou visões que, arrogando-se palavra de Deus, reivindique autoridade semelhante ou superior a Bíblia. 


A inspiração, inerrância, infalibilidade, soberania e completude são as principais reivindicações da Bíblia a respeito de sua singularidade e procedência divina.



III. COMO LER A BÍBLIA



Afirmou com muita precisão o teólogo Martin Anstey "A qualificação mais importante exigida do leitor da Bíblia não é a erudição, mas sim a rendição; não a perícia, mas a disposição de ser guiado pelo Espírito de Deus". Estudemos, pois, a Palavra de Deus, conscientes de que o Senhor continua a falar-nos hoje como outrora falava a Israel e à Igreja Primitiva. Devemos, por conseguinte:

1. Amar a Bíblia. Nossa primeira atitude em relação à Bíblia é amá-la como a inspirada Palavra de Deus. Declara o salmista todo o seu amor às Escrituras: "Oh! Quanto amo a tua lei! É a minha meditação em todo o dia" (Sl 119.97).

2. Ter fome da Bíblia. Se tivermos fome pela Bíblia, haveremos de lê-la todos os dias. Se é penoso passar sem o pão de cada dia, como privar-se do alimento que nos vem diretamente do Espírito de Deus - as Sagradas Escrituras? O profeta Ezequiel, tão logo encontra a Palavra de Deus, come-a (Ez 3.3).

3. Guardar a Bíblia no coração. Ao cantar as belezas da Palavra de Deus, o salmista confessa ternamente: "Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti" (Sl 119.11). Os leitores periféricos da Bíblia lêem-na, mas dela se esquecem. Não assim o suave cantor de Israel; mesmo fechando-a depois de seu devocional, abria-a em seu coração.

4. Falar continuamente das grandezas singulares da Bíblia. Eis o que Moisés prescreve aos filhos de Israel, a fim de que estes jamais venham a se esquecer dos mandamentos do Senhor: "Estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração; e as intimarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te. Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por testeiras entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas" (Dt 6.6-9).O cristão piedoso deve ler a Bíblia com amor, apetite, disposição para guardá-la e interesse em comunicar suas singulares grandezas.



IV. OS EFEITOS DA BÍBLIA EM NOSSA VIDA



Quanto mais lermos a Bíblia, mais sábios nos tornaremos. Ela orienta-nos em todos os nossos caminhos; consola-nos quando nenhum consolo humano é possível; mostra-nos a estrada do Calvário e leva-nos ao lar celestial.

1. A Bíblia dá-nos sabedoria. "Os teus mandamentos me fazem mais sábio que os meus inimigos; porque, aqueles, eu os tenho sempre comigo" (Sl 119.98 - ARA).

2. A Bíblia dá-nos a orientação segura. "Tu és a minha rocha e a minha fortaleza; [...] guia-me e encaminha-me" (Sl 31.3).

3. A Bíblia dá-nos o necessário consolo. "Isto é a minha consolação na minha angústia, porque a tua palavra me vivificou" (Sl 119.50).

4. A Bíblia dá-nos a provisão de salvação. "Desfalece-me a alma, aguardando a tua salvação; porém espero na tua palavra" (Sl 119.81 - ARA).

5. A Bíblia leva-nos ao lar celeste. No encerramento do cânon sagrado, somos revigorados com a viva esperança de, um dia, virmos a tomar posse da Cidade Santa (Ap 22.18-20).A leitura diária da Bíblia proporciona ao crente: sabedoria, orientação, consolo, provisão de salvação e o conduz ao lar celeste.

Tem você lido regularmente a Bíblia? Ela é o seu consolo? Ou não passa a Palavra de Deus de um simples acessório em sua estante? É hora de nos voltarmos, com mais empenho e amorosa dedicação, ao Livro de Deus. 

                         O que é a meditação bíblica? 


O verdadeiro objetivo da meditação bíblica não é ajudar ninguém a fugir da angústia de um divórcio, ou do dissabor de uma doença grave, escondendo-se em um mundo fantasioso. Pelo contrário, a verdadeira meditação nos ajuda a aplicar a verdade bíblica a circunstâncias difíceis ou estressantes.

Algumas palavras descrevem a meditação cristã da Escritura: refletir, ponderar e até ruminar. Assim como a vaca primeiro engole a comida para mais tarde regurgitá-la e mastigá-la outra vez; também o crente, em seu momento de reflexão, alimenta a memória com a Palavra de Deus e depois a traz de volta a seu consciente, quantas vezes forem necessárias. Cada nova 'mastigação' produz ainda mais nutrientes para o sustento da vida espiritual.

A meditação, portanto, nada mais é que o processo de revolver a verdade bíblica na mente sem parar, de forma a obtermos maior revelação do seu significado e certificarmo-nos de que a aplicamos a nossas vidas diárias. J. I. Packer certa vez disse que "meditar é despertar a mente, repensar e demorar-se sobre um assunto, aplicar a si próprio tudo que se sabe sobre a obra, os caminhos, os propósitos e as promessas de Deus'".(HODGE, K. A mente renovada por Deus. RJ: CPAD, 2002, pp. 85-6.) 


"Alegrar-me-ei em teus mandamentos, que eu amo" (Sl 119.47). Em um outro belo e piedoso verso o salmista prorrompe: "Oh! Quanto amo a tua lei! É a minha meditação em todo o dia" (v.97). As igrejas de todo o Brasil costumam organizar gincanas, sorteios e usar estratégias de marketing para atrair cada vez mais alunos para a Escola Bíblica Dominical. Não há qualquer problema nesses métodos. Porém, nenhuma dessas estratégias seria necessária se cada crente amasse ardentemente as Escrituras, assim como o salmista. O que deve incitar o crente à Escola Dominical é o incomensurável amor pela Palavra de Deus. Que todos os crentes exclamem como o poeta: "Oh! Quão doces são as tuas palavras ao meu paladar! Mais doces do que o mel à minha boca... Pelo que amo os teus mandamentos mais do que o ouro, e ainda mais do que o ouro fino" (vv.103,127). 


 A sublimidade do culto cristão 


Culto: Adoração ou homenagem reverente que se presta a Deus. 


"Quantas lágrimas verti, de profunda comoção, ao mavioso ressoar de teus hinos e cânticos em tua igreja! Aquelas vozes penetravam nos meus ouvidos e destilavam a verdade em meu coração, inflamando-o de doce piedade, enquanto corria meu pranto e eu sentia um grande bem-estar".Estas palavras de Agostinho, o maior teólogo da cristandade ocidental, constrangem-nos a entrar, humilde e amorosamente, nos átrios do culto divino. Já na intimidade do trono da graça, é-nos impossível conter as lágrimas ao som dos hinários cristãos. E as intervenções celestes? E a exposição da Palavra? O que vem a ser, todavia, o culto cristão?



I. O QUE É O CULTO CRISTÃO



Diante do profundo significado da páscoa hebraica, as crianças israelitas indagavam a seus pais: "Que culto é este vosso?" (Êx 12.26). E os pais, adornados com a paciência tão própria dos filhos de Abraão, narravam-lhes os acontecimentos que deram origem à páscoa. Estaremos nós também aparelhados a explicar aos nossos filhos a importância do culto cristão?

1. Definição etimológica. A palavra culto é originária do vocábulo latino "culto", e significa adoração ou homenagem que se presta ao Supremo Ser. No grego, temos duas palavras para culto: "latréia", significando adoração; e: "proskynēo", reverenciar, prestar obediência, render homenagem.

2. Definição teológica. O culto é o momento da adoração que tributamos a Deus; marca o encontro do Supremo Ser com os seus adoradores. Eis porque, durante o seu transcurso, cada membro da congregação deve sentir-se e agir como integrante dessa comunidade de adoração - a Igreja de Cristo.O culto, do grego latréia e proskynēo, é o momento através do qual os filhos de Deus adoram a Deus em espírito e em verdade. Literalmente quer dizer: adorar e reverenciar a Deus.



II. OBJETIVOS DO CULTO PUBLICO CRISTÃO



Afirmou o reformador francês João Calvino: "O primeiro fundamento da justiça é, sem dúvida, a adoração a Deus". Justificados pela fé em Nosso Senhor Jesus Cristo, não podemos fugir à nossa responsabilidade; devemos reunir-nos, periodicamente, a fim de cultuá-Lo, em espírito e verdade.

Vejamos, pois, os objetivos do culto público cristão.

1. Levar-nos a reconhecer a Deus como o nosso Criador e Mantenedor de tudo quanto existe. Atentemos à convocação do salmista: "Celebrai com júbilo ao Senhor, todos os moradores da terra. Servi ao Senhor com alegria e apresentai-vos a ele com canto. Sabei que o Senhor é Deus; foi ele, e não nós, que nos fez povo seu e ovelhas do seu pasto" (Sl 100.1-3).

2. Instigar nos a agradecer a Deus como o nosso Salvador através de Cristo. Assim reconhece o profeta a sua dependência do Redentor: "Eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação" (Hc 3.18).

3. Constranger-nos a nos humilhar diante de Deus como aquEle que, sempre presto, nos perdoa as iniqüidades. Deixa-nos o salmista este belo exemplo de ações de graças: "É ele que perdoa todas as tuas iniqüidades" (Sl 103.3).

4. Estimular nos a nos alegrarmos diante de Deus como aquEle que nos cura todas as enfermidades e que nos enche de benignidades.Vejamos como o salmista induz-nos a celebrar o Senhor: "Quem redime a tua vida da perdição e te coroa de benignidade e de misericórdia; quem enche a tua boca de bens, de sorte que a tua mocidade se renova como a águia" (Sl 103.4,5).Os principais objetivos do culto público são: reconhecer a Deus como o Criador e Mantenedor de todas as coisas; instigar à gratidão e à rendição a Deus; proporcionar alegria espiritual.



III. O CULTO PARTICULAR E DOMÉSTICO A DEUS



Se o culto público é importante, o particular é imprescindível. Se não podemos estar no templo todos os dias, sempre é possível estar ao pé de Cristo, onde quer que estejamos.

1. O que é o culto particular a Deus. É o meio de que dispomos para manter não somente a nossa comunhão com o Salvador, mas para vivermos uma existência repleta de regozijo espiritual. Leia, com muita atenção, a Epístola de Paulo aos Filipenses.

O culto doméstico é, de igual modo, uma devoção particular a Deus.

2. O culto doméstico. A família que, unida, cultua a Deus, permanecerá unida seja na bonança seja nos temporais que nos ameaçam o frágil barquinho. Não podemos, sob hipótese alguma, desprezar a devoção em família para não fracassarmos como indivíduos. Tem você realizado o culto doméstico com regularidade e constância? Leia, neste momento, o Salmo 128, e veja o retrato de uma família que celebra o nome do Senhor.

Embora não haja uma liturgia prescrita às nossas devoções particulares e domésticas, é conveniente manter os seguintes elementos: oração, jejum, cânticos e leitura da Palavra de Deus com rápidos comentários. O culto particular a Deus, ou doméstico, é o meio de que o crente dispõe para manter, juntamente com toda a família, comunhão com nosso Senhor Jesus Cristo. 


IV. COMPONENTES DO CULTO CRISTÃO 


A liturgia da Igreja Primitiva, ao contrário do culto levítico, era simples e pentecostal. Os dons espirituais faziam parte dos serviços, e não se estranhava quando alguém manifestava-se noutras línguas; eram estas interpretadas, exortando, consolando, edificando os fiéis, e descobrindo os corações aos incrédulos.

Em pelo menos três ocasiões, o apóstolo Paulo refere-se aos elementos que acompanhavam o culto da Igreja Primitiva.

1. Aos coríntios. Deixa Paulo bem patente, aos irmãos de Corinto, que os atos litúrgicos devem ser usados para a edificação: "Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação" (1 Co 14.26).

2. Aos colossenses. Já aos colossenses, realça ele os cânticos na adoração cristã: "Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração" (Cl 3.16 - ARA).

3. Aos efésios. Finalmente aos efésios, mostra o apóstolo que a liturgia é um eficiente meio da graça para enlevar a espiritualidade (Ef 5.18-21).

4. Elementos do culto cristão. Embora não siga necessariamente esta ordem, aqui estão os elementos do culto cristão: doutrina, revelação, línguas estranhas e interpretação, salmos, hinos, cânticos espirituais e ações de graças.Os elementos que compõem o culto cristão estão expressos em várias passagens do Novo Testamento, entre os quais se destacam: doutrina, revelação, línguas estranhas e interpretação, salmos, hinos, cânticos espirituais e ações de graças.



V. ATITUDES NO CULTO CRISTÃO



Com que me apresentarei diante do Senhor? Eis a pergunta que o escritor sacro endereça ao Todo-Poderoso. Vejamos algumas coisas a serem observadas quando entrarmos na Casa de Deus para cultuá-Lo:

1. Reverência e profundo temor. "Guarda o teu pé, quando entrares na Casa de Deus; e inclina-te mais a ouvir do que a oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal" (Ec 5.1).

2. Alegria e regozijo. "Alegrei-me quando me disseram: Vamos à Casa do Senhor!" (Sl 122.1).

3. Predisposição e discernimento espirituais. "Acordado, pois, Jacó do seu sono, disse: Na verdade o Senhor está neste lugar, e eu não o sabia. E temeu e disse: Quão terrível é este lugar! Este não é outro lugar senão a Casa de Deus; e esta é a porta dos céus" (Gn 28.16,17).

4. Espírito de oração e súplicas. Aflita, a mãe do profeta Samuel entrou na casa do Senhor e, ali, derramou a sua alma: "Ela [Ana], pois, com amargura de alma, orou ao Senhor e chorou abundantemente" (1 Sm 1.10).

5. Espírito de louvor e cânticos. "Entrai por suas portas com ações de graças e nos seus átrios, com hinos de louvor; rendei-lhe graças e bendizei-lhe o nome" (Sl 100.4).As principais atitudes do adorador são: reverência e profundo temor, alegria e regozijo, predisposição e discernimento espiritual, espírito de oração, súplicas e de louvor. 



Tem você cultuado a Deus na beleza de sua santidade, como a Bíblia o requer? Cultuar a Deus não significa, meramente, ir à igreja; significa entrar no santuário divino com ações de graças como o fazia Davi. Não importa onde você esteja; adore a Deus. 

                               O culto em Três Dimensões


Um adjetivo-chave, usado com freqüência no Novo Testamento para descrever os atos apropriados de culto é a palavra aceitável. Todo adorador procura ofertar o que seja aceitável. As Escrituras especificam pelo menos três categorias de culto aceitável.

A dimensão externa. Primeiro, a maneira de nos comportarmos com os outros pode refletir o culto. Romanos 14.18 afirma: 'Porque quem nisto serve [latreuo] a Cristo agradável [aceitável] é a Deus'. Qual é a oferta aceitável a Deus? O contexto revela que é ser sensível ao irmão mais fraco (v.13). Tratar companheiros cristãos com a devida sensibilidade é um culto aceitável.

A dimensão interior. Uma segunda categoria de culto envolve comportamento pessoal. Efésios 5.8-10 afirma: 'Andai como filhos da luz (pois o fruto do Espírito está em toda bondade, justiça e verdade), aprovando o que é agradável ao Senhor'. A palavra agradável vem de uma palavra grega que significa 'aceitável'. Nesse contexto, Paulo refere-se à bondade, à justiça e à verdade, dizendo claramente que fazer o bem é um ato aceitável de culto a Deus (1 Tm 2.2,3).

A dimensão superior. O culto afeta todo o relacionamento com Deus. Hebreus 13.15,16 resume maravilhosamente esta dimensão superior.(MACARTHUR JR. J. Ministério pastoral. 4.ed., RJ: CPAD, 2004, pp.254-5.) 


"Louvor. Em dois mil anos, ainda lutamos pelas palavras certas na oração. Ainda ficamos desajeitados em relação às Escrituras. Não sabemos quando ajoelhar. Não sabemos quando ficar de pé. Não sabemos nem como orar.


O louvor é uma tarefa que intimida.Por esta razão, Deus nos deu o livro de Salmos - um livro de louvor para o povo de Deus... Essa coletânea de hinos e orações foi encadeada por um único 'fio' - um coração ansioso por Deus.Alguns são desafiantes. Outros, reverentes. Alguns deveriam ser cantados. Outros são orações. Alguns são intensamente pessoais. Outros parecem ter sidos escritos como se o mundo inteiro fosse usá-los.A própria variedade deveria nos lembrar de que o louvor é pessoal. Não existe uma fórmula secreta. Cada um louva de forma diferente. Mas todos devem louvar".(LUCADO, M. Promessas inspiradoras de Deus. RJ: CPAD, 2005, p.49.) 

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