Oração - O diálogo da alma com Deus
O termo oração, do grego proseuchē,
significa "invocar, pedir ou suplicar a uma divindade". No Antigo e
Novo Testamento, a oração é o supremo recurso usado pelo povo de Deus para
suplicar, agradecer, adorar, pedir, interceder e bendizer ao único e verdadeiro
Senhor. Tão variados são os contextos e motivos pelos quais o crente ora, que a
Bíblia emprega diversos vocábulos para descrever o diálogo da alma com Deus.
TIPO
SIGNIFICADO
REFERÊNCIA
Rogo
Pleitear,
pedir com urgência, persuadir
Êx 33.13;
Jz 6.39
Intercessão
Apelar,
pleitear, interceder diante de
Is 53.12;
Rm 8.26,27
Petição
Pedido
intenso, solicitação, requisição
1 Sm 1.17;
Fp 4.6
No
Espírito
O Espírito
como agente da oração; oração em línguas
Jd v.20;
Ef 6.18
Súplica
Pedido de
misericórdia, solicitação de um favor
1 Rs
8.33,34; Sl 30.8
Ação de
Graças
Oração de
gratidão ou louvor
Fp 4.6
Oração: É o ato reverente e piedoso
por meio do qual o crente adora e aproxima-se de Deus.
Como está a nossa vida de oração? Cultivamo-la diariamente? Ou já
nos conformamos com o presente século? O pai da Reforma Protestante, Martinho
Lutero, declarou certa vez que, quanto mais ocupado, mais se dedicava a falar
com o Salvador.
I. O QUE É A ORAÇÃO
A oração distingue os discípulos do Nazareno como a mais singular e
excelente comunidade de clamor da história (At 1.14). É impossível não divisar,
nas Sagradas Escrituras e na prática da Igreja, uma teologia da oração. O que
vem a ser, porém, esse exercício que nos introduz nos pavilhões do amor divino?
1. Definição. Oração é o ato pelo qual o
crente, através da fé em Cristo Jesus e mediante a ação intercessora do
Espírito Santo, aproxima-se de Deus com o propósito de adorá-lo, render-lhe
ações de graça, interceder pelos salvos e pelos não-salvos, e apresentar-lhe as
petições de acordo com a sua suprema e inquestionável vontade (Jo 15.16; Rm
8.26; 1 Ts 5.18; 1 Jo 5.14; 1 Sm 12.23).
2. Fundamentos da oração. A doutrina bíblica da
oração tem os seus fundamentos:
a) Nos ensinos da Bíblia;
b) Na necessidade de o homem buscar a Deus;
c) Na experiência dos homens e mulheres que porfiaram em desejar
a presença de Deus;
d) E na convicção de que Ele é bom para nos atender as
petições.
Oração é o ato reverente e piedoso através do qual o crente adora e
se aproxima de Deus, mediante a intercessão de nosso Senhor Jesus Cristo.
II. OBJETIVOS DA ORAÇÃO
O pastor e erudito inglês, Mathew Henry, discorre sobre um dos
objetivos da oração: "Quando Deus pretende dispensar grandes misericórdias
a seu povo, a primeira coisa que faz é inspirá-lo a orar". Como discordar
do irmão Henry? Todos já nos sentimos impulsionados a orar com mais intensidade
nos momentos de decisão e de angústias; não podemos viver distanciados da
presença divina.
1. Buscar a presença de Deus. "Quando
tu disseste: Buscai o meu rosto, o meu coração te disse a ti: O teu rosto,
Senhor, buscarei" (Sl 27.8). Seja nos primeiros alvores do dia seja nas
últimas trevas da noite, o salmista jamais deixava de ouvir o chamado de Deus
para contemplar-lhe a face. Tem você suspirado pelo Senhor? Ou já não consegue
ouvi-lo? Diante da sede pelo Eterno, que ia na alma de Davi, exorta-nos o
pastor norte-americano Warren W. Wiersbe: "Não se limite a buscar a ajuda
de Deus. Almeje a sua face. O sorriso de Deus é tudo o que você precisa para
vencer as ciladas humanas".
2. Agradecê-lo pelos imerecidos favores. Se
nos limitarmos às petições, nossa oração jamais nos enlevará ao coração do Pai.
Mas se, em tudo, lhe dermos graças, até mesmo pelas tribulações que nos sitiam
a alma, haveremos de ser, a cada manhã, surpreendidos pelos cuidados divinos.
Egoísta não era o coração do salmista. Num dos mais belos cânticos
da Bíblia, manifesta ele toda a sua gratidão ao Senhor: "Que darei eu ao
Senhor por todos os benefícios que me tem feito? Tomarei o cálice da salvação e
invocarei o nome do Senhor. Pagarei os meus votos ao Senhor, agora, na presença
de todo o seu povo" (Sl 116.12-14).
Tem você agradecido a Deus? Ou cada vez que se põe a orar
apresenta-lhe uma lista de vaidosas e tolas reivindicações? Atente à exortação
de Tiago 4.3.
3. Interceder pelo avanço do Reino de Deus. Na
Oração Dominical, insta-nos o Senhor Jesus a orar: "Venha o teu
Reino" (Mt 6.10). No Antigo Testamento, os judeus rogavam a Deus jamais
permitisse que suas possessões viessem a cair em mãos gentias. Basta ler o
Salmo 136 para se enternecer com o cuidado dos israelitas por sua herança
espiritual e territorial.
Já no Testamento Novo, os apóstolos, mesmo às voltas com as
perseguições, quer dos gentios quer dos judeus rebeldes, oravam a fim de que,
em momento algum, a Igreja de Cristo acabasse por ser detida em seu avanço rumo
aos confins da terra. Os Atos dos Apóstolos podem ser considerados uma oração,
constante e fervorosa, pela expansão do Reino de Deus sem impedimento algum (At
28.30,31).
Se orássemos como John Knox, todo o nosso país já estaria aos pés
do Salvador. Diante da miséria de sua gente, rogou: "Cristo, dá-me a
Escócia se não morrerei". Como resultado de seu clamor, um avivamento
varreu aquele país, levando milhares de impenitentes ao pé da cruz.
4. Apresentar a Deus nossas necessidades. Não
temos de preocupar-nos com as nossas carências; em glória, o Pai Celeste no-las
supre (Fp 4.19). Aleluia! Além disso, Ele "é poderoso para fazer [...]
além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera"
(Ef 3.20).
Ao invés de nos fixarmos em nossas necessidades, intercedamos.
Enquanto estivermos rogando por nossos amigos e irmãos, estará Ele suprindo
cada uma de nossas necessidades. Não foi exatamente isto o que se deu com o
patriarca Jó? "E o Senhor virou o cativeiro de Jó, quando orava pelos seus
amigos; e o Senhor acrescentou a Jó outro tanto em dobro a tudo quanto dantes
possuía" (Jó 42.10).
5. Confessar a Deus nossos pecados e faltas (Dn 9.3-6). Não
se limitava Daniel a confessar os pecados de seu povo; nessa confissão, sentida
e repassada por um pranto incontido, também se incluía. Se lermos o capítulo
nove do livro que lhe leva o nome, ver-nos-emos constrangidos a confessar cada
uma de nossas iniqüidades. Alguém disse, certa vez, que Daniel não confessou os
pecados de seu povo por atacado; especificou cada um deles.
Tem você confessado seus pecados a Deus? Saiba que Ele, em seu
Filho Jesus, é fiel e justo para não somente perdoar-nos as faltas, como também
para nos restaurar a comunhão consigo (1 Jo 1.7).Os principais objetivos da
oração: buscar a Deus e agradecê-lo pelos imerecidos favores, interceder pelo
avanço do Reino de Deus, confessar os nossos pecados e apresentar a Deus as
necessidades pessoais.
III. CULTIVANDO O HÁBITO DA ORAÇÃO
John Bunyan, autor de O
Peregrino, um dos maiores clássicos da literatura evangélica,
faz-nos uma séria observação: "Jamais serás um cristão, se não fores uma
pessoa de oração". Todavia, de que forma poderemos nós cultivar a prática
da oração?
1. Orar cotidianamente. Quantas vezes devemos nós
orar por dia? Fizéssemos a pergunta a Bunyan, responder-nos-ia: "Ore
continuamente". Aliás, esta é a recomendação das Sagradas Escrituras aos
que desejam vencer o mundo, e chegar ao regaço do Salvador amado (1 Ts 5.17).
Daniel orava três vezes ao dia (Dn 6.10).
2. Sem interferências. Procurava Daniel falar com o
Senhor livremente, longe do atribulado cotidiano de Babilônia: "Daniel,
pois, quando soube que a escritura estava assinada, entrou em sua casa (ora,
havia no seu quarto janelas abertas da banda de Jerusalém), e três vezes no dia
se punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu Deus, como também
antes costumava fazer" (Dn 6.10).
Aliás, esta é a recomendação que nos faz o Senhor Jesus: "Mas
tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu
Pai, que vê o que está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te
recompensará" (Mt 6.6). Tem você um lugar e uma hora para a oração? Quando
estiver falando com o Pai Celeste, não admita interferências: desligue o
telefone, o celular, o computador; enfim, desligue o mundo à sua volta. Nada é
mais importante do que a audiência que você marcou com o Pai Celeste.O cultivo
da prática da oração se manifesta através da oração perseverante, cotidiana e
bíblica, conforme Mateus 6.6.Sem oração, jamais haveremos de mover a mão de
Deus para que haja sobrenaturalmente, no mundo, por intermédio de seu povo. Tem
você cultivado a oração? É chegado o momento de buscarmos, ainda mais, a
presença de Deus (Is 55.6).
"Vivendo a graça da oração verdadeira.Orar não é
um monólogo, através do qual você fala o tempo todo, sem haver quem lhe
responda. É mais apropriado definir como diálogo, através do qual você fala com
Deus e, ao mesmo tempo, ouve-lhe a voz. Certa vez, o pastor Antonio Gilberto
definiu a oração como 'uma via de mão dupla, mediante a qual, de um lado, com
sua carga de súplicas, você vai ao encontro de Deus, e de outro, Ele vem ao seu
encontro com respostas'. Isto significa afirmar que nossas orações, sem nenhuma
sombra de dúvida, são objetos do cuidado especial do Pai, que sempre se dispõe
a respondê-las, embora haja ocasiões em que não compreendemos (ou não
aceitamos) a forma como nos responde [...].
Mas o que é a oração, senão o oxigênio da alma que mantém o vigor
da vida espiritual? É óbvio que orar exige disciplina, porém jamais deve
constituir-se em rotina desagradável, da qual, enquanto nos é possível,
fugimos. Orar não é uma sucessão de palavras ao vento. Não é simplesmente ferir
os joelhos de tanto ficarmos ajoelhados e apresentá-los como troféu de nossa
pretensa espiritualidade. Orar é perceber com clareza, entre milhões de
alaridos, o cicio que identifica a doce voz do supremo pastor.".(COUTO, G. A transparência da vida cristã. RJ:
CPAD, 2001, pp. 162,164.)
Jesus orava constantemente. Ele perseverou em oração durante todo o
seu ministério terreno. O Evangelho de Lucas descreve, mais do que os outros, a
devoção pessoal de Jesus na oração. Antes de escolher os apóstolos, Ele
"passou a noite em oração" (6.12); quando interrogou os discípulos
acerca de sua identidade, Jesus estava "orando em particular" (9.18);
antes de ensinar a oração do "Pai nosso", o Mestre estava
"orando num certo lugar" (11.1) e, no Getsêmani, em agonia,
"orava mais intensamente" (22.44). Jesus, portanto, estava em
constante comunhão com o Pai através da oração. Ora, se o próprio Cristo
perseverou em oração, como alguns de seus filhos modernos negam-se a seguir-lhe
o piedoso exemplo? Perseveremos em oração! Sigamos o nobre exemplo de nosso
Senhor Jesus Cristo.
A leitura devocional da Bíblia
Você já leu toda a Bíblia? Quanto tempo o prezado mestre reserva
para a leitura das Sagradas Escrituras? Você sabia que em setenta e duas horas
uma pessoa consegue ler toda a Bíblia? Se o professor reservar trinta minutos
diários para a leitura da Palavra de Deus, em um ano terá dedicado cerca de
180hs de leitura devocional! O caro docente poderá ler a Escritura duas vezes em
doze meses se dispuser de apenas meia hora por dia! Basta ser disciplinado.
Ler não é apenas decodificar os signos de um texto, mas
compreendê-lo. Assim como o eunuco, de Candace, muitos alunos lêem a Bíblia,
mas não a compreendem (At 8.30-32). Há diversas formas de leitura da Bíblia:leitura devocional -
o leitor busca o aperfeiçoamento espiritual e moral (leitor
introspectivo); leitura
exegética - o leitor quer entender a estrutura, contextos
e objetivos do texto (leitor analítico); leitura didática - o leitor deseja
saber as bases doutrinárias da Bíblia (leitor receptivo). No link abaixo há um
arquivo que contém um Plano Anual de Leitura da Bíblia, encontrado na Bíblia de
Estudo Pentecostal da CPAD.
Leitura: Ato,
efeito ou processo de compreender textos.
Vveremos por que a leitura da Bíblia é-nos tão imprescindível e
vital. Aliás, mais imprescindível do que o ar que respiramos e mais vital do
que o pão que nos sustenta (Dt 8.3). Tem você a necessária disciplina para ler
e estudar a Bíblia? Faz-se a Palavra de Deus parte de seu cotidiano? (Sl
119.97). Ou ela já se perdeu entre os livros de sua estante?
I. O QUE É A BÍBLIA
1. Definição. A definição mais simples,
porém direta e forte, que encontramos das Escrituras Sagradas é esta: A Bíblia
é a inspirada e inerrante Palavra de Deus. Infelizmente, nem todos os teólogos
aceitam a ortodoxia deste conceito; alegam que, neste, há um desconcertante
simplismo. Todavia, encontra-se esta definição isenta do erro dos liberais e
livre das sutilezas dos neo-ortodoxos.
2. A posição liberal. Os liberais sustentam que a
Bíblia apenas contém palavras de Deus, mas não é a Palavra de Deus. Outros
liberais vão mais longe: asseveram que a Bíblia não é nem contém a Palavra de
Deus; não passa de um livro qualquer.
3. A posição neo-ortodoxa. Já os neo-ortodoxos
lecionam: a Bíblia torna-se a Palavra de Deus à medida que, alguém, ao lê-la,
tem um encontro experimental com o Senhor Jesus. Todavia, quer o leitor da
Bíblia curve-se quer não se curve ante os arcanos divinos, continuará a Bíblia
a ser a Palavra de Deus.
4. A posição ortodoxa. Os ortodoxos, porém, com
base nas Sagradas Escrituras, asseveramos que a Bíblia é, de fato, a Palavra de
Deus. Ela não se limita a conter a Palavra de Deus; ela é a Palavra de Deus.
Ela também não se torna a Palavra de Deus; ela é e sempre será a Palavra de
Deus (2 Tm 3.16).A posição ortodoxa sustenta ser a Bíblia a inspirada e
inerrante Palavra de Deus, conforme 2 Tm 3.16. Porém, os liberais afirmam que
ela apenas contém, e os neo-ortodoxos que se torna a Palavra de Deus.
II. AS GRANDES REIVINDICAÇÕES DA BÍBLIA
É de fundamental importância tenhamos sempre, no coração, as
grandes reivindicações da Bíblia Sagrada: sua inspiração, inerrância,
infalibilidade, soberania e completude.
1) A inspiração da Bíblia. Já que a Bíblia é a
Palavra de Deus, sua inspiração não é comum nem vulgar; é singular e única,
porquanto inspirada pelo Espírito Santo. As Escrituras mesmas reconhecem sua
divina inspiração (2 Tm 3.16; 2 Pe 1.21).
2) A inerrância da Bíblia. Inspirada
divinamente, há que se concluir: a Bíblia acha-se, em termos absolutos e
infinitos, isenta de erros. Nela, não encontramos a mínima inexatidão quer
histórica, quer geográfica, seja teológica seja doutrinária (Sl 19.7; 119.140).
3) A infalibilidade da Bíblia. A
Bíblia não é apenas inerrante; é também infalível. Tudo o que o Senhor
prometeu-nos, em sua Palavra, cumpre-se absolutamente. Entretanto, há teólogos
que alegam defender a infalibilidade da Bíblia, mas lhe rejeitam a inerrância.
Ora, como podemos considerar algo infalível se é errante? Sua errância, por acaso,
não virá a contraditar-lhe, inevitavelmente, a infalibilidade?
Quanto a nós, reafirmamos: tanto a inerrância quanto a
infalibilidade da Bíblia são incontestáveis (Dt 18.22; 1 Sm 3.19; Mc 13.31; At
1.3).
4) A soberania da Bíblia. Evangélicos e herdeiros
da Reforma Protestante, confessamos ser a Bíblia a autoridade suprema em
matéria de fé e prática (Is 8.20; 30.21; 1 Co 14.37). Isto significa que
encontra-se a Bíblia acima das tradições e primados humanos; ela é a
inquestionável e absoluta Palavra de Deus.
5) Completude da Bíblia. O Apocalipse
encerrou, definitiva e irrecorrivelmente, o cânon da Bíblia Sagrada; nenhuma
subtração, ou adição, está autorizada à Palavra de Deus (Ap 22.18-21).
Portanto, não se admite quaisquer escrituras, profecias, sonhos ou visões que,
arrogando-se palavra de Deus, reivindique autoridade semelhante ou superior a
Bíblia.
A inspiração, inerrância, infalibilidade, soberania e completude
são as principais reivindicações da Bíblia a respeito de sua singularidade e
procedência divina.
III. COMO LER A BÍBLIA
Afirmou com muita precisão o teólogo Martin Anstey "A
qualificação mais importante exigida do leitor da Bíblia não é a erudição, mas
sim a rendição; não a perícia, mas a disposição de ser guiado pelo Espírito de
Deus". Estudemos, pois, a Palavra de Deus, conscientes de que o Senhor
continua a falar-nos hoje como outrora falava a Israel e à Igreja Primitiva.
Devemos, por conseguinte:
1. Amar a Bíblia. Nossa primeira atitude em
relação à Bíblia é amá-la como a inspirada Palavra de Deus. Declara o salmista
todo o seu amor às Escrituras: "Oh! Quanto amo a tua lei! É a minha
meditação em todo o dia" (Sl 119.97).
2. Ter fome da Bíblia. Se tivermos fome pela
Bíblia, haveremos de lê-la todos os dias. Se é penoso passar sem o pão de cada
dia, como privar-se do alimento que nos vem diretamente do Espírito de Deus -
as Sagradas Escrituras? O profeta Ezequiel, tão logo encontra a Palavra de
Deus, come-a (Ez 3.3).
3. Guardar a Bíblia no coração. Ao
cantar as belezas da Palavra de Deus, o salmista confessa ternamente:
"Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti"
(Sl 119.11). Os leitores periféricos da Bíblia lêem-na, mas dela se esquecem.
Não assim o suave cantor de Israel; mesmo fechando-a depois de seu devocional,
abria-a em seu coração.
4. Falar continuamente das grandezas singulares da Bíblia. Eis
o que Moisés prescreve aos filhos de Israel, a fim de que estes jamais venham a
se esquecer dos mandamentos do Senhor: "Estas palavras que hoje te ordeno
estarão no teu coração; e as intimarás a teus filhos e delas falarás assentado
em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te. Também as
atarás por sinal na tua mão, e te serão por testeiras entre os teus olhos. E as
escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas" (Dt 6.6-9).O cristão
piedoso deve ler a Bíblia com amor, apetite, disposição para guardá-la e
interesse em comunicar suas singulares grandezas.
IV. OS EFEITOS DA BÍBLIA EM NOSSA VIDA
Quanto mais lermos a Bíblia, mais sábios nos tornaremos. Ela
orienta-nos em todos os nossos caminhos; consola-nos quando nenhum consolo
humano é possível; mostra-nos a estrada do Calvário e leva-nos ao lar
celestial.
1. A Bíblia dá-nos sabedoria. "Os
teus mandamentos me fazem mais sábio que os meus inimigos; porque, aqueles, eu
os tenho sempre comigo" (Sl 119.98 - ARA).
2. A Bíblia dá-nos a orientação segura. "Tu
és a minha rocha e a minha fortaleza; [...] guia-me e encaminha-me" (Sl
31.3).
3. A Bíblia dá-nos o necessário consolo. "Isto
é a minha consolação na minha angústia, porque a tua palavra me vivificou"
(Sl 119.50).
4. A Bíblia dá-nos a provisão de salvação. "Desfalece-me
a alma, aguardando a tua salvação; porém espero na tua palavra" (Sl 119.81
- ARA).
5. A Bíblia leva-nos ao lar celeste. No
encerramento do cânon sagrado, somos revigorados com a viva esperança de, um
dia, virmos a tomar posse da Cidade Santa (Ap 22.18-20).A leitura diária da
Bíblia proporciona ao crente: sabedoria, orientação, consolo, provisão de
salvação e o conduz ao lar celeste.
Tem você lido regularmente a Bíblia? Ela é o seu consolo? Ou não
passa a Palavra de Deus de um simples acessório em sua estante? É hora de nos
voltarmos, com mais empenho e amorosa dedicação, ao Livro de Deus.
O que é a meditação
bíblica?
O verdadeiro objetivo da meditação bíblica não é ajudar ninguém a
fugir da angústia de um divórcio, ou do dissabor de uma doença grave,
escondendo-se em um mundo fantasioso. Pelo contrário, a verdadeira meditação
nos ajuda a aplicar a verdade bíblica a circunstâncias difíceis ou
estressantes.
Algumas palavras descrevem a meditação cristã da Escritura:
refletir, ponderar e até ruminar. Assim como a vaca primeiro engole a comida
para mais tarde regurgitá-la e mastigá-la outra vez; também o crente, em seu
momento de reflexão, alimenta a memória com a Palavra de Deus e depois a traz
de volta a seu consciente, quantas vezes forem necessárias. Cada nova
'mastigação' produz ainda mais nutrientes para o sustento da vida espiritual.
A meditação, portanto, nada mais é que o processo de revolver a
verdade bíblica na mente sem parar, de forma a obtermos maior revelação do seu
significado e certificarmo-nos de que a aplicamos a nossas vidas diárias. J. I.
Packer certa vez disse que "meditar é despertar a mente, repensar e
demorar-se sobre um assunto, aplicar a si próprio tudo que se sabe sobre a
obra, os caminhos, os propósitos e as promessas de Deus'".(HODGE, K. A mente renovada por Deus. RJ:
CPAD, 2002, pp. 85-6.)
"Alegrar-me-ei em teus mandamentos, que eu amo" (Sl
119.47). Em um outro belo e piedoso verso o salmista prorrompe: "Oh!
Quanto amo a tua lei! É a minha meditação em todo o dia" (v.97). As
igrejas de todo o Brasil costumam organizar gincanas, sorteios e usar
estratégias de marketing para atrair cada vez mais alunos para a Escola Bíblica
Dominical. Não há qualquer problema nesses métodos. Porém, nenhuma dessas
estratégias seria necessária se cada crente amasse ardentemente as Escrituras,
assim como o salmista. O que deve incitar o crente à Escola Dominical é o
incomensurável amor pela Palavra de Deus. Que todos os crentes exclamem como o
poeta: "Oh! Quão doces são as tuas palavras ao meu paladar! Mais doces do
que o mel à minha boca... Pelo que amo os teus mandamentos mais do que o ouro,
e ainda mais do que o ouro fino" (vv.103,127).
A sublimidade do culto cristão
Culto: Adoração ou homenagem
reverente que se presta a Deus.
"Quantas lágrimas verti, de profunda comoção, ao mavioso
ressoar de teus hinos e cânticos em tua igreja! Aquelas vozes penetravam nos
meus ouvidos e destilavam a verdade em meu coração, inflamando-o de doce
piedade, enquanto corria meu pranto e eu sentia um grande bem-estar".Estas
palavras de Agostinho, o maior teólogo da cristandade ocidental,
constrangem-nos a entrar, humilde e amorosamente, nos átrios do culto divino.
Já na intimidade do trono da graça, é-nos impossível conter as lágrimas ao som
dos hinários cristãos. E as intervenções celestes? E a exposição da Palavra? O
que vem a ser, todavia, o culto cristão?
I. O QUE É O CULTO CRISTÃO
Diante do profundo significado da páscoa hebraica, as crianças
israelitas indagavam a seus pais: "Que culto é este vosso?" (Êx
12.26). E os pais, adornados com a paciência tão própria dos filhos de Abraão,
narravam-lhes os acontecimentos que deram origem à páscoa. Estaremos nós também
aparelhados a explicar aos nossos filhos a importância do culto cristão?
1. Definição etimológica. A palavra culto é
originária do vocábulo latino "culto", e significa adoração ou
homenagem que se presta ao Supremo Ser. No grego, temos duas palavras para
culto: "latréia",
significando adoração; e: "proskynēo",
reverenciar, prestar obediência, render homenagem.
2. Definição teológica. O culto é o momento da
adoração que tributamos a Deus; marca o encontro do Supremo Ser com os seus
adoradores. Eis porque, durante o seu transcurso, cada membro da congregação
deve sentir-se e agir como integrante dessa comunidade de adoração - a Igreja
de Cristo.O culto, do grego latréia e proskynēo, é o momento
através do qual os filhos de Deus adoram a Deus em espírito e em verdade.
Literalmente quer dizer: adorar e reverenciar a Deus.
II. OBJETIVOS DO CULTO PUBLICO CRISTÃO
Afirmou o reformador francês João Calvino: "O primeiro
fundamento da justiça é, sem dúvida, a adoração a Deus". Justificados pela
fé em Nosso Senhor Jesus Cristo, não podemos fugir à nossa responsabilidade;
devemos reunir-nos, periodicamente, a fim de cultuá-Lo, em espírito e verdade.
Vejamos, pois, os objetivos do culto público cristão.
1. Levar-nos a reconhecer a Deus como o nosso Criador e Mantenedor
de tudo quanto existe. Atentemos à convocação do salmista:
"Celebrai com júbilo ao Senhor, todos os moradores da terra. Servi ao
Senhor com alegria e apresentai-vos a ele com canto. Sabei que o Senhor é Deus;
foi ele, e não nós, que nos fez povo seu e ovelhas do seu pasto" (Sl
100.1-3).
2. Instigar nos a agradecer a Deus como o nosso Salvador através de
Cristo. Assim reconhece o profeta a sua dependência do Redentor:
"Eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação" (Hc
3.18).
3. Constranger-nos a nos humilhar diante de Deus como aquEle que,
sempre presto, nos perdoa as iniqüidades. Deixa-nos
o salmista este belo exemplo de ações de graças: "É ele que perdoa todas
as tuas iniqüidades" (Sl 103.3).
4. Estimular nos a nos alegrarmos diante de Deus como aquEle que
nos cura todas as enfermidades e que nos enche de benignidades.Vejamos como
o salmista induz-nos a celebrar o Senhor: "Quem redime a tua vida da
perdição e te coroa de benignidade e de misericórdia; quem enche a tua boca de
bens, de sorte que a tua mocidade se renova como a águia" (Sl 103.4,5).Os
principais objetivos do culto público são: reconhecer a Deus como o Criador e
Mantenedor de todas as coisas; instigar à gratidão e à rendição a Deus;
proporcionar alegria espiritual.
III. O CULTO PARTICULAR E DOMÉSTICO A DEUS
Se o culto público é importante, o particular é imprescindível. Se
não podemos estar no templo todos os dias, sempre é possível estar ao pé de
Cristo, onde quer que estejamos.
1. O que é o culto particular a Deus. É o
meio de que dispomos para manter não somente a nossa comunhão com o Salvador,
mas para vivermos uma existência repleta de regozijo espiritual. Leia, com
muita atenção, a Epístola de Paulo aos Filipenses.
O culto doméstico é, de igual modo, uma devoção particular a Deus.
2. O culto doméstico. A família que, unida, cultua
a Deus, permanecerá unida seja na bonança seja nos temporais que nos ameaçam o
frágil barquinho. Não podemos, sob hipótese alguma, desprezar a devoção em
família para não fracassarmos como indivíduos. Tem você realizado o culto
doméstico com regularidade e constância? Leia, neste momento, o Salmo 128, e
veja o retrato de uma família que celebra o nome do Senhor.
Embora não haja uma liturgia prescrita às nossas devoções
particulares e domésticas, é conveniente manter os seguintes elementos: oração,
jejum, cânticos e leitura da Palavra de Deus com rápidos comentários. O
culto particular a Deus, ou doméstico, é o meio de que o crente dispõe para
manter, juntamente com toda a família, comunhão com nosso Senhor Jesus Cristo.
IV. COMPONENTES DO CULTO CRISTÃO
A liturgia da Igreja Primitiva, ao contrário do culto levítico, era
simples e pentecostal. Os dons espirituais faziam parte dos serviços, e não se
estranhava quando alguém manifestava-se noutras línguas; eram estas
interpretadas, exortando, consolando, edificando os fiéis, e descobrindo os
corações aos incrédulos.
Em pelo menos três ocasiões, o apóstolo Paulo refere-se aos
elementos que acompanhavam o culto da Igreja Primitiva.
1. Aos coríntios. Deixa Paulo bem patente, aos
irmãos de Corinto, que os atos litúrgicos devem ser usados para a edificação:
"Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo,
tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para
edificação" (1 Co 14.26).
2. Aos colossenses. Já aos colossenses, realça
ele os cânticos na adoração cristã: "Habite, ricamente, em vós a palavra
de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria,
louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em
vosso coração" (Cl 3.16 - ARA).
3. Aos efésios. Finalmente aos efésios,
mostra o apóstolo que a liturgia é um eficiente meio da graça para enlevar a
espiritualidade (Ef 5.18-21).
4. Elementos do culto cristão. Embora
não siga necessariamente esta ordem, aqui estão os elementos do culto cristão:
doutrina, revelação, línguas estranhas e interpretação, salmos, hinos, cânticos
espirituais e ações de graças.Os elementos que compõem o culto cristão estão
expressos em várias passagens do Novo Testamento, entre os quais se destacam:
doutrina, revelação, línguas estranhas e interpretação, salmos, hinos, cânticos
espirituais e ações de graças.
V. ATITUDES NO CULTO CRISTÃO
Com que me apresentarei diante do Senhor? Eis a pergunta que o
escritor sacro endereça ao Todo-Poderoso. Vejamos algumas coisas a serem
observadas quando entrarmos na Casa de Deus para cultuá-Lo:
1. Reverência e profundo temor. "Guarda
o teu pé, quando entrares na Casa de Deus; e inclina-te mais a ouvir do que a
oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal" (Ec 5.1).
2. Alegria e regozijo. "Alegrei-me quando me
disseram: Vamos à Casa do Senhor!" (Sl 122.1).
3. Predisposição e discernimento espirituais. "Acordado,
pois, Jacó do seu sono, disse: Na verdade o Senhor está neste lugar, e eu não o
sabia. E temeu e disse: Quão terrível é este lugar! Este não é outro lugar
senão a Casa de Deus; e esta é a porta dos céus" (Gn 28.16,17).
4. Espírito de oração e súplicas. Aflita,
a mãe do profeta Samuel entrou na casa do Senhor e, ali, derramou a sua alma:
"Ela [Ana], pois, com amargura de alma, orou ao Senhor e chorou
abundantemente" (1 Sm 1.10).
5. Espírito de louvor e cânticos. "Entrai
por suas portas com ações de graças e nos seus átrios, com hinos de louvor;
rendei-lhe graças e bendizei-lhe o nome" (Sl 100.4).As principais atitudes
do adorador são: reverência e profundo temor, alegria e regozijo, predisposição
e discernimento espiritual, espírito de oração, súplicas e de louvor.
Tem você cultuado a Deus na beleza de sua santidade, como a Bíblia
o requer? Cultuar a Deus não significa, meramente, ir à igreja; significa
entrar no santuário divino com ações de graças como o fazia Davi. Não importa
onde você esteja; adore a Deus.
O culto em Três Dimensões
Um adjetivo-chave, usado com freqüência no Novo Testamento para
descrever os atos apropriados de culto é a palavra aceitável. Todo adorador
procura ofertar o que seja aceitável. As Escrituras especificam pelo menos três
categorias de culto aceitável.
A dimensão externa. Primeiro, a maneira de nos comportarmos com os
outros pode refletir o culto. Romanos 14.18 afirma: 'Porque quem nisto serve
[latreuo] a Cristo agradável [aceitável] é a Deus'. Qual é a oferta aceitável a
Deus? O contexto revela que é ser sensível ao irmão mais fraco (v.13). Tratar
companheiros cristãos com a devida sensibilidade é um culto aceitável.
A dimensão interior. Uma segunda categoria de culto envolve
comportamento pessoal. Efésios 5.8-10 afirma: 'Andai como filhos da luz (pois o
fruto do Espírito está em toda bondade, justiça e verdade), aprovando o que é
agradável ao Senhor'. A palavra agradável vem de uma palavra grega que
significa 'aceitável'. Nesse contexto, Paulo refere-se à bondade, à justiça e à
verdade, dizendo claramente que fazer o bem é um ato aceitável de culto a Deus
(1 Tm 2.2,3).
A dimensão superior. O culto afeta todo o relacionamento com Deus.
Hebreus 13.15,16 resume maravilhosamente esta dimensão superior.(MACARTHUR JR.
J. Ministério
pastoral. 4.ed., RJ: CPAD, 2004, pp.254-5.)
"Louvor. Em dois mil anos, ainda lutamos pelas palavras certas
na oração. Ainda ficamos desajeitados em relação às Escrituras. Não sabemos
quando ajoelhar. Não sabemos quando ficar de pé. Não sabemos nem como orar.
O louvor é uma tarefa que intimida.Por esta
razão, Deus nos deu o livro de Salmos - um livro de louvor para o povo de
Deus... Essa coletânea de hinos e orações foi encadeada por um único 'fio' - um
coração ansioso por Deus.Alguns são desafiantes. Outros, reverentes. Alguns
deveriam ser cantados. Outros são orações. Alguns são intensamente pessoais.
Outros parecem ter sidos escritos como se o mundo inteiro fosse usá-los.A
própria variedade deveria nos lembrar de que o louvor é pessoal. Não existe uma
fórmula secreta. Cada um louva de forma diferente. Mas todos devem
louvar".(LUCADO, M. Promessas inspiradoras de Deus. RJ:
CPAD, 2005, p.49.)
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