O CULTO DOMESTICO
Deuteronômio 11.18-21; 2 Timóteo 3.14-17
Deuteronômio 11
18 - Ponde, pois estas minhas
palavras no vosso coração e na vossa alma e atai-as por sinal na vossa mão,
para que estejam por testeiras entre os vossos olhos,
19 - e ensinai-as a vossos
filhos, falando delas assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te,
e levantando-te;
20 - e escreve-as nos umbrais de
tua casa, e nas tuas portas,
21 - para que se multipliquem os
vossos dias e os dias de vossos filhos na terra que o Senhor jurou a vossos
pais dar-lhes, como os dias dos céus sobre a terra.
2 Timóteo 3
14 - Tu, porém, permanece naquilo
que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido,
15 - e que desde a tua meninice
sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que
há em Cristo Jesus.
16 - Toda a Escritura divinamente
inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para
instruir em justiça;
17 - Para que o homem de Deus
seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.
introdução
Palavra Chave
Culto: Adoração ou homenagem à uma
divindade em quaisquer de suas formas.
A negligência para com o culto
doméstico tem esfriado espiritualmente a família cristã. A comunhão, que
deveria ser intensa no lar, é substituída, hoje, pela televisão e pelas longas
horas de navegação na internet. Consequentemente, o culto ao Senhor em nossas
casas, outrora tão prioritário, praticamente desapareceu. Como se não bastasse,
muitos pais optaram por terceirizar a formação espiritual e moral de seus
filhos. Não querem ter trabalho algum com as suas crianças, adolescentes e
jovens. E, para se justificarem, alegam falta de tempo. O que será dessa nova
geração sem o ensino cristão? É necessário resgatarmos com urgência o culto
doméstico. Caso contrário, nossas famílias não poderão subsistir nestes dias
difíceis, maus e tenebrosos.
I. O CULTO DOMÉSTICO
1. Adoração em família. Moisés
reuniu o povo e fez-lhe saber a vontade de Deus através dos estatutos e dos
juízos divinos (Lv 19.37). O lar judaico, por conseguinte, teria de ser uma
escola para as crianças aprenderem a temer e a amar ao Senhor (Dt 6.7;
11.18,19). Lamentavelmente, já não se vê o mesmo zelo e determinação nas
famílias cristãs atuais. Não há uma cultura de adoração a Deus no lar.
Entretanto, a Bíblia Sagrada destaca o valor do ensino divino cultivado no
coração humano (Pv 4.20-23). A Palavra de Deus deve ser o livro-texto dos pais
na educação dos seus filhos, pois ela “é viva e eficaz” e produz um poderoso
efeito na vida de quem a observa e a pratica (Hb 4.12).
2. A restauração da instrução
doméstica. A respeito do ensino divino a ser ministrado no
lar, o Senhor ordena: “E estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu
coração; e as intimarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e
andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te” (Dt 6.6,7). Mais do que
nunca, torna-se imperativo o ensino da Palavra de Deus no lar (Pv 22.6). Nossos
filhos precisam aprender com a máxima urgência a amar a Deus como Ele o requer:
“Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e
de todo o teu poder” (Dt 6.5).
3. A prática da adoração doméstica. Muitos
casais supõem que, pelo fato de ainda não serem pais, acham-se dispensados do
culto doméstico. Na verdade, o culto doméstico não apresenta qualquer restrição
no tocante à quantidade de membros em uma família. Portanto, quer você tenha
filhos, quer não, a devoção na família não pode esperar. A diferença está
apenas no fato de que havendo filhos, a Palavra deverá ser ministrada com o
objetivo de alcançá-los também, com uma linguagem própria para cada faixa
etária.
II. O CULTO NO LAR
1. Organizando o culto doméstico. Tendo
em vista a prática do culto doméstico, a primeira coisa a fazer é definir um
dia e um horário em que todos os membros da família possam participar. A
liturgia não precisa ser a mesma da igreja, todavia o louvor, a mensagem e a
oração são elementos indispensáveis. Procure não utilizar o momento do culto
para discutir problemas familiares ou de outra ordem. Faça estudos bíblicos,
incentive os filhos a falarem acerca de sua fé e ouça as instruções dos mais
velhos. Este é o momento da família cristã! Sejamos, portanto, prudentes para
edificarmos o nosso lar na rocha inabalável: Cristo Jesus (Mt 7.24,25; Ef
2.20).
Não deixe de ler diariamente a Bíblia
com o seu cônjuge e filhos. Programe a leitura diária para o ano todo. E
aproveite as datas comemorativas, como o Natal e os aniversários, para celebrar
a Deus em família e agradecê-lo pelas vitórias conquistadas. Um lar que assim
procede jamais será destruído.
2. Ganhando os que ainda não são
crentes. Sempre é possível que haja na família pessoas que
ainda não tenham aceitado a Jesus como seu Salvador e Senhor. Apesar disso, o
culto doméstico não pode ser negligenciado. Não deixe de convidar os familiares
descrentes, com amor e sabedoria, para que participem da adoração a Deus. Siga
o exemplo de Jó. Ele não forçava seus filhos a servirem ao Senhor. Mas, ainda
pela madrugada, levantava-se para oferecer holocaustos a Deus por todos eles
(Jó 1.4,5). Não despreze os momentos de comunhão com o Senhor no seu lar.
Busque-o e adore-o de todo o coração (Mc 12.30).
3. Eu e minha casa servindo ao
Senhor. Alguns crentes negligenciam o culto doméstico por
acharem-no antiquado e desnecessário. A falta de tempo e o cansaço são as
desculpas mais utilizadas. Entretanto, há textos bíblicos contundentes que
exortam os chefes de família a ensinar a Palavra de Deus a toda a sua casa (Dt
6.7-9).
O culto doméstico foi eficaz na vida
de Timóteo. Desde a mais tenra idade, ele era zelosamente instruído nas
Sagradas Escrituras por sua mãe, Eunice, e por sua avó, Lóide. E o resultado
foi maravilhoso. O jovem Timóteo tornou-se um grande obreiro de Cristo (1Tm
1.2; 2Tm 1.2).
Tomemos como exemplo a mesma atitude
de Josué. Ele deixou claro que o povo de Israel deveria escolher a quem deveria
servir quando da entrada na terra Prometida, mas fechou a questão quando disse
que ele e sua família serviriam ao Senhor (Js 24.15), motivando a mesma atitude
naqueles que o ouviam.
III. BÊNÇÃOS ADVINDAS DO CULTO DOMÉSTICO
1. Fortalece os laços familiares. Como
resultados do culto doméstico, podemos apontar o fortalecimento tanto da vida
social quanto da espiritual, proporcionando-nos bênçãos extraordinárias. O
livro de Ester é um exemplo do que ocorre quando instruímos os nossos
familiares na Palavra de Deus. Embora rainha e esposa do homem mais poderoso
daquele tempo, ela jamais se esqueceu dos ensinos que lhe transmitira seu
primo, Mardoqueu, pois os laços entre ambos eram fortes (Et 2.5-7). No momento
certo, ela saiu em defesa do povo de Israel, e Deus se manifestou em todo o
Império Persa. Na união espiritual do lar, sempre haverá lugar para Deus operar
e agir, abençoando a todos (Sl 133.1,3).
2. Santifica e protege a família. Ouvimos
todos os dias notícias estarrecedoras sobre tragédias familiares. Como se não
bastasse, aumenta, a cada ano, o número de divórcios em todo o mundo. E o que
dizer das drogas e da prostituição infantil que vitimam milhões de crianças
oriundas de lares desestruturados? Mas quando nos unimos para buscar a face do
Senhor, através da devoção doméstica, Satanás não encontra espaço para destruir
nossos filhos. A família que verdadeiramente serve ao Senhor não será abalada,
pois o Senhor santifica-a e a guarda (Ef 6.16-18).
3. Torna a família piedosa. Vemos
que, em Israel, era comum a família adorar ao Senhor por ocasião da Páscoa (Êx
12.14). É gratificante e profundamente saudável a adoração a Deus em família:
“Nas tendas dos justos há voz de júbilo e de salvação; a destra do Senhor faz
proezas” (Sl 118.15).
Pais e filhos orando, lendo a Bíblia
e cantando alegremente, no lar, produzem uma atmosfera espiritual de grande
valor perante Deus, a Igreja e a sociedade.
CONCLUSÃO
O culto doméstico precisa ser
urgentemente resgatado, pois o mundo quer impor sobre nossas famílias condutas
totalmente contrárias às recomendadas pelas Sagradas Escrituras. Se ensinarmos
os preceitos do Senhor aos nossos filhos, eles jamais serão tragados por este
século, cujo príncipe é o Diabo. Quando a família é alicerçada na Palavra de
Deus, a igreja local é fortalecida e a sociedade, como um todo, é beneficiada.
Enfim, todos somos abençoados. Não perca tempo, inicie hoje mesmo o culto
doméstico e Jesus jamais deixará o seu lar.
“Eunice
Este nome, que quer dizer
‘vitoriosa’, aparece somente uma vez na Bíblia (2Tm 1.5). Eunice era a mãe de
Timóteo, e isso lhe confere certa importância. Ela, e sua mãe Lóide são
descritas como mulheres de fé genuína no Senhor, e tinham, aparentemente, incentivado
uma fé semelhante na vida do jovem Timóteo. Eunice era uma judia devota, casada
com um grego. É improvável que fosse uma fiel cristã antes da primeira visita
de Paulo a Derbe e listra, onde vivia, mas tinha evidentemente ensinado, de
maneira completa, as Escrituras do Antigo Testamento a Timóteo (2Tm 3.15)
[...]” (Dicionário Bíblico Wycliffe. CPAD,
2009, p.710).
“[...] Lóide
Avó de Timóteo e, sem dúvida, mãe de
Eunice, a mãe de Timóteo. Ela é mencionada apenas uma vez (2Tm 1.5).
Aparentemente, a família vivia em Listra, onde Paulo foi apedrejado. Lóide
possuía uma fé sincera em Deus, à qual juntaram-se Eunice e Timóteo, embora o
marido de Eunice fosse grego e, evidentemente, um homem descrente (At 16.1).
Parece bem provável que ela tenha sido uma judia religiosa antes da primeira
visita de Paulo a Derbe e listra e que ela, sua filha e seu neto se converteram
ao cristianismo por causa do ministério de Paulo. Talvez as circunstâncias que
cercaram o apedrejamento de Paulo e sua recuperação tenham contribuído para
essa conversão” (PFEIFFER, C. F.; VOS, H. F.; REA, J. (Eds.). Dicionário Bíblico Wycliffe. 1
ed., RJ: CPAD, 2009, pp.1176-77).
A Necessidade e a Urgência do Culto
Doméstico
A nossa devoção ao Senhor não pode
ser resumida à adoração no santuário onde nos congregamos com outras famílias e
amigos, em nossa localidade ou outro ambiente escolhido por nós. Ela deve ser
estendida ao nosso lar e, com frequência, para que a nossa comunhão com o
Senhor seja ampliada também para o nosso lar.
O culto doméstico é um culto
realizado por uma família, dentro do lar, reunidos os membros e outras pessoas
que desejam dele participar. Nele, são entoados cânticos ao Senhor, lida e
explicada a Palavra de Deus, e solidificada a comunhão familiar e cristã.
O culto doméstico e a transmissão da
Palavra de Deus no ambiente familiar têm a sua base em Deuteronômio 11.19: “E
ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentado em tua casa, e andando pelo
caminho, e deitando-te, e levantando-te”.
É curioso observar como Deus trata de
momentos familiares e da influência da difusão de sua Palavra em cada um deles.
A ordem do Senhor era que seus testemunhos fossem ensinados no lar: “assentado
em sua casa”, em uma posição de conforto e de amor; “e andando pelo caminho”,
pois a vivência da família não se resume ao lar, mas a outros ambientes fora da
casa onde residem; “e deitando-te”, no momento de descansarem de um dia repleto
de atividades, em que deveria lembrar-se de agradecer ao Senhor pelo dia que
tiveram; “e levantando-te”, no momento em que começa o dia, Deus deveria ser
lembrado por toda a família, e a Ele deveriam agradecer pela noite de descanso
que tiveram. Portanto, a hora de ensinar a Palavra de Deus e de falar dela é em
qualquer momento, tanto fora do lar quanto dentro dele.
A Bíblia nos mostra que há frutos
colhidos quando a Palavra de Deus é ensinada no lar. Timóteo, jovem que foi
pastor na Igreja em Éfeso, veio de um lar cujo casamento foi considerado misto.
Seu pai era grego e sua mãe, judia. Ainda assim, Timóteo foi ensinado na
Palavra de Deus. Isso deve servir de advertência aos pais: Um menino criado em
um lar dividido tornou-se missionário e depois pastor.
Em que estão se tornando nossos
filhos? Que direção estamos dando a nossos filhos no tocante à fé? Será que
eles, neste momento, ressalvando evidentemente os fatores idade e maturidade,
estão sendo conduzidos de forma a pensar até mesmo em serem integrantes do
santo ministério no futuro? Ou eles veem com desprezo o ministério e a fé
cristã? Vejamos, portanto, com cuidado, a forma como temos conduzido nossos
filhos, para que não os percamos para o mundo.
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